terça-feira, 2 de setembro de 2014

Sódio faz mal à saúde?




Essa é unanimidade: sódio (sal) em “excesso” faz mal à saúde.

Será mesmo?

Vamos entender um pouco melhor a influência que o sal, o sódio e outros nutrientes possuem sobre a nossa saúde — especialmente a saúde cardiovascular.


Sal e sódio: importância e aplicações

O sal nada mais é que um composto formado por duas substâncias: sódio (Na) e cloreto (Cl). Por esse motivo, o sal também é chamado de cloreto de sódio (NaCl). Quando ingerido e metabolizado, o sal é naturalmente “separado” em nosso organismo, com os íons sódio e cloreto circulando de forma relativamente livre e independente no sangue.

Em suas formas livres, tanto o sódio como o cloreto são íons, ou seja, partículas com algum tipo de carga (positiva ou negativa). O sódio possui carga positiva, por isso é comum encontrar a grafia Na+. O cloreto, por sua vez, tem carga negativa, e é por esse motivo que podemos nos referir a ele como Cl-. As cargas positiva e negativa do sódio e do cloreto, respectivamente, fazem com que eles sejam capazes de regular inúmeros processos no nosso corpo, principalmente a quantidade fluidos dentro e fora de cada uma de nossas células. E é exatamente por isso, entre outros motivos mais específicos, que esses nutrientes — juntos com potássio, cálcio, magnésio etc. — são tão importantes para nossa saúde.

Além disso, como bem sabemos, o cloreto de sódio é amplamente utilizado na culinária, como forma de melhorar ou realçar o sabor dos mais diversos tipos de alimentos e preparações. E não apenas em alimentos naturalmente “salgados”, tendo em vista que até mesmo preparações doces muitas vezes utilizam o sal para dar um toque especial. Além disso, o sal ainda é amplamente utilizado na conservação de alguns produtos, como peixes e alguns alimentos fermentados. Culturalmente, quase todas as populações no mundo usam o sal em sua culinária.


Recomendações de sal e sódio

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que a ingestão de sódio seja inferior a 2000 mg/dia [1]. Isso equivale a 5 g/dia de sal. O cálculo é feito da seguinte forma: do peso total do cloreto de sódio (NaCl), 40% corresponde ao sódio e 60% corresponde ao cloreto; assim, quando calculamos 40% dos 5 g de sal, obtemos o valor de 2 g (ou 2000 mg) de sódio.

O Ministério da Saúde, aqui no Brasil, segue exatamente as recomendações da OMS: até 5 g/dia de sal (2000 mg de sódio) [2]. Essa quantidade corresponde, em medida caseira, a apenas 1 colher rasa de chá (um pouco maior que aquela menorzinha, a colher de café). Dá pra ver que é realmente uma quantidade bem pequena. De qualquer maneira, estima-se que a população brasileira ingere uma média de 9,6 g/dia de sal, ou seja, o dobro do que é atualmente recomendado [2].

Mas qual seria o impacto desse consumo “elevado” de sal?


Sódio e pressão arterial

Nesse tópico não há muita controvérsia. A redução no consumo de sal realmente parece diminuir a pressão arterial, tanto em indivíduos hipertensos (pressão arterial elevada) como em indivíduos com níveis normais de pressão [3]. E não é uma mera associação, e sim uma relação de causa e efeito: menos sódio = menor pressão arterial.

Ao mesmo tempo, sabe-se que existe uma relação entre maiores níveis de pressão arterial de a ocorrência de problemas cardiovasculares [4]. E é exatamente aí que mora o problema. Essa relação é apenas uma associação que os estudos observacionais mostram. Não é possível concluir, a partir de estudos observacionais, que existe uma relação de causa e efeito.

Além disso, duas ressalvas importantes devem ser feitas:

1) Apesar da redução no consumo de sódio diminuir a pressão arterial em indivíduos com ou sem hipertensão [3], indivíduos com pressão arterial normal não passam a apresentar hipertensão simplesmente por aumentarem o consumo de sódio na dieta [5]. Isso que dizer o seguinte: pessoas aparentemente saudáveis, e que apresentam pressão arterial normal (dentro dos valores de referência), apresentam sim uma leve queda na pressão quando reduzem o sódio na dieta; entretanto, quando aumentam a ingestão de sal, a pressão arterial desses mesmos indivíduos saudáveis pode até aumentar um pouco, mas não passam dos limites de referência.

2) A despeito da relação existente entre maiores níveis de pressão arterial e a ocorrência de problemas cardiovasculares, estudos mostram que a redução na pressão arterial parece não reduzir o risco de mortalidade por doenças cardiovasculares [6]. E isso provavelmente é verdade porque inúmeros são os fatores que contribuem para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Ou seja, é tanta coisa envolvida que, em muitos casos, modular a pressão arterial nem sempre resultará em diminuição no risco desse tipo de patologia.

Considerando esses dois aspectos, não é possível afirmar que a redução da pressão arterial, através do menor consumo de sódio da dieta, seria uma estratégia realmente efetiva para a prevenção de problemas cardiovasculares — inclusive em indivíduos que já possuem hipertensão.


Sódio, doenças cardiovasculares e mortalidade

Diversos estudos de revisão e meta-análise têm constatado que a redução no consumo de sódio, justamente nas quantidades recomendadas pela OMS (até 2000 mg/dia), parece não conferir qualquer benefício na saúde dos pacientes [7,8,9,10,11]. Além de não conferir efeitos positivos, a ingestão reduzida de sódio na dieta tem sido demonstrada — em diversos estudos recentes — como fator de risco para a ocorrência de eventos e mortalidade por doenças cardiovasculares, além de aumentar também o risco de mortalidade por todas as causas [7,12,13,14,15].

É importante mencionar que o consumo excessivo de sódio, acima de 4800 mg/dia (12 g/dia de sal), também aumenta o risco de mortalidade por doenças cardiovasculares. Ou seja, quando o sódio está em excesso de verdade, ele certamente também não é bom. Entretanto, o consumo de sal entre 5 e 10 g/dia (2000 a 4000 mg/dia de sódio) — apesar de ser acima do recomendado pela OMS — foi o consumo que se mostrou mais protetor contra o risco de mortalidade nos estudos citados anteriormente.

Lembra que o sal, além do sódio, é composto também por cloreto? Pois é, um outro estudo recente verificou que a baixa concentração de cloreto no sangue de pacientes hipertensos também aumenta o risco de mortalidade [16]. A menor quantidade de cloreto no sangue desses indivíduos provavelmente reflete a menor ingestão de sal pela dieta. Assim, mais uma vez, a redução no consumo de sal (sódio e cloreto) foi associada ao maior risco de mortalidade.


Sódio, potássio e magnésio

A relação do sódio com a saúde, especialmente a saúde cardiovascular, vai além. Muitas vezes esquecemos o papel que outros nutrientes e compostos da dieta podem exercer nessa história.

Um dos principais aliados da saúde cardiovascular é o potássio. Diversos estudos vêm demonstrando que o balanço entre o consumo de sódio e potássio é muito mais importante do que avaliar apenas a ingestão de sódio ou sal [17,18,19,20,21]. Isso acontece porque o sódio e o potássio atuam em sinergia no nosso corpo, e o desbalanço entre eles é o que provavelmente leva a problemas no equilíbrio das nossas funções fisiológicas.

Nesse contexto, é justamente a menor ingestão de potássio, devido ao baixo consumo de frutas e hortaliças em nossa população, que provavelmente contribui para que o sódio seja constantemente associado a diversos problemas de saúde, especialmente às doenças do sistema cardiovascular.

Além disso, outros nutrientes também podem estar relacionados nesse cenário. Recentemente, um estudo de revisão e meta-análise, que avaliou diversas outras pesquisas anteriores, concluiu que tanto a concentração sanguínea como a ingestão dietética de magnésio estão associados ao risco de doenças cardiovasculares [22]. E as conclusões são sempre as mesmas, também em outros estudos: quanto mais magnésio, menor o risco [23]. Assim, considerando que o consumo de magnésio é muitas vezes extremamente baixo — até mesmo naquelas pessoas que possuem uma alimentação saudável —, é muito importante ficar atento a esse nutriente.


Considerações finais

É muito provável que a associação encontrada, em alguns estudos, entre o elevado consumo de sódio e o risco de saúde seja, na verdade, reflexo do elevado consumo de produtos industrializados e processados. A alta disponibilidade de produtos desse tipo “naturalmente” leva a população a consumi-los, e como normalmente são muito ricos em sódio, é possível que os crescentes problemas crônicos de saúde associados ao consumo de sódio sejam decorrentes da ingestão aumentada de produtos industrializados — os quais contêm elevada quantidade de substâncias químicas e sintéticas adicionadas a eles. Considerando as evidências mencionadas anteriormente, é bem possível que essa seja a verdadeira associação e que, talvez, o sódio em si realmente pouco ou nada tem a ver com malefícios à saúde cardiovascular.

Isso não quer dizer que você deve comer sal até não aguentar mais, mas sim que a preocupação com o sódio parece ser exagerada. A verdade é que comendo comida de verdade, incluindo muitas frutas e hortaliças — e evitando ao máximo o consumo de produtos industrializados e processados —, é muito provável que o indivíduo não precise se preocupar com a ingestão de sódio e possa adicionar sal a gosto em suas preparações. Naturalmente o consumo de sódio vai tender a estar em equilíbrio com o consumo de potássio (e magnésio), o que, como mencionado antes, parece ser muito mais importante para a saúde.

No geral, sal e sódio não representam um problema.


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Posts relacionados:





Referências

1. World Health Organization. Guideline: sodium intake for adults and children. Geneva, 2012.

2. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Guia alimentar para a população brasileira: promovendo a alimentação saudável. Brasília: Ministério da Saúde, 2008. 210 p.

3. Graudal NA, et al. Effects of low sodium diet versus high sodium diet on blood pressure, renin, aldosterone, catecholamines, cholesterol, and triglyceride. Cochrane Database Syst Rev. 2011;(11):CD004022.

4. Kokubo Y, Kamide K. High-normal blood pressure and the risk of cardiovascular disease. Circ J. 2009;73(8):1381-5.

5. Stolarz-Skrzypek K, et al. Blood pressure, cardiovascular outcomes and sodium intake, a critical review of the evidence. Acta Clin Belg. 2012;67(6):403-10.

6. Lv J, et al. Effects of intensive blood pressure lowering on cardiovascular and renal outcomes: a systematic review and meta-analysis. PLoS Med. 2012;9(8):e1001293.

7. O’Donnell MJ, et al. Urinary sodium and potassium excretion and risk of cardiovascular events. JAMA. 2011;306(20):2229-38.

8. Institute of Medicine. Sodium intake in populations: assessment of evidence. Washington, DC: The National Academies Press, 2013.

9. Mitka M. IOM report: evidence fails to support guidelines for dietary salt reduction. JAMA. 2013;309(24):2535-6.

10. World Health Organization. Reducing sodium intake to reduce blood pressure and risk of cardiovascular diseases in adults. Geneva, 2014.

11. Taylor RS, et al. Reduced dietary salt for the prevention of cardiovascular disease. Cochrane Database Syst Rev. 2011;(7):CD009217.

12. Ekinci EI, et al. Dietary salt intake and mortality in patients with type 2 diabetes. Diabetes Care. 2011;34(3):703-9.

13. Stolarz-Skrzypek K, et al. Fatal and nonfatal outcomes, incidence of hypertension, and blood pressure changes in relation to urinary sodium excretion. JAMA. 2011;305(17):1777-85.

14. Graudal N, et al. Compared with usual sodium intake, low- and excessive-sodium diets are associated with increased mortality: a meta-analysis. Am J Hypertens. 2014 Sep;27(9):1129-37.

15. O’Donnell M, et al. Urinary sodium and potassium excretion, mortality, and cardiovascular events. N Engl J Med. 2014;371(7):612-23.

16. McCallum L, et al. Serum chloride is an independent predictor of mortality in hypertensive patients. Hypertension. 2013;62(5):836-43.

17. Morris RC Jr, et al. Relationship and interaction between sodium and potassium. J Am Coll Nutr. 2006;25(3 Suppl):262S-270S.

18. Houston MC, Harper KJ. Potassium, magnesium, and calcium: their role in both the cause and treatment of hypertension. J Clin Hypertens. 2008;10(7 Suppl 2):3-11.

19. Aburto NJ, et al. Effect of increased potassium intake on cardiovascular risk factors and disease: systematic review and meta-analyses. BMJ. 2013;346:f1378.

20. Koliaki C, Katsilambros N. Dietary sodium, potassium, and alcohol: key players in the pathophysiology, prevention, and treatment of human hypertension. Nutr Rev. 2013;71(6):402-11.

21. Weaver CM. Potassium and health. Adv Nutr. 2013;4(3):368S-77S.

22. Del Gobbo LC, et al. Circulating and dietary magnesium and risk of cardiovascular disease: a systematic review and meta-analysis of prospective studies. Am J Clin Nutr. 2013;98(1):160-73.

23. Joosten MM, et al. Urinary and plasma magnesium and risk of ischemic heart disease. Am J Clin Nutr. 2013;97(6):1299-306.



101 comentários:

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    1. Olá, Adelaide.

      Como deixo claro na aba de Contato, comentários unicamente depreciativos serão sempre excluídos.

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  2. Olá João Gabriel Marques, já que está falando em sal e não vi mencionado junto ao seu texto, qual sua opinião sobre o Sal Rosa do Himalaia? Obrigado.

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    1. Olá, Jack.

      Primeiramente, obrigado pela leitura. O principal motivo que a maioria das pessoas troca o sal comum pelo sal rosa é o valor nutricional. Ou seja, muita gente fala que você poderia obter uma quantidade muito mais significativa de outros minerais, já que o sal rosa não é refinado.

      Os dados a seguir dizem respeito ao teor de alguns minerais encontrados em 10 g sal rosa (que é um consumo relativamente difícil de chegar quando você não ingere produtos industrializados e processados). Em parênteses, coloquei a recomendação de ingestão para cada um desses minerais:

      Cálcio - 16 mg (1000 mg) = 1,6% das recomendações
      Potássio - 28 mg (4600 mg) = 0,6% das recomendações
      Magnésio - 11 mg (420 mg) = 2,6% das recomendações
      Ferro - 0,4 mg (8 mg) = 5% das recomendações
      Zinco - 0,04 mg (11 mg) = 0,4% das recomendações

      Os dados foram retirados desse estudo:
      http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1745-459X.2010.00317.x/abstract

      O mineral mais concentrado no sal rosa, relativo às recomendações, é o ferro. Mesmo assim, a ingestão de 10 g/dia de sal rosa garantiria apenas 5% das recomendações de ferro, e ainda menos dos demais minerais. Por isso, o argumento de que o sal rosa, assim como outros sais não refinados, são boas fontes de outros nutrientes, não é muito convincente (pra dizer o mínimo).

      O que muita gente não fala, e não sabe, é que o sal refinado tem um aditivo chamado dióxido de silício. Esse aditivo é um antiumectante, ou seja, é utilizado para prevenir que o sal acumule umidade e, por isso, forme grumos. Assim como os aditivos em geral, existe a possibilidade de que o dióxido de silício faça algum mal à saúde. Porém, ela é uma substância muito pouco estuda, e por isso não é possível encontrar nada na literatura científica de possíveis efeitos adversos do consumo desse produto.

      Então, pra concluir, não faz sentido pensar no sal rosa como uma fonte considerável de outros nutrientes, porque ele não é. Por outro lado, se você quiser se prevenir contra potenciais efeitos nocivos que o dióxido de silício possa ter na saúde humana, o sal rosa pode ser sim interessante.

      Uma última ressalva: se trocar o sal comum pelo sal rosa, arrume um jeito de monitorar e consumir boas quantidades de iodo. Seja através de frutos do mar (principal fonte alimentar) ou de suplementos. Como o sal refinado é a única fonte considerável de iodo que a grande maioria de pessoas no Brasil e no mundo tem (fortificação obrigatória no Brasil e em vários outros países), retirá-lo por completo da alimentação não é uma boa ideia -- a não ser que você obtenha o iodo de outra fonte. De qualquer maneira, recomendo consultar um profissional de saúde verdadeiramente competente.

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  3. Você explanou muito bem e o artigo ficou excelente. Concordo em gênero, número e grau. A resposta sobre o sal rosa do himalaia, ficou a desejar, pois não há como comparar um sal refinado com um integral, mesmo que ele não tenha o I que deveria ter. Foi bom saber sobre o dióxido de silício. Mais uma razão pra que eu continue evitado o sal refinado. Sim, acredito que consumir alimentos ricos em potássio, é algo positivo no sentido de contrabalancear o excesso de sódio e a repercussão disso no balanço geral da saúde. Obrigado!

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    1. Olá, Gil.

      Até onde sei, não há nada de mais no sal rosa do Himalaia que o torne superior ao sal refinado. O principal argumento utilizado, que é justamente a maior concentração de minerais é irrelevante para a saúde humana, uma vez que representa muito pouco da necessidade desses nutrientes.

      Considerando isso, gostaria muito de saber por que "não há como comparar um sal refinado a um integral"? O que então torna o sal rosa superior ao sal refinado? O alimento refinado, seja ele qual for, só poder considerado inferior nutricionalmente se você realmente conseguir apontar razões concretas para isso. Falar que integral é sempre melhor que refinado simplesmente porque é integral não é um argumento. Portanto, agradeceria se você pudesse expor, a mim e aos leitores, o que torna o sal rosa superior ao refinado.

      Obrigado pela leitura!

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    2. o gosto do sal do himalaia o torna superior para a grande maioria das pessoas

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  4. Em primeiro lugar, parabéns pelo texto e pelo blog, muito informativo e informação de qualidade.
    Uma dúvida:
    O alto consumo de sódio está relacionado a uma maior retenção de líquidos? Ou essa retenção se deve a um desbalanço (um dia da semana o consumo de sódio é muito maior, por exemplo)?
    Obrigado.

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    1. Olá! Eu que agradeço a leitura e os elogios!

      Apesar de ser plausível a hipótese de que o maior consumo de sódio aumentar a retenção de água no corpo, não há evidências científicas que de fato mostrem isso em pessoas saudáveis. Entretanto, em indivíduos com a função dos rins minimamente comprometida, como na síndrome metabólica ou no diabetes tipo 2, pode haver sim uma retenção de líquidos com o maior consumo de sódio, uma vez que, entre outros fatores, os rins perdem parte da capacidade de excretar a água e o sódio.

      Em pessoas sem problemas renais, o fator que mais provavelmente influencia a retenção de água e sódio é a ingestão de carboidratos. A insulina é um hormônio que promove a reabsorção de sódio nos rins, fazendo com que menos desse mineral seja excretado. Assim, considerando que os carboidratos são o principal nutriente a induzir a secreção de insulina, o maior consumo deles pode favorecer a retenção hídrica, principalmente se a pessoa já tiver certo grau de sobrepeso ou resistência à insulina.

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  5. Você diz que no sal rosa do himalaia "a maior concentração de minerais é irrelevante para a saúde humana, uma vez que representa muito pouco da necessidade desses nutrientes" e que no sal refinado "existe a possibilidade de que o dióxido de silício faça algum mal à saúde". Pois bem, estes dois motivos que você mesmo cita já são o suficiente pra eu optar pelo sal rosa.

    Todo mundo que sabe sobre nutrição, inclusive você, tem conhecimento que qualquer produto refinado e industrializado tem um teor menor de nutrientes que a versão integral e que eles, os refinados, estão cheio de conservantes, aromatizantes e "n" substâncias de caráter bem duvidoso ou até maléfico.

    Desculpe-me, mas tudo o que entra na minha boca, atualmente, tem que ser natural, integral, orgânico e por isto mesmo não pode ser industrializado, refinado, adulterado em sua composição com produtos químicos duvidosos e que só beneficiam o fabricante. Idem, não pode ser transgênico ou com agrotóxicos e precisa estar livre de gordura trans, glúten, leite e adição desnecessária de açúcar. Outra: comida minha não fica dentro de recipientes de plástico. Foi tirando tais coisas de minha dieta que emagreci 18 quilos e recuperei minha saúde que estava indo pelo ralo e com mais de um dúzia de mazelas que iam me levar a óbito com apenas 54 anos. Dia 12.12.2015, completarei 3 anos em fase de franca recuperação. Quais destas medidas foram as mais importantes na minha recuperação? Não sei, acredito que, provavelmente, o conjunto. Não menosprezo a minha diminuição do sal ou a troca do sal refinado pelo o tal rosa do himalaia.

    Você deve ter estudos e estes, de fato, são necessários e até alimentam bem a necessidade intelectual do ser humano. Porém, eu prefiro as evidências obtidas da minha própria experiência pessoal. Continuo lendo seu blog. Em muitas coisas ele me refina e só desse "refinamento" eu gosto. Obrigado!

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    1. Ok, você tem todo direito de optar pelo sal rosa. Entretanto, nenhum desses argumentos faz com que o sal refinado seja pior. A questão nutricional não tem nem o que discutir, porque as diferenças entre minerais são irrelevantes. Em relação ao dióxido de silício, não existem evidências mostrando efeitos negativos na saúde; ao mesmo tempo em que existe a possibilidade de causar problemas (por ser um aditivo), na verdade a maior probabilidade é que o efeito sobre a saúde seja nulo.

      Assim, nenhum desses dois argumentos é suficiente para mostrar a superioridade do sal rosa. Qualquer pessoa tem o direito de escolher o sal que quiser, mas esses argumentos deveriam ser usados como justificativa.

      Concordo plenamente que a experiência individual é o melhor exemplo do que pode ser o ideal para a pessoa. Se o que você está fazendo funciona para você, ótimo! Melhor ainda quando não temos dúvidas de que tais práticas não carregam risco, como as que você mesmo mencionou.

      Uma coisa é "dar certo" e tiver um risco inerente, como o uso de hCG relatado por dezenas de pessoas aqui mesmo no blog. A pessoa pode optar por não querer enxergar o risco, mas ele existe. Por outro lado, como no seu caso, são modificações de alimentação e estilo de vida que não carregam risco, e por isso são louváveis. Por esse pensamente, faz sentido sim optar por excluir o sal refinado. O risco é mínimo, e menor ainda nas pessoas, como você, que fazem todo (ou quase todo) o resto certo.

      Eu que agradeço os comentários de alto nível!

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  6. Dióxido de silício não seria... areia?

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    1. Olá, Flávio.

      O dióxido de silício não é a areia propriamente dita, apesar de ser o seu principal componente. Independente disso, não importa tanto o que o dióxido de silício é, mas sim o que sua ingestão pode acarretar.

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    2. Sim. Mas será que a ingestão de quantidades ínfimas de SiO2 pode ter algum efeito negativo sobre nossa saúde?

      Nunca li estudo nenhum nesse sentido, mas, Sinceramente, duvido muito. Olhando pela óptica da evolução, nossos ancestrais se alimentavam de tubérculos e raízes que traziam consigo terra e areia em quantidades bem maiores do que as que estão presentes em algumas pitadas de sal de cozinha.

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    3. Concordo plenamente. E esse argumento que você utilizou sobre a ingestão de terra e areia junto com os alimentos é bem interessante.

      Por isso escrevi o seguinte (em um comentário mais acima) sobre o dióxido de silício como aditivo: "na verdade a maior probabilidade é que o efeito sobre a saúde seja nulo".

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  7. Olá, amado, ótimo post! há pessoas que são alérgicas ao iodo?

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    1. Olá, Renan.

      Algumas pessoas podem até ter algum tipo de reação ao iodo, mas não uma alergia. Aminoácidos, que são os componentes básicos das proteínas, são necessários para desencadear uma reação alérgica.

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  8. Olá
    qual sal você utiliza?
    Sal Rosa é marketing, ou de fato tem benefícios?

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    1. Olá.

      Eu uso o sal comum mesmo.

      Vou resumir o que penso sobre o sal rosa: muito marketing e provavelmente nenhum benefício em relação ao sal comum. Porém, pra uma resposta mais detalhada sobre o sal rosa, dê uma passada aqui no blog nas próximas semanas porque em breve terá um novo texto justamente sobre o ele!

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    2. Ok. Pois eu li num instagram de um profissional de nutrição que ele disse que o refinado tem muito sódio e alguns químicos adicionados para o refinamento. Que o ideal seria o integral, ou o próprio sal grosso.

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    3. Comentarei tudo isso no texto, e daí você vai ter um pouco mais de informações para tomar sua própria decisão!

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  9. Queria entender melhor porque os fisiculturistas condenam tanto o uso de sódio, e qual o mal do sódio para quem está em dieta para emagrecer. Vc poderia me ajudar esclarecendo minhas duvidas? Thanks!

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    1. Olá, Paty.

      A condenação do sal, nesse tipo de situação, se deve à suposição de que o "excesso" de sódio causa retenção hídrica. Por isso, se você comer "muito" sal, no caso das pessoas em geral, vai atrapalhar o ponteiro da balança a descer. Já para os fisiculturistas, acredito que a questão mais importante que eles levam em consideração é a definição muscular; se você consumir "muito" sal, ocorreria um acúmulo de líquidos que levariam a uma menor definição.

      Porém, esse é um assunto que vai bem além do que as pessoas acreditam. Como é um tema complexo, não dá pra entrar em tantos detalhes só nesse comentário, mas posso dizer o seguinte: a retenção que ocorre com o consumo de sódio provavelmente é muito menor do que muita gente acredita (ou até mesmo inexistente).

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  10. Existe algum prejuízo em ingerir lactose sem ter intolerância?
    e as proteínas do leite fazem bem? só alérgicos devem evitar?

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    1. Olá.

      Quem não tem intolerância à lactose não precisa evitá-la:

      http://cienciadanutricao.blogspot.com.br/2014/09/pior-que-o-gluten-so-lactose.html

      E sim, existem algumas evidências de que as proteínas do leite, mais especificamente os peptídeos oriundos de sua digestão, podem ser exercer alguns benefícios. Só pessoas com alergias, ou com algum tipo de sensibilidade realmente relacionada ao consumo das proteínas do leite, precisam restringir o seu consumo.

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  11. Dr, boa noite!
    Primeiramente, parabéns pelos ótimos textos que compartilha conosco!

    Tenho uma dúvida:
    Tenho um filho de 7 meses. Sempre ouvi que não podemos salgar comida de criança, principalmente antes do primeiro ano, mas nunca ouvi ou li os motivos para tal. Poderia me ajudar? Realmente existe algum problema em salgar a comida de bebês?
    Obrigado.

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    1. Olá, João!

      No que diz respeito à saúde, não existe nenhum motivo real para não salgar a comida de bebês.

      Por outro lado, uma vantagem de evitar o uso de sal é que a criança, com a ingestão dos alimentos na forma mais "natural" possível, pode se acostumar e apreciar melhor o verdadeiro sabor da comida.

      Mas, por exemplo, se o uso de sal for um facilitar da ingestão de outros alimentos específicos, aumentando o consumo de opções que são saudáveis e que podem expandir o paladar do bebê, não tem por que deixar de usar pelo menos um pouco de sal.

      Obrigado pela leitura!

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    2. Entendi.
      Muito obrigado pela atenção!

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  12. olá predendo falar sobre o excesso de sódio usados pelas empreses alimentícias, vc por um acaso teria algum material de pesquisa?

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    1. Olá.

      Infelizmente não tenho material específico sobre a relação entre sódio e indústria alimentícia.

      Porém, talvez você encontre informações interessantes no livro "Sal, Açúcar, Gordura", que foi recentemente traduzido para o português. Ele explora como a indústria utiliza esses ingredientes para fazer os seus produtos.

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  13. Olá. Bom dia. Sou Juliana, 42 anos, moro no Rio de Janeiro
    Desde 2014 uso sal rosa do Himalaia que minha nutricionista indicou dizendo que reduz a pressão. Então ela mentiu?

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    1. Olá, Juliana.

      Eu não diria que ela mentiu, principalmente porque imagino que ela acredita (ou pelo menos acreditava) nessa informação quando ela te orientou. Mas, pelo que os estudos indicam, ela passou uma informação que não pode ser considerada como correta. Só que isso é de certa forma compreensível, uma vez que o que mais temos por aí são informações questionáveis (ou incorretas) sobre os mais diversos assuntos na nutrição.

      De qualquer maneira, a questão mais importante, na minha opinião, não é nem se o sal rosa do Himalaia é capaz de reduzir a pressão arterial quando comparado ao sal refinado, mas sim: "A redução de pressão pelo menor consumo de sal (ou pela troca de sais) traz algum benefício à saúde?". Os estudos, como mostrei em dois textos dessa série sobre sal e sódio, mostram que esses benefícios aparentemente não existem.

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  14. Olá Gabriel
    Parabéns pelo (Texto/Informações de tão grande importância).
    Suas respostas científicas e objetivas, orienta a mim e acredito que aos demais leitores, para a importância do Sal em nossa saúde, porém obrigada pela contribuição de sua parte pela melhoria da saúde populacional/humana de nosso país.

    Continue compartilhando os seus conhecimentos.
    Felicidades Abraços

    Aparecida

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    1. Aparecida, agradeço pelo seu comentário e pela sua leitura. Muito obrigado!

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  15. NÃO CONSIGO GOSTAR E CONSEGUIR COMER ALIMENTO COM EXCESSO DE SAL. OS ALIMENTO PERDE TODO O SEU SABOR NATURAL. FICA AMARGO E SEM SABOR. FICA ARDENDO NO ESTOMAGO.
    PARA MEU GOSTO O SAL NOS ALIMENTOS É DESNECESSÁRIO .
    JUAREZ- 15/10/16 - PoA-RS

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  16. OI ESTOU TE ACOMPANHANDO E ESTOU AMANDO O BLOG!

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  17. Boa noite, João Gabriel Marques.
    Não uso sal refinado, uso sal marinho integral.
    Corro risco de deficiência de iodo?
    Segundo meu nutricionista o sal integral já tem iodo naturalmente, e com o processo de refinamento é retirado e depois acrescentado como se já não houvesse antes.

    Obrigado. Luis Claudio

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    1. Olá, Luis.

      Existem poucas informações sobre a quantidade de iodo no sal marinho. A que usei como base para escrever o texto "A ilusão do sal rosa do Himalaia", por exemplo, diz que a concentração média de iodo no sal marinho é de 1,5 ppm, o que equivale a 10x menos que a quantidade mínima que deve estar presente no sal refinado:

      http://cienciadanutricao.blogspot.com.br/2016/02/a-ilusao-do-sal-rosa-do-himalaia.html

      Com essa quantidade de iodo, a chance de haver um quadro de insuficiência aumenta. Como a necessidade individual de cada pessoa pode variar bastante, não tem como dizer com muita precisão se, para você, o risco é elevado ou não.

      Mas você deve ter em mente que a quantidade de iodo presente no sal refinado é suficiente, em média, para satisfazer as necessidades básicas do ser humano. Ou seja, qualquer concentração inferior à do sal refinado pode não ser suficiente para muitas (até a maioria) das pessoas.

      Para não depender da "sorte", você pode:

      1) Usar o sal refinado.

      2) Suplementar com iodo.

      3) Consumir alimentos ricos em iodo, como algas e frutos do mar.

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    2. Obrigado por responder.
      Pergunto: quais são os sintomas de deficiência de iodo, e qual a melhor maneira de suplementar? Iodo quelado?
      Luis Claudio.

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    3. Os maiores problemas causados pela deficiência de iodo estão relacionados ao desenvolvimento do sistema nervoso, e por isso as crianças são uma população que merecem maior atenção. Os adultos estão mais "seguros" de consequências complicadas, e os principais sinais de deficiência são hipotireoidismo e bócio. Mas esses quadros demoram para acontecer, e precisam de uma deficiência relativamente grande de iodo.

      O grande problema é a insuficiência, e não deficiência. Nesse caso, sinais e sintomas específicos não são comuns, e por isso a insuficiência de iodo não é fácil de ser detectada. Mas o iodo, por ser um substrato para a produção dos hormônios da tireoide, está relacionado a muitos e muitos processos no corpo. Assim, sua insuficiência pode afetar muita coisa, embora de maneira inespecífica e "silenciosa". O hipotireoidismo às vezes acontece pela insuficiência de iodo, mas nem sempre.

      O iodo nas formas orgânica e inorgânica possuem um aproveitamento semelhante pelo corpo. Iodo quelado é um exemplo de iodo orgânico, e iodeto de potásseio é um exemplo de iodo inorgânico.

      Existe também a solução de lugol. Eu particularmente prefiro as formas anteriores, que podem ser manipuladas e mais facilmente ajustadas para cada pessoa. O mesmo não é tão facilmente alcançado com o lugol, porque mesmo em quantidades pequenas ele ainda é muito concentrado em iodo. A verdade é que poucas pessoas provavelmente teriam problema com a maior concentração de iodo no lugol, mas também acredito que não tem por que "arriscar" uma ingestão mais elevada, na maioria dos casos.

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  18. Boa tarde
    Os estudos com sal que existem foram feitos com sal refinado ou sal integral?

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    1. Olá.

      Tanto os estudos que avaliam o consumo de sal das populações como os que testam o efeito da redução de sal sobre mortalidade e eventos cardiovasculares foram feitos com sal refinado.

      E isso natural, tendo em vista que indivíduos e populações, ao redor do mundo, consomem basicamente apenas o sal refinado.

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  19. Opa, tudo bom?
    Meu nome é Carlos Mansur.
    Minha dúvida não é pertinente a este post, mas como vi aqui todos perguntam de outros assuntos também.

    Um maior consumo de alimentos que geram resíduos ácidos, ou até mesmo que contenham ácidos, como refrigerante rico em ácido fosfórico, a longo prazo, pode gerar desmineralização óssea ou é um mito?

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    1. Olá, Carlos.

      É um mito. Escrevi uma série de três textos exatamente sobre esse assunto. Sua dúvida provavelmente será mais bem respondida nas partes 2 e 3:

      http://cienciadanutricao.blogspot.com.br/2015/03/o-mito-do-ph-alimentacao-e-capaz-de.html

      http://cienciadanutricao.blogspot.com.br/2015/03/o-mito-do-ph-alimentacao-e-capaz-de_24.html

      http://cienciadanutricao.blogspot.com.br/2015/04/o-mito-do-ph-alimentacao-e-capaz-de.html

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  20. Boa noite. Vc conhece uma nutricionista chamada Patricia Davidson Haiat?
    Ela indicou sai integral para uma amiga e estou pensando em passar com ela, o problema é o preço da consulta...

    Uma profissional que indica isso necessariamente é ruim???
    Fico confusa. Nutrição cada um fala uma coisa!!

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    1. Olá.

      Não conheço essa nutricionista. Não... só por ela ter feito uma recomendação "errada", ou com a qual você talvez discorde, não quer dizer que ela é uma profissional ruim.

      O que o paciente deve fazer é tentar entender por que a conduta X pode estar certa ou errada, e qual é o embasamento que existe por trás dessas informações. Por exemplo, se você leu meus textos e se convenceu de que a restrição de sal refinado não é necessária, e que o uso de sais integrais pode levar à insuficiência de iodo, você pode de repente não seguir por completo a conduta do seu nutricionista -- mesmo que concorde com todas as outras orientações desse profissional.

      No seu caso específico, você pode perguntar para sua amiga quais foram as outras recomendações que ela recebeu, ou como é a abordagem e a conduta da nutricionista que atendeu ela. A partir disso talvez seja possível decidir de maneira mais consciente se vale a pena uma consulta.

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  21. Boa tarde
    Existe beneficio maior no consumo de açúcar de coco, em comparação com açúcar refinado?

    Obrigada. Pedro

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    1. Olá, Pedro.

      É possível que sim, mas provavelmente nada demais. Como regra, quanto mais um alimento foi modificado, menor é o benefício que ele vai proporcionar. E, querendo ou não, qualquer açúcar é apenas uma pequena parte do alimento do qual ele foi extraído.

      Então uma sugestão para quem quer benefícios do açúcar de coco é consumir o coco todo, melhor ainda se for in natura. Porque o coco tem tudo que o alimento tem a oferecer. O açúcar de coco, por outro lado, deixa de conter a maior parte dos nutrientes.

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  22. Boa noite. João,
    Uma mulher de 75 anos, hipertensa controlada por medicamento. Deve fazer dieta hiposódica ou não há indicação?

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    1. Olá.

      Os estudos até hoje mostram que dietas hipossódicas não reduzem o risco de mortalidade ou eventos cardiovasculares, mesmo em pessoas com hipertensão.

      Assim, considerando a literatura científica, pode-se dizer que a restrição de sódio na alimentação não é necessária para a prevenção dos principais problemas relacionados ao aumento da pressão arterial, que são justamente as doenças cardiovasculares.

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  23. Dieta baixa em sal é importante.
    O sódio tem alta capacidade osmótica e retém água, que consequentemente gera uma maior pressão arterial.

    Mary Tabet. Nutrionista

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    1. Olá, Mary.

      Esse é o funcionamento fisiológico do sódio, tudo bem. Mas isso só é relevante se pelo menos duas condições forem atendidas:

      1) O aumento na pressão arterial deve ser grande e persistente, o que não é ocorre para muita gente (talvez a maioria).

      2) Esse aumento de pressão, caso aconteça, tem que levar a um maior risco de desenvolvimento de complicações cardiovasculares. Considerando a literatura científica, não tem como afirmar isso. Ao contrário: as evidências mostram que o consumo moderado ou até "elevado" de sal parece realmente não afetar o risco cardiovascular.

      Não podemos simplesmente ignorar a ciência e afirmar que uma "dieta baixa em sal é importante" sem considerar o que as evidências de fato mostram.

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  24. Boa noite João, sou Cláudia de Juiz de Fora-MG
    Preciso saber sua opinião a respeito dos adoçantes artificiais. Qual o melhor? eles podem causar distúrbio de insulina?
    É impressionante como tem divergência de informação nutricional...É muito difícil saber quem está certo
    Espero ansiosamente.

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    1. Olá, Cláudia.

      Esse assunto é bem complexo. Bem complexo mesmo. Por isso, até hoje nunca escrevi sobre adoçantes. E por isso eu não poderia sintetizar em apenas um comentário.

      O que eu posso dizer é o seguinte: existe a possibilidade de prejuízos à saúde, incluindo alterações na microbiota intestinal, na resistência à insulina e no risco de algumas doenças. Mesmo que, inicialmente, possa ajudar no emagrecimento.

      Na minha opinião, não vale a pena usar adoçantes. Porque existem várias estratégias nutricionais que podem auxiliar no emagrecimento. E também porque não sabemos exatamente quais podem ser as repercussões negativas no futuro.

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    2. Obrigada
      Alguns dizem que é mito que ele causa resistência insulinica por não ter caloria ( mínima )

      Eu tenho RI e fui orientada a usar apenas adoçante para o resto da vida.

      Outra dúvida que eu tenho, as proteínas, e gorduras também estimulam a liberação da insulina? ou apenas o carboidrato? É outra divergência que eu vejo. Uns falam que não, outros falam que todo alimento estimula insulina mesmo gordura boas.

      Eu "estudo" lendo instagram rsrs

      Obrigada

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    3. A melhor coisa para reverter a resistência à insulina é o emagrecimento. Mesmo as pessoas que aparentemente são magras possuem um certo acúmulo de gordura corporal que precisa ser reduzido para que a resistência à insulina seja contornada. Se fizer isso com uma dieta low-carb, os resultados podem ser mais eficientes:

      http://cienciadanutricao.blogspot.com.br/2016/12/quando-dieta-low-carb-nao-e-melhor-para.html

      Sim, proteínas e gorduras também estimulam a secreção de insulina. No geral, muito menos que os carboidratos. Algumas proteínas específicas, ricas em alguns aminoácidos específicos, como a leucina, podem estimular de forma moderada a insulina (como a proteína dos laticínios, em alguns casos).

      Mas, sinceramente, o efeito que as gorduras têm sobre a secreção da insulina é tão pequeno que, clinicamente, é praticamente irrelevante -- até mesmo para pacientes com diabetes. Por outro lado, alguns pacientes com diabetes, tanto tipo 1 como tipo 2, podem se beneficiar se prestarem atenção ao efeito que algumas proteínas, além dos carboidratos, possuem sobre a secreção de insulina -- que acaba, no fim, influenciando como os carboidratos em geral são metabolizados pelo organismo.

      Mesmo assim, os carboidratos são a grande questão quando estamos falando sobre secreção de insulina e condições clínicas que precisam se atentar a esse fator. Se houver um bom planejamento sobre os carboidratos ingeridos, principalmente em relação à quantidade, isso é mais do que suficiente para controlar a saúde das pessoas que precisam.

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  25. TENHO FATIGA ADRENAL . ESTOU TOMANDO ÁGUA COM SAL INTEGRAL
    TO ME SENTINDO BEM . EU LEVANTAVA E FICAVA TONTA ( POSTENSÃO POSTURAL )

    QUANTO TEMPO DEVO TOMAR SAL? REFAÇO MEUS EXAMES EM ABRIL

    OBRIGADA
    MARIA APARECIDA DE LURDES - SIMÃO PEREIRA -MG

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    1. Olá, Maria Aparecida.

      Esse é o tipo de orientação que eu não posso dar por aqui, ainda mais sem conhecer o seu caso. O que eu recomendaria é procurar um profissional de saúde para te acompanhar de maneira mais próxima. Uma vez que você já recebeu o diagnóstico de fadiga adrenal, talvez você já tenha um profissional que possa te ajudar.

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  26. Sinte te decepcionar, você caiu no conto do vigário.

    Fadiga adrenal simplesmente não existe, é uma doença criada para tirar de você dinheiro pra consultas pro resto da vida e para você gastar alguns salários mínimos com "combos" nutricionais

    - Adrenal fatigue does not exist: a systematic review -

    https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC4997656/

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    1. Olá.

      Sim, estou ciente desse trabalho. No entanto, o que os autores verificaram não foi a inexistência de uma condição chamada "fadiga adrenal" (apesar do título do artigo). O que foi verificado é que não existe uma definição clara do que o quadro significa, e que por isso não deveria ser usado como diagnóstico.

      O que precisa ser feito, e o que esse estudo ajudou a esclarecer, é definir melhor o que significam as condições clínicas que atualmente são classificadas como fadiga adrenal. Até porque existem vários ensaios clínicos com intervenções nutricionais mostrando que é possível melhorar quadros de "fadiga adrenal". Isso sugere que existem sim alterações fisiopatológicas relacionadas ao que atualmente se classifica como fadiga adrenal, mas ainda não muito bem definidas.

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  27. Olá, é certo afirmar que o sal faz mal ara 35% da população?
    além disso é certo afirmar que açúcar causa diabetes? já vi médico dizer que é mito... outros falam que o excesso de açúcar gera diabetes porque cansa o pâncreas... mas não seria diabetes tipo 2? a maior comum?

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    1. Olá.

      É difícil afirmar que o sal faz mal para 35% da população. Os trabalhos de revisão mais recentes sugerem que aproximadamente 90% da população mundial consome quantidades de sal associadas aos menores riscos de mortalidade total e mortalidade por doenças cardiovasculares.

      Também não é possível dizer que o açúcar, sozinho, causa diabetes -- ainda mais em seres humanos, considerando as quantidades consumidas pelas diversas populações do mundo (até mesmo nos maiores níveis de consumo). Isso não quer dizer que o açúcar não contribui para o problema. Muito pelo contrário: no cenário atual, os alimentos ricos em açúcar são um dos principais fatores que levam à síndrome metabólica e ao diabetes tipo 2. Mas não sozinhos. Vários outros fatores são necessários para que esses problemas sejam desenvolvidos.

      A “falência” pancreática também acontece no diabetes tipo 2, e não apenas no diabetes tipo 1. A diferença é que no diabetes tipo 2 o processo é muito mais lento. Logo, se o açúcar costuma ser um dos responsáveis por causar o problema, pode-se dizer que o açúcar, indiretamente (porque não é ele o responsável direto), “cansa” o pâncreas.

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  28. Tribulus Terrestris pode aumentar a testosterona?

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    1. Olá.

      Em homens, o número razoável de estudos que foram conduzidos até hoje falharam em demonstrar que Tribulus terrestris poderia levar ao aumento nos níveis de testosterona. Até mesmo homens com algum tipo de disfunção sexual parecem apresentar um aumento na testosterona.

      Em mulheres, até onde sei já foram publicados dois estudos: um mostrou leve aumento e o outro mostrou pequena diminuição na testosterona. Mais estudos precisam ser feitos em mulheres. Além disso, os trabalhos até hoje foram com mulheres com disfunção sexual; mesmo que estudos futuros indiquem um efeito positivo nesse grupo de pacientes, seriam necessários estudos com mulheres "saudáveis" para saber se os possíveis efeitos positivos também se aplicariam às mulheres em geral.

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    2. Impressionado como tem nutricionista indicando coisas sem a devida comprovação cientifica. Na minha cidade tem uma nutricionista que prescreve Tribulus para deus e o mundo...

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  29. Prezado
    Bom artigo. Mas penso que há um equívoco de nomenclatura
    "O sal nada mais é que um composto formado por duas substâncias: sódio (Na) e cloreto (Cl)" .
    Cl é cloro e não cloreto. A expressão cloreto é típica do composto tipo sal.

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    1. Olá.

      Tecnicamente, é isso mesmo. Mas, até para facilitar a compreensão, é mais fácil usar o termo "cloreto" do que "cloro".

      Lembre-se que a função da língua é facilitar a comunicação. Não necessariamente precisar existir o "certo" ou o "errado", desde que as pessoas entendam. Até porque ninguém está aqui estudando para aulas de química, e sim pela nutrição. Vamos simplesmente relaxar e focar nas partes importantes do texto.

      Mas obrigado pelo toque e pela leitura!

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  30. Entendi . . .
    A massa inculta deve assim permanecer. Será?
    O seu "Ciência da Nutrição" busca apoio em fontes confiáveis. Isso é louvável! Ainda mais quando se tem um mar de "achismos" em blogs.
    E, embora eu compreenda seus argumentos de acessibilidade a leigos, gostei mais da parte Científica do seu blog e continuo achando desnecessária essa "adaptação" de linguagem.
    E mantendo o foco na parte boa. Devo parabenizá-lo pela interpretação dos dados citados. Consultei um dos artigos que você referenciou e vi que sua análise foi muito boa e fiel aos resultados científicos ali publicados. Parabéns por isso!

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    1. Não é só uma "adaptação". Dependendo da forma como enxergarmos, o uso do termo "cloreto" também está certo. Porque a ligação do cloro com o sódio só pode acontecer quando o cloro está na forma iônica. Estar na forma de íon é suficiente para que o cloro possa ser chamado de cloreto. Não é necessário que se forme um sal, por exemplo, para que o cloro passe a ser denominado como cloreto.

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  31. Oi, Boa noite. No Bem Estar a médica falou que não tem diferença de sódio entre sal refinado e sal integral e que o sal refinado deve ser usado devido ao iodo. Mas médicos como Lair Ribeiro afirmam que sal integral tem mais minerais que ajudam a metabolizar o sódio e que iodo todo sal tem

    em quem confiar? qual sua opinião sobre sal integral? Estou usando sal marinho da marca SMART. vc conhece?

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    1. Olá.

      Comentei minha opinião sobre sais integrais quando escrevi sobre o sal rosa do Himalaia. No texto não falei especificamente sobre outros sais, mas todas as considerações que fiz para o sal rosa valem para outros tipos de sais integrais. Absolutamente todas:

      http://cienciadanutricao.blogspot.com.br/2016/02/a-ilusao-do-sal-rosa-do-himalaia.html

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  32. Existe evidência que através da nutrição é possível prevenir e reverter alguns casos de Alzheimer?

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    1. Olá.

      Sim. As evidências ainda são preliminares, mas existe potencial para os corpos cetônicos exercerem efeitos positivos. A produção de corpos cetônicos aumenta com o jejum, dietas cetogênicas (bem restritas em carboidratos), ácidos graxos de cadeia média (presentes no óleo de coco e em suplementos de TCM) e pela suplementação direta com corpos cetônicos exógenos (na forma de sais ou ésteres).

      Além disso, existe potencial para qualquer intervenção que de fato melhore o quadro de resistência à insulina do paciente. Essa resistência à insulina pode ser apenas no sistema nervoso central ou pode ser generalizada -- que é o mais comum, e que também vai afetar o sistema nervoso.

      Alguns outros nutrientes podem vir a ser demonstrados como benéficos, como ômega-3 e algumas vitaminas do complexo B, mas até agora os resultados pra eles não são tão bons. O controle de alguns minerais (como o ferro) e metais pesados (como o mercúrio) também têm potencial, mas nada muito certo até o momento.

      Provavelmente esses mecanismos de nutrientes específicos têm alguma influência na doença, mas tudo sugere que a parte mais importante é a regulação do metabolismo energético das células do sistema nervoso. A grande chave parece ser mesmo a "correção" do metabolismo energético no sistema nervoso do paciente.

      Quando o quadro de resistência à insulina existe, como eu mencionei acima, isso significa que algo está errado com o metabolismo energético. As peças vão se encaixando.

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  33. João Gabriel Marques,
    Blog nota 10.
    Parabéns!!!

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  34. Fiz um experimento.
    Coloquei em 2 copos de água, 2 colheres de sal. Num copo coloquei sal branco refinado, outro coloquei sal rosa do himalaia da marca "Smart".

    Depois disso, usando um medidor de pH, verifiquei que o copo com o sal rosa era mais alcalino do que o sal branco, frisando que eu coloquei a mesma quantidade de sal.

    Alguns afirmam que estudos mostraram que não há diferença de minerais nos dois sais e que isso seria estratégia de marketing. Qual seria sua explicação para o sal rosa ser mais alcalino?

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    1. Olá.

      O sal rosa pode até ser mais alcalino. Ele de fato possui uma concentração superior de vários minerais em sua composição. Não tem como afirmar o contrário, porque o único estudo que mediu a concentração de minerais no sal rosa mostrou isso:

      http://cienciadanutricao.blogspot.com.br/2016/02/a-ilusao-do-sal-rosa-do-himalaia.html

      Mas a questão é que essas quantidades são minúsculas em relação às nossas necessidades diárias. E muito possivelmente não teriam impacto algum no pH sanguíneo ou no pH de outros fluidos corporais no corpo humano.

      Mesmo considerando que a maior concentração de minerais seja o motivo do pH do sal rosa ser mais alcalino no experimento que você fez, isso também não quer dizer nada em relação a existir benefícios com o seu consumo. Como já falei antes, a ciência sugere que alimentos "ácidos" ou "alcalinos" não influenciam a saúde pela modulação do pH:

      http://cienciadanutricao.blogspot.com.br/2015/03/o-mito-do-ph-alimentacao-e-capaz-de_24.html

      http://cienciadanutricao.blogspot.com.br/2015/04/o-mito-do-ph-alimentacao-e-capaz-de.html

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  35. Oi, João. Estou adorando seu blog! Te segui também no Facebook. :)

    Quero fazer uma pequena correção com relação ao tamanho da colher de chá. Na verdade, a colher menorzinha é a de café. A de chá é um pouco maior.

    Parabéns pelo excelente trabalho!

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    1. Olá, Fernanda.

      É verdade. Vou corrigir no texto! Obrigado pela observação e pela leitura.

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  36. Vc deveria ler o texto que o Flávio Passos fez sobre esse assunto

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    1. Olá.

      Se você colocar um link, posso ler o texto. Se quiser que eu comente a respeito dele, é só falar aqui.

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    2. Tá no instagram dele. Flávio Passos ( da Pura Vida )

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    3. Vários pontos interessantes levantados no texto, principalmente os que não são relacionados a questões nutricionais.

      O problema dos tópicos relacionados à nutrição, nesse texto, é que a princípio nenhuma das afirmações possui embasamento. Se procurarmos nas bases de artigos científicos, não vamos encontrar estudos que exploraram a composição ou o efeito sobre a saúde dos sais não refinados.

      Sem contar que, repetindo mais uma vez, a literatura tem mostrado consistentemente que o consumo habitual de sal refinado não está associado a problemas de saúde. Não só isso: o consumo habitual está associado a um risco menor de doenças cardiovasculares ou mortalidades, quando comparado a quantidades muito elevadas (mais de 12 g/ dia de sal) ou muito pequenas (menos de 5 g/dia de sal).

      Como, a partir desses fatos, poderíamos afirmar que o sal refinado deveria sempre ser preterido em relação aos sais não refinados? Mesmo que existissem estudos mostrando efeitos super positivos de sais refinados, ainda assim isso não significaria que o sal refinado é prejudicial.

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  37. Sobre o item 2 citado neste artigo: "A despeito da relação existente entre maiores níveis de pressão arterial e a ocorrência de problemas cardiovasculares..."

    Aqui eu acredito que o autor foca em apenas uma conclusão do estudo e comete o erro de generalizar essa conclusão. O estudo cita sim melhoras significativas na incidência das doenças cardiovasculares tanto com a diminuição leve de 10mmHg na pressão diastólica como na redução intensiva de pressão (que é o foco do estudo). O risco de mortalidade citado seria para o caso de doenças já desenvolvidas. A diminuição da pressão sanguínea em um paciente que já desenvolveu doenças cardiovasculares não mostra diminuição da mortalidade desses mesmos pacientes. Mas o mais importante aqui é que essa redução de pressão reduz significativamente as chances de desenvolver as doenças que levam a esses óbitos. Ou seja, a redução de pressão é sim importante à medida que ajuda a prevenir o desenvolvimento das doenças cardiovasculares. Esse deveria ser o foco aqui, prevenir a doença. Sem a doença, não se chega ao óbito, simples assim. E, neste caso, se a redução de consumo de sal auxilia na redução da pressão arterial, por que não fazer isso? Afinal, estamos falando de uma medida natural de redução de pressão, assim como atividades físicas e evitar o fumo, por exemplo. Se a redução do consumo de sal reduzisse em apenas 10mmHg a pressão diastólica, já seria extremamente benéfica, pois como o próprio estudo cita, uma redução de apenas 10mmHg já diminui em 22% as chances de desenvolver doenças cardíacas e acidentes vasculares.

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    1. Olá, Fabio.

      A redução na pressão arterial, como medida de redução do risco de mortalidade e eventos cardiovasculares, em pacientes com ou sem histórico de doenças cardiovasculares, já foi testada por ensaios clínicos. E eu mencionei os resultados no texto: os ensaios clínicos falharam em mostrar que a redução da pressão arterial, resultante de dietas restritas em sódio, diminuem o risco de mortalidade ou eventos cardiovasculares.

      É simples assim. Existe uma associação entre pressão arterial elevada e risco de eventos cardiovasculares? Sim, existe. Mas isso quer dizer que qualquer intervenção que leva a diminuições na pressão arterial vai levar a uma redução no risco de doenças cardiovasculares? Não necessariamente. A restrição de sódio é, até o momento, considerando os estudos conduzidos até hoje, um exemplo de como nem todas as intervenções que reduzem a pressão arterial diminuem o risco cardiovascular.

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  38. Essa é uma citação duvidosa: "A redução no consumo de sal refinado não traz benefícios". Imagine uma pessoa que consome uma quantidade 10 vezes maior de sal refinado necessário para o seu organismo, uma redução com certeza traria benefícios, mas para uma que consumisse a quantidade necessária, reduzir seria ruim. Tudo que se consome muito além do que necessitamos traz algum malefício, a diferença é que alguns alimentos são muito fáceis de consumirmos de forma bem exagerada (o sal por exemplo), já outros, para ingerirmos a metade do necessário é uma dificuldade. Resta saber se a quantidade de pessoas que consomem doses cavalares de sal refinado representam uma porcentagem significativa.

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    1. Olá.

      Essa é apenas uma forma de simplificar a ideia, justamente porque ela vale para praticamente todo mundo. Mais de 90% da população mundial consome entre 6 e 12 g/dia de sal.

      Falei sobre isso no texto abaixo. E segue também a referência para esses dados:

      http://cienciadanutricao.blogspot.com.br/2016/01/sal-o-que-nunca-lhe-contaram-sobre-ele.html

      https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25398738

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  39. cara li alguns textos seu e achei legais ! bom meu sistema imune está muito baixo, os leucocitos estão um pouco abaixo do normal...tenho tido diversos resfriados e garganta inflamada... meu médico me passou vitamina c, mas não resolveu o problema... teria algum alimento que poderia ajuda a aumentar minha imunidade ? obg

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    1. Olá, Eugenio.

      Três nutrientes podem ajudar: ômega-3, vitamina D e zinco. Principalmente esses dois últimos. Garanta uma boa exposição solar, ou opte pela suplementação de vitamina D. Boas fontes de zinco incluem frutos do mar, carnes (especialmente vermelha), sementes, nozes e castanhas.

      Outros fatores e nutrientes podem ser importantes, mas não posso falar muita coisa sem conhecer em mais detalhes o seu caso (o que só seria possível por meio de consulta).

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  40. João, e sobre a dieta de baixo carboidrato, mais especificamente na cetose. Devemos complementar com mais sal, como o José Souto diz. Se sim, até quando? Seria sempre, haveria então uma RDA maior para tais indivíduos?

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    1. Érico, essa é uma prática que a princípio é feita para evitar sintomas. Os sintomas aparecem em algumas pessoas, mas não em todas. Mesmo nas pessoas que têm esses sintomas, eles são apenas desconfortáveis, mas não levam a maiores riscos ou complicações.

      Além disso, os sintomas são temporários. Nas pessoas que apresentam, eles acontecem apenas enquanto a pessoa se adapta à dieta. Mesmo que a pessoa não faça nada, com o tempo ela vai deixar de ter os sintomas.

      A quantidade não é certa, porque, nesse contexto específico de adaptação a dietas cetogênicas, a suplementação com sódio é uma prática que não foi estudada cientificamente. As recomendações que existem são todas baseadas em casos individuais. Então não tem como dizer qual é a quantidade "certa". Pela internet não deve ser difícil encontrar quantidades recomendadas a partir da experiência individual das pessoas.

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  41. Olá.
    Como saber a quantidade de sal que ingiro?
    Estou comendo uns chips de banana que compro a granel, bem gostosinho e barato, mas vem com sal. E eu estava parando para pensar que estou comendo diariamente um punhado daquilo. Provavelmente estou excedendo o limite diário.

    Tem como compensar?

    Muito obrigado!

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    1. Olá.

      Mesmo consumindo essa quantidade referida, é relativamente grande a chance de você não estar consumindo sal em excesso. No texto abaixo eu explico um pouco mais por que o "excesso" de sal geralmente não é um excesso de fato:

      http://cienciadanutricao.blogspot.com.br/2016/01/sal-o-que-nunca-lhe-contaram-sobre-ele.html

      De qualquer maneira, a forma mais simples de "balancear" uma ingestão um pouco maior de sódio é por meio do consumo de alimentos ricos em magnésio e potássio. Com uma busca rápida na internet, você pode encontrar vários alimentos que são boas fontes desses nutrientes.

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  42. Muito obrigada. Deus abençoe seu trabalho e sua vida. Li tudo e voce nos esclarece muito de maneira simples e ao mesmo tempo detalhada... Obrigada. Tudo de bom para voce.

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  43. https://www.youtube.com/watch?v=nRzRLrrhbcQ

    (minuto 2:55 )

    " 30% dos pacientes hipertensos são sensíveis ao NaCl "

    procede essa informação?

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    1. Olá.

      Talvez proceda. Mas esse tipo de análise se baseia na sensibilidade que as pessoas apresentam ao sal no curto prazo, logo depois de ingerirem sal. Mas isso não é o mais importante.

      O importante mesmo é saber como a ingestão de sal, seja em pacientes com hipertensão ou não, influencia a saúde no longo prazo. E os estudos, até o momento, mostram que diminuir a ingestão de sal não reduz o risco cardiovascular ou de mortalidade.

      Saber como o sal influencia a pressão arterial é interessante, mas só até certo ponto. Se temos informações mais relevantes, por que não usá-las? A pressão arterial, assim como o colesterol sanguíneo ou os triglicerídeos, é apenas um marcador. O mais importante mesmo é saber como o sal influencia desfechos concretos, como mortalidade. Se temos esse tipo de informação, devemos nos basear nelas.

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  44. Este estudo, por não se tratar de seres humanos, não há aplicabilidade nenhuma?
    É de 2017.

    https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pmc/articles/PMC5328355/

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    1. Olá.

      Qualquer estudo pode ser relevante. Até mesmo aqueles que não têm aplicabilidade prática podem nos mostrar como devemos ou não seguir com a ciência.

      No caso desse estudo, ele é interessante por ser um dos primeiros a explorar a diferença entre sal refinado e sais integrais, mesmo que não seja com seres humanos -- como é o caso da maioria das áreas da saúde, os estudos experimentais começam com animais. Mas ele tem problemas, claro, e não apenas o fato de ser com ratos. Na verdade, esse estudo apresenta o maior problema que a maioria dos estudos nutricionais com animais apresenta: dietas "exageradas".

      A esmagadora maioria dos estudos que mostram benefícios ou prejuízos de alguma dieta ou composto alimentar, em animais, faz isso por meio de alterações que vão muito além do que seria possível para um ser humano (ou até mesmo um animal) consumir.

      Nesse estudo em particular, além da dieta controle, foram usadas dietas com cujas composições eram de 4% e 8% de sódio. Seja de sal refinado ou não, essas quantidades são inimagináveis para um ser humano. Considerando uma pessoa que consome 1,5 kg (1500 g) de alimentos por dia, uma quantidade bem moderada, 4% de sal seria equivalente a 60 g/dia, enquanto 8% seria o equivalente 120 g/dia. É bem provável que a pessoa simplesmente morreria ao consumir tanto sal depois de alguns poucos dias.

      É verdade que o estudo indica que o sal marinho é menos deletério. Nessa concentração, é possível que seja mesmo. Mas o que aconteceria em quantidades de sal mais realistas, tanto para animais como para seres humanos? Pode ser que o sal marinho continue sendo menos problemático, mas pode ser que não. Enquanto não houver estudos com humanos, as evidências ainda indicam que as quantidades habitualmente consumidas de sal não são um problema.

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