terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Jejum intermitente: emagrecimento sem restrição calórica?




Existe um grande problema com os estudos sobre jejum intermitente: praticamente todos eles utilizam um protocolo chamado jejum de dias alternados.

Olhando apenas para o nome, parece não haver nada de errado com esse protocolo. Afinal, a ideia de praticar o jejum intermitente, em dias alternados, soa completamente normal: um dia de jejum, um dia de alimentação habitual.

Mas o problema existe. Na verdade, dois problemas.

A primeira questão é a seguinte: o jejum de dias alternados não acontece exatamente como o nome sugere. Na prática, esse protocolo de jejum é apenas um “jejum” — entre aspas mesmo. Porque o período que o praticante passa sem se alimentar não necessariamente corresponde a um jejum propriamente dito.

Permita-me explicar melhor.

De acordo com o nome do protocolo, o esperado seria que a pessoa repetisse várias vezes o seguinte ciclo: dia de jejum, dia de alimentação normal. Mas não é isso que acontece, e daí temos a primeira limitação do jejum de dias alternados. Nos estudos, os participantes não são orientados a permanecer sem se alimentar no decorrer das 24 horas em que deveriam estar em jejum. Em vez disso, o que normalmente acontece é que eles são liberados a consumir, ao longo desse dia de jejum, uma quantidade de calorias equivalente a 25% das suas necessidades energéticas diárias.

Na prática, com esse protocolo, o jejum intermitente ainda sim seria praticado em dias alternados, mas não durante as 24 horas de cada dia dedicado ao jejum — justamente porque existe a ingestão calórica de ~25% nesses dias. E, se essa fosse a única limitação do jejum de dias alternados, o problema nem seria grande. O fato de haver uma ingestão calórica de aproximadamente 25% das necessidades energéticas dos participantes não permitiria que eles praticassem o jejum durante as 24 horas do dia, mas ainda sim possibilitaria a permanência do estado de jejum por um bom número de horas a cada dia alternado.

Mas existe outro problema.

A maior falha do protocolo do jejum de dias alternados é não controlar o horário em que os alimentos são ingeridos. Nos estudos em que esse tipo de jejum é realizado, os pesquisadores não costumam determinar o momento específico em que os participantes podem ou não podem consumir suas calorias.

Isso significa que em qualquer momento do dia o indivíduo poderia ingerir alguma coisa — desde que as calorias permaneçam naquela quantidade aproximada de 25% das necessidades energéticas. Assim, uma pessoa com gasto energético de 2500 kcal/dia, por exemplo, poderia fazer três refeições de 200 kcal, ou duas refeições de 300 kcal, que ainda sim estaria cumprindo as diretrizes do jejum de dias alternados, uma vez que não teria ultrapassado os 25% do total de calorias (625 kcal, nesse caso).

Mas o grande problema está na questão da distribuição das refeições ao longo do dia. Dependendo dos momentos em que os alimentos são consumidos, é possível que o jejum — assim como o estado metabólico que o acompanha — não seja induzido da mesma maneira que seria caso houvesse um controle maior da ingestão alimentar por parte do protocolo.

Por exemplo, fazer três refeições de 200 kcal — uma de manhã, uma de tarde e outra à noite — provavelmente não levará ao mesmo estado metabólico que em um protocolo no qual essas mesmas 600 kcal são ingeridas apenas durante a manhã, ou apenas durante a tarde. No jejum de dias alternados, caso não haja um intervalo de tempo tão grande entre as refeições, mesmo com uma baixa quantidade total de calorias ingerida, é possível que o corpo não consiga interpretar a prática como uma verdadeira “escassez de alimentos” nos dias de jejum, que é justamente o que se espera emular com a prática de qualquer protocolo de jejum intermitente.

Assim, para que acontecesse o jejum propriamente dito, o protocolo do jejum de dias alternados teria que necessariamente alocar as calorias correspondentes a 25% das necessidades diárias a um período específico do dia, como as primeiras 4 horas ou as últimas 6 horas, por exemplo, com o restante das 24 horas do dia de jejum sem ingestão alguma de alimentos.

Mas, como mencionado, não é isso que acontece. A ausência de controle no horário da ingestão de alimentos não nos permite saber se o jejum, assim como o estado metabólico característico dessa prática, de fato vai acontecer. A restrição calórica obviamente vai existir, mas o jejum propriamente dito não é garantido.

Portanto, considerando que esse é o protocolo de jejum intermitente utilizado na maioria todos os estudos dessa área, temos que ser um pouco céticos em relação ao que os trabalhos científicos realmente são capazes de nos dizer sobre os possíveis benefícios (ou prejuízos) da prática do jejum intermitente.

Esse ponto se torna ainda mais importante porque o jejum intermitente praticado pelas pessoas no “mundo real” não é esse protocolo do jejum de dias alternados utilizado nos estudos. Na verdade, as pessoas normalmente permanecem 12, 14, 16 horas (ou mais) seguidas, todos os dias, sem se alimentar quando estão praticando o jejum. Assim, se o jejum intermitente testado cientificamente não é o mesmo que as pessoas vêm praticando no “mundo real”, não podemos ter tanta certeza até que ponto podemos usar a ciência para prever os efeitos do jejum intermitente no dia a dia.

Isso significa que os estudos publicados até hoje podem, em sua maioria, devido ao uso do protocolo do jejum de dias alternados, estar subestimando os benefícios que já conhecemos do jejum intermitente. Dessa forma, se queremos saber como o jejum intermitente realizado pelas pessoas no “mundo real” influencia a saúde e a composição corporal, precisamos nos atentar a estudos que testam protocolos equivalente aos utilizados na prática.

A boa notícia é que protocolos semelhantes aos utilizados pelas pessoas, no dia a dia, estão começando a ser mais bem explorados pela ciência.

E não só isso: agora temos evidências sobre os efeitos do jejum intermitente aliado à prática de exercícios físicos. E isso é interessante porque os exercícios não apenas fazem parte da rotina de muitas pessoas que praticam o jejum intermitente, mas também são recomendados em qualquer situação que exista a busca por mais saúde, emagrecimento e preservação ou ganho de massa magra.


Jejum intermitente, restrição calórica e emagrecimento

Além de olharmos para estudos que testam protocolos de jejum intermitente que são usados pelas pessoas no dia a dia, podemos nos fazer a seguinte pergunta: é possível emagrecer com o jejum intermitente mesmo sem haver restrição calórica?

Responder a essa pergunta não significa apenas entender como o jejum pode beneficiar a perda de peso. Significa também explorar uma outra velha questão: as calorias são todas iguais para o corpo?

O mais novo estudo que pode ajudar a responder essas perguntas foi publicado no fim de 2016, e usou o protocolo de jejum intermitente chamado time-restricted feeding (tradução livre: alimentação em intervalo restrito ou alimentação com tempo restrito). A principal característica desse protocolo é determinar um período de jejum de X horas seguidas e um período de Y horas para a janela de alimentação, que nesse estudo foram de 16 e 8 horas, respectivamente.

Os 34 homens recrutados para a pesquisa tinham pelo menos cinco anos de prática contínua de musculação (treinos de 3-5x/semana), além de nunca terem usado esteroides anabolizantes. Vale ressaltar que o fato de os participantes serem praticantes experientes é um ponto positivo, uma vez que isso faz diminuir a chance do exercício influenciar de alguma forma os resultados do estudo (mesmo assim, como o mesmo protocolo de exercício esteve presente nos dois grupos do estudo, isso já significa que essa variável estava controlada).

Os participantes foram divididos em dois grupos, cada um com 17 indivíduos: 1) controle, com dieta normal; 2) jejum, com o protocolo time-restricted feeding.

Um diário alimentar de sete dias foi usado para quantificar a ingestão alimentar habitual de cada indivíduo. A partir desses dados, e com o objetivo de manutenção de peso, as dietas foram calculadas (~3000 kcal/dia). O grupo controle foi orientado a consumir três refeições, às 8:00, 13:00 e 20:00. O grupo jejum também foi instruído a fazer três refeições, mas dentro da janela de alimentação de oito horas, às 13:00, 16:00 e 20:00; o restante das 24 horas do dia foi dedicado ao jejum intermitente.

Após 8 semanas de acompanhamento:




Os resultados de composição corporal, avaliados por DXA, mostraram que o grupo jejum perdeu 16,4% de gordura corporal (FM, na tabela). O grupo controle, por sua vez, perdeu apenas 2,8%, mas sem diferença estatisticamente significativa em relação ao início do estudo. Esses números equivalem, em média, a 1,6 kg para os que praticaram o jejum e 0,3 kg para os que mantiveram o padrão habitual. A massa magra foi mantida nos dois grupos (FFM, na tabela).

A ausência de alterações na composição corporal no grupo controle mostra que a dieta prescrita realmente foi calculada, e seguida, para que a manutenção de peso acontecesse. Mas, ainda mais importante do que isso, a perda de gordura corporal apresentada pelo grupo jejum, mesmo com uma dieta para manutenção de peso, claramente indica que o jejum intermitente na forma de time-restricted feeding pode levar ao emagrecimento mesmo sem a necessidade de restrição calórica, e sem depender do aumento no gasto energético de repouso — que permaneceu inalterado em ambos os grupos (REE, na tabela).

Tudo isso sugere que o jejum intermitente, desde que praticado por um período minimamente prolongado (16 horas, nesse estudo), pode realmente induzir um estado metabólico diferenciado, no qual o uso de gordura corporal como fonte de energia é maior do que quando um padrão alimentar habitual é mantido.

E isso vai de acordo com um estudo mais antigo, publicado por Stote e colaboradores.

Esse trabalho de 2007 é o mais bem controlado até hoje a testar o jejum na forma de time-restricted feeding, porque todos os alimentos consumidos pelos participantes foram fornecidos a eles, como forma de garantir a ingestão de todas as calorias necessárias para a manutenção de peso. Também depois de 8 semanas, mas nesse caso com um protocolo de jejum intermitente de 20 horas, com apenas uma refeição por dia, o grupo jejum perdeu ~2,0 kg de gordura corporal e manteve a massa magra. Por outro lado, com uma dieta habitual de três refeições por dia, o grupo controle não apresentou alterações na composição corporal — o que era de se esperar, uma vez que a dieta foi calculada para manutenção de peso.

Esses dois estudos são, até o momento, os dois melhores a avaliar o efeito do jejum na forma de time-restricted feeding sobre a composição corporal. Em ambos os casos, resultados interessantes e positivos foram verificados para esse protocolo, sendo que a não necessidade de restrição calórica e o emagrecimento sem perda de massa magra são, provavelmente, os pontos mais relevantes a serem ressaltados.

Por fim, faço uma ressalva. Pouco antes desse último trabalho de 2016, outro estudo sobre jejum intermitente, do mesmo grupo de pesquisadores, foi publicado. Nele, apesar de também ter sido usado um protocolo de time-restricted feeding, o período de jejum foi maior: 20 horas (como no estudo de Stote et al).

O problema desse estudo, que me fez não comentar sobre ele em mais detalhes, é que o controle da ingestão alimentar não foi nem um pouco bem feito, e isso levou a resultados muito inconsistentes em quase tudo que foi analisado. Por isso, é um estudo que infelizmente não deve ser usado para avaliar os efeitos do jejum na forma de time-restricted feeding sobre a composição corporal. Mesmo assim, vale mencionar que, apesar de todas as limitações e inconsistências, os melhores resultados individuais para perda de gordura corporal e manutenção de massa magra foram obtidos por participantes do grupo jejum, e não do grupo controle.


Outros estudos de time-restricted feeding

Até o começo de 2017, apenas três outros estudos que avaliaram o efeito do time-restricted feeding sobre a composição corporal haviam sido publicados. Nenhum deles levou a alterações no peso, massa magra ou gordura corporal. E isso pode parecer contraditório ao comentado até o momento, mas precisamos conhecer alguns detalhes desses estudos para entender sua relevância para nossa discussão.

Dois desses trabalhos, de Halberg et al. (2005) e de Soeters et al. (2009), compartilharam exatamente o mesmo protocolo experimental: 14 dias de intervenção, com jejuns de 20 horas/dia, praticados a cada dois dias — total de 7 dias de jejum. Mesmo sem haver perda de gordura corporal com a prática do jejum nesses estudos, isso não contradiz ou atenua os resultados dos trabalhos discutidos anteriormente, por pelo menos três motivos:

1) Nesses outros dois estudos de time-restricted feeding, o tempo de duração, de apenas duas semanas, foi muito curto. Isso pode limitar o efeito de praticamente qualquer tipo de intervenção nutricional.

2) O número total de dias dedicados ao jejum foi muito pequeno: apenas 7 dias. Se houvesse a prática do jejum em todos dias da intervenção desses estudos (ou seja, 14 dias), é possível que o emagrecimento tivesse acontecido.

3) A prática dos jejuns em dias alternados, ainda mais considerando o tempo curto de intervenção dos estudos, pode ter impossibilitado a ocorrência da perda de gordura corporal. Se considerarmos que o jejum precisa criar um estado metabólico diferenciado para exercer um efeito adicional sobre o emagrecimento, espera-se que mais dias seguidos praticando o jejum, mesmo sem modificações na ingestão diária de calorias, levarão a uma maior perda de gordura corporal.

Além disso, nenhum dos dois estudos fez um controle direto do consumo alimentar, especialmente no sentido de quantificar como foi a ingestão de alimentos durante os dias de jejum e durante os dias sem jejum. Essas limitações impedem a interpretação de como a dieta, junto à prática ou não do jejum intermitente, pode realmente ter influenciado a composição corporal dos participantes.

O outro trabalho a avaliar o time-restricted feeding foi um estudo com praticantes do Ramadã. Nesse caso, o problema é que os estudos de jejum envolvendo essa prática religiosa não são bem ensaios clínicos, e sim estudos observacionais. Porque, no Ramadã, os pesquisadores não realizam uma intervenção propriamente dita — o jejum, na prática, acontece de acordo com as tradições dos muçulmanos. Assim, fatores como a composição nutricional das dietas, incluindo a ingestão calórica, e o período de prática do jejum não são definidos pelos pesquisadores, o que limita os resultados e a avaliação dos dados obtidos, além de dificultar bastante o estabelecimento de relações de causa e efeito entre as variáveis desses trabalhos.

Por isso, é seguro dizer que nenhum desses três outros estudos teve o desenho experimental adequado para responder à pergunta “O jejum intermitente pode levar ao emagrecimento mesmo sem restrição calórica?”. Ao contrário dos outros dois estudos discutidos em mais detalhes na seção anterior, que não apenas podem responder a essa pergunta como disseram "sim" a ela.


Considerações finais

Uma das motivações desse novo estudo foi justamente a inconsistência dos protocolos de jejum usados em trabalhos científicos anteriores, especialmente o protocolo do jejum de dias alternados. Por isso, é importante reconhecer o mérito dos pesquisadores que se propuseram a explorar uma forma de prática do jejum que está mais presente no dia a dia das pessoas.

Mas o ponto mais importante é que, com os resultados que temos dos dois estudos que foram comentados em mais detalhes, Moro et al. (2016) e Stote et al. (2007) — os melhores, e praticamente os únicos, a avaliar o time-restricted feeding em seres humanos —, duas coisas aparentemente ficam claras.

A primeira delas é que o número de horas diárias em jejum não precisar ser muito grande para que a perda de gordura corporal, com manutenção de massa magra, aconteça. Períodos inferiores ainda não foram cientificamente testados, mas 16 horas em jejum parecem ser suficientes para que resultados positivos sejam observados.

A segunda é que o jejum intermitente não precisa ser muito restritivo em termos de calorias ou composição nutricional. As dietas utilizadas nesses estudos foram sem redução de calorias e com uma distribuição de nutrientes que está de acordo com o que é habitualmente consumido pela maior parte das pessoas: 50-55% carboidratos, 25-35% gorduras, 15-25% proteínas.

Fora isso, os resultados desses estudos respondem a algumas das perguntas mais frequentes dos leitores aqui do blog nos textos sobre esse assunto.

Quer praticar o jejum intermitente? Como diretriz geral, você pode tentar da seguinte forma: time-restricted feeding, com 16 horas de jejum e 8 horas para as refeições, sem precisar de restrição calórica voluntária, sem necessariamente ser uma dieta low-carb e com a prática de exercícios físicos de força (musculação ou CrossFit, por exemplo).

Mas sem se esquecer que o jejum intermitente não é essencial para que o emagrecimento aconteça, e que cada pessoa deve experimentar e adaptar qualquer protocolo a seu próprio contexto e a suas próprias necessidades individuais.




76 comentários:

  1. Olá João, obrigado pelo artigo. Ótima leitura para começar o ano.
    No Moro et al. (2016) algo me veio à mente. Será que o grupo TRF, que começava a comer às 13h, não treinava em jejum?
    Penso que isso faria diferença, enquanto que o outro grupo possivelmente acabaria com o treino enfiado entre as refeições. Causou-me estranheza, tanta diferença para apenas 4 horas a mais de jejum.

    Abraço!

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    1. Olá, Lucas.

      Eu não comentei no texto, mas o treinamento acontecia sempre entre 16:00 e 18:00, para todos os participantes. Então ninguém treinava em jejum.

      Mas eu não diria que os resultados são estranhos. Porque a questão talvez não se resuma apenas ao total de horas seguidas em jejum, mas sim à quantidade de tempo que os participantes ficam em jejum no "ponto ideal" da prática.

      Por exemplo, é possível que até 12 horas o corpo não esteja realmente no "modo jejum", e que depois disso ele comece a mudar o metabolismo de maneira mais considerável. Ou seja, as quatro, três ou duas últimas horas do período de 16 horas, por exemplo, podem ser mais importantes do que o total de horas em jejum.

      Obrigado pela leitura!

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  2. Ótimo artigo, aliás, todos os artigos. Fico feliz sempre que tem uma nova publicação aqui.

    Tenho feito o jejum intermitente, protocolo 16x8. Como na parte da manhã pois treino de manhã, minha primeira refeição é às 7h e a última refeição é às 15h. O mais interessante dessa experiência é conhecer o próprio corpo e perceber como estamos acostumados a nos alimentar mesmo quando não temos fome, percebi que a maior parte do tempo tenho apenas vontade de comer, e, poder controlar isso é libertador, ainda mais para uma pessoa compulsiva como eu.

    Parabéns e muito obrigada!

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    1. Graziela, eu que agradeço pela leitura!

      Concordo com o que você falou, e tenho uma observação sobre a sua prática do jejum. É possível que, considerando um mesmo protocolo, como o próprio 16/8, consumir os alimentos pela parte da manhã leve a melhores resultados de composição corporal do que consumi-los mais de tarde e à noite.

      As evidências científicas do porquê disso não vêm de estudos com jejum intermitente, e por isso não é possível afirmar com tanta certeza isso que eu falei.

      Mas não vou falar muito, porque em breve escreverei sobre esse assunto. De qualquer maneira, é sempre interessante ver alguém praticando o jejum intermitente com refeições mais pela manhã.

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  3. Parabéns por mais esse texto, João. Desde novembro/15 faço o jejum intermitente, primeiro o protocolo 18/6 e recentemente o 23/1. Minha saúde e disposição seguem excelentes, com 15 quilos a menos. Tenho 48 anos, pratico esporte quase que diariamente e procuro alimentar-me de modo saudável. Por favor, mantenha-nos informados sobre novas descobertas sobre a prática do jejum. Abraço

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  4. Olá,
    tenho uma dúvida sobre perda de gordura localizada.
    Sempre ouvi falar que não é possível perder essa gordura com exercícios localizados, pois a perda da gordura só se dá de forma generalizada. Por sempre ter tido gordura localizada, mesmo me considerando magra (nunca medi minha composição corporal), concluí que essa perda de peso generalizada, até dar conta de levar a gordura localizada, terá levado também massa muscular. Faz sentido? O jejum intermitente, já que tende a preservar a massa magra, seria uma estratégia efetiva pra perda da gordura localizada? É possível perder gordura localizada com dieta ou exercícios? Por que ela é tão difícil de perder?
    Obrigada!


    -lu

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    1. Olá, Lu.

      Só vou esclarecer uma coisa antes de responder a sua dúvida. Não é que o jejum intermitente tende a preservar massa magra quando comparado a outras estratégias. O que acontece é que o jejum intermitente praticado na forma de time-restricted feeding, sem restrição calórica, como discutido no texto, parece realmente ser uma forma eficaz de levar ao emagrecimento com preservação de massa magra. Esses resultados não necessariamente se aplicam a qualquer protocolo de jejum, nem mesmo se eles não tiverem restrição calórica. Estudos específicos precisariam ser feitos para saber se esses fatos são generalizáveis para outros protocolos de jejum intermitente.

      Sim, a sua linha de raciocínio faz sentido. Até que o seu corpo elimine a gordura localizada, é bem possível que ele leve parte da sua gordura não-localizada e parte da sua massa magra. Isso aconteceria justamente porque ele teria que perder um pouco de “tudo” pra ir eliminando também a gordura localizada.

      Por outro lado, existem basicamente dois tipos de gordura localizada: aquela que foi acumulada com o tempo e aquela que é genética. Se no seu caso for gordura localizada acumulada com o tempo, a chance de perder essa gordura sem haver muito impacto na massa magra é maior. A perda de gordura corporal, no geral, acontece exatamente nas partes em que cada corpo costuma acumular gordura. E, assim como o acúmulo acontece preferencialmente em algumas regiões, a perda de gordura também segue isso. Seria como uma “regra”: tudo que foi acumulado por último é eliminado primeiro, porque o que ele acumulou por último é o que ele pode ser dar ao “luxo” de perder.

      Então teoricamente ainda há esperança, independentemente do método que você escolher para o emagrecimento. O protocolo de jejum intermitente discutido no texto é uma opção, tendo em vista que tem boas chances de levar à perda de gordura corporal com preservação de massa magra.

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  5. Muito obrigada pelos esclarecimentos!

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  6. Parabéns por todos os textos sobre jejum intermitente.

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  7. excelente artigo! muito, muito esclarecedor. obrigada!
    flavia

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  8. Boa tarde,
    Parabéns pelo blog primeiramente.

    Você teria alguma publicação do boa evidência e também opinião sobre o uso de limão em jejum.

    Fiz a pergunta nesta discussão, por não achar a temática em outra parte.

    obrigado

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    1. Daniel, respondi ao seu comentário por e-mail. Mas vou responder mais uma vez, resumidamente, porque pode ser uma dúvida de outras pessoas.

      Não existem evidências científicas para o uso de água com limão, em jejum, para "acelerar o metabolismo".

      E também não existem estudos testando o efeito da água com limão como uma prática capaz de aumentar o pH sanguíneo ou o pH de outros fluidos corporais.

      Detalhe: o Daniel, do comentário, relatou que ele e outra pessoa podem ter tido problemas por causa dessa prática.

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    2. João, boa noite!
      Parabéns por mais um excelente texto! Sempre muito esclarecedor.
      Aproveitando o gancho do nosso amigo sobre o limão...
      Tentei recentemente fazer aquele tratamento do limão (meu problema é com a pele/acne) onde iniciamos tomando um limão pela manhã, em jejum, dois no dia seguinte, três...até dez e depois vai voltando até o um.
      Não sei qual foi o problema relatado pelo Daniel, mas fiquei curioso para saber o que tem de informação a respeito do tema.
      Obrigado!

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    3. Obrigado pela leitura, João Carlos.

      Sobre esse tema, por ser algo muito específico e particular, além de não ser explorado pela ciência, eu não posso falar muito. O que resta, nesse caso, é o relato de pessoas que já tiveram experiência com esse tipo de prática.

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    4. Entendi. Muito obrigado pelo retorno!

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  9. Olá, João.

    Parabéns pelo Blog e pela atenção despendida a seus leitores.

    Muito bom é poder ler informações bem fundamentadas, ainda mais em busca de melhor qualidade de vida. O que tem de lixo por aí para atrapalhar...

    Enfim, conforme descrito no artigo, acredito que 1g de omega 3-6-9 não interrompa ou interfira de maneira significativa no período do jejum, certo!?

    Desde já agradeço a disposição.

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    1. Olá, Gabriel.

      Exatamente. Doses pequenas como essa não vão atrapalhar. Mas vou dar fazer uma sugestão: normalmente vale mais apenas optar por suplementos de ômega-3 que contêm apenas ômega-3 (sem ômega-6 e ômega-9).

      Obrigado pela leitura!

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  10. Eu de novo, João! =)

    Já que o café da manhã é a refeição mais importante do dia (é???), não seria mais adequado tomar um belo café da manhã e iniciar o jejum só lá pelas 15:00? E talvez por ficar tanto tempo acordado em jejum, poderia compensar um pouquinho e fazer um período de 15/9, ao invés de 16/8.

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    1. Olá, Mak.

      Apesar de pouco falado, existem sim algumas evidências de que o café da manhã talvez seja a refeição mais importante do dia. Mas, com a popularização do jejum intermitente, a ideia que tem sido propagada é quase contrária a essa.

      O café da manhã não é essencial para sermos saudáveis, e podemos sim ser muito saudáveis sem essa refeição. Os estudos com jejum intermitente reforçam essa ideia. Mas isso não significa que pular o café da manhã, em vezes de pular o jantar, é a melhor forma de se praticar o jejum.

      Por enquanto temos pouquíssimos estudos que, de uma forma ou de outra, compararam se é melhor comer mais pela manhã ou comer mais pela tarde/noite. Mas, com os resultados que temos até o momento, refeições maiores pela manhã parecem ser mais vantajosas. Isso nos levaria a crer que, assim como você sugeriu, o jejum intermitente começando de tarde ou de noite poderia levar a resultados até mais positivos que o jejum pela manhã.

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  11. Olá, João. Em primeiro lugar, parabéns pela meticulosidade de suas pesquisas, o primor de sua escrita e sua inteligência, a qualidade e profundidade de suas argumentações, sua dedicação aos estudos e responsabilidade para com sua profissão. Acredito que estamos todos conectados, mesmo que sejamos desconhecidos. O que um faz, afeta a todos, mais cedo ou tarde. Então, te sou grata por ser tão compromissado com todos aqui, tão educado, até mesmo com os "detratores" e pobres de espírito de plantão. Isso tudo vindo de um jovem, é bastante alentador no mundo em que vivemos. Em segundo lugar, procurei informações aqui sobre a ingestão do vinagre de maçã e não localizei. Pode dizer algo a respeito, especialmente à relação entre o produto, o colesterol e o diabetes? Em meu caso, que tenho uma gastrite leve, seria melhor não fazer uso ou posso usar de modo mais diluído? Pode indicar o melhor produto, ou os comuns, encontrados em supermercados são basicamente iguais?
    Grata, Janete

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    1. Olá, Janete.

      Existem evidências de que os vinagres podem ajudar no controle glicêmico, e isso poderia ajudar pacientes com diabetes, síndrome metabólica e resistência à insulina. Sendo esse o caso, a princípio os vinagres são todos basicamente iguais, e por isso levariam a resultados semelhantes.

      Mas existe uma ressalva importante. Não sabemos exatamente o mecanismo pelo qual o vinagre auxiliaria no controle glicêmico. Ele poderia estar ajudando na causa do problema, ou apenas atenuando sintomas. Se for na causa, ótimo. Se for apenas nos sintomas, isso não é tão bom -- estaria apenas "mascarando" o problema real.

      Assim, justamente como não sabemos em que parte do problema o vinagre atua (na causa ou na manifestação), eu costumo dizer que a pessoa até pode consumir, mas que esse não deve ser o foco. Em casos de diabetes e síndrome metabólica, o foco é a redução da gordura corporal do pacientes. É isso que leva ao maior impacto nos marcadores como glicose e colesterol no sangue.

      E, considerando que você também perguntou sobre colesterol, o que tenho a dizer é o seguinte: quando está aumentado, ele só é um problema no caso da pessoa já estar com um quadro de diabetes, síndrome metabólica ou resistência à insulina. E, como falei antes, o acúmulo de gordura corporal é o que realmente leva à desregulação dos níveis de colesterol no sangue -- que, por sua vez, é uma manifestação da própria resistência à insulina (que é o problema básico dos quadros de diabetes e síndrome metabólica). Então é justamente a melhora da composição corporal que realmente corrige o problema na raiz.


      Como você tem gastrite, e considerando o que falei acima, o uso do vinagre se torna ainda mais "dispensável" no seu caso. Mas, se optar por consumi-lo, eu recomendaria diluído mesmo.

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  12. Simone Margareli Pereira Pinho11 de maio de 2017 às 12:56

    Olá João Gabriel. Muito bom o seu blog, com embasamento científico, sem aquela mania que muitos tem de afirmar com certeza as coisas que ainda estão sendo analisadas. Também sou nutricionista e estou observando com cautela estas mudanças, principalmente porque a impressão que tenho é a de que tudo o que aprendi caiu por terra. Aprendi na faculdade que não devemos pular refeições, que deve-se comer de 3 em 3 horas, que a ingestão de carboidrato deve ser de 65% da caloria total, que a gordura saturada causa DCV...e agora? as diretrizes que são passadas nas faculdades ainda não mudaram, mas a prática tem mostrado que protocolos como low carb e jejum intermitente são bons para obesidade e resistência a insulina.Estamos nos baseando pelos bons trabalhos que estão saindo mas o tempo de estudo é muito pequeno, sinto falta de uma posição oficial sobre tudo isso. Parabéns!

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    1. Olá, Simone.

      Os posicionamentos oficiais vão demorar muito para acompanhar as mudanças constantes que temos no conhecimento sobre nutrição e alimentação. E talvez nunca alcancem. Até porque foram muitos anos até o estabelecimento das diretrizes atuais. A mudança é algo difícil de ser aceita pelo ser humano.

      O ensino das faculdades é um exemplo de como essas mudanças demoram para acontecer. Porque as instituições de ensino superior, especialmente as universidades (um pouco menos as faculdades), deveriam refletir o que temos de mais atual na ciência. Afinal, é das próprias universidades que surgem os avanços científicos.

      Com estabelecimento da internet, o acesso geral a publicações científicas aumentou. O público e os profissionais que mais estudam viram que o conhecimento mais atual não batia com boa parte das diretrizes que temos. Ficou muito mais fácil discutir e contestar o que por muito tempo foi considerado como "certeza" na nutrição. As instituições que estabelecem as diretrizes têm sido bombardeadas de questionamentos, e com o tempo elas devem se adaptar a isso (ao que for justo, porque nem todos os questionamentos possuem o devido embasamento).

      Esperança sempre há. Se tudo der certo, logo teremos um mundo em que existe mais abertura para ouvir e mudar de acordo com o que precisa ser mudado.

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    2. Concordo, e é uma pena que seja tão moroso assim. o jeito é continuar pesquisando e se atualizando sempre. Parabéns pelo trabalho.

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  13. Olá, faço o jejum de 16/8 e treino em jejum, se eu tomar a l-carnitina 500 mg antes do treino vou quebrar o jejum?
    Mto obrigada

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    1. Olá, Stala.

      A princípio, a carnitina não vai interromper o jejum.

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  14. olá Joao Gabriel. Quero saber se algum desses itens corta o jejum?
    agua com limao
    omega 3
    bcca
    l canitina
    glutamina
    oleo de coco

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  15. Olá.

    Nenhum desses alimentos ou suplementos vai interferir com o estado metabólico induzido pela prática do jejum intermitente.

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  16. Olá querido!!! Show de bola seus textos!!
    Está de parabéns!!

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  17. Olá João!

    Desde já agradeço pelo teu trabalho, foi muito didáctico para mim.

    De entre a pesquisa que tenho feito sobre o JI fiquei com uma dúvida. Até agora tem-se falado neste tipo de dieta apenas no sentido de principalmente perder gordura corporal. No entanto, no caso de alguém praticar musculação, poderia aumentar a ingestão calórica na janela de alimentação com o objectivo de ganho de peso? Ingestão calórica elevada na janela de alimentação + aumento da hormona do crescimento durante o jejum, seria interessante?

    Obrigado.

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    1. Olá.

      Só temos como especular, porque não temos estudos que testaram como uma ingestão calórica aumentada, durante a janela de alimentação num protocolo de jejum intermitente, pode afetar o ganho de massa muscular.

      Mas, pensando na fisiologia humana, seria sim possível o ganho de massa magra com o jejum intermitente, desde que a ingestão calórica fosse aumentada. Inclusive, a possibilidade de emagrecimento sem restrição calórica com o jejum intermitente, justamente como discutida nesse texto, nos leva a crer que, caso exista um ganho de massa magra ao se aumentar a ingestão calórica, o ganho de gordura corporal (que normalmente também acontece um pouco) poderia ser atenuado. Protocolos famosos pela internet, como o Lean Gains e o Carb Back-Loading, usam o jejum intermitente como forma de atenuar o ganho de gordura corporal e maximizar o ganho de massa muscular.

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  18. Tenho uma dúvida, posso variar meus horários de jejum e janela alimentar? Nos dias de semana prefiro terminar a janela alimentar mais cedo, lá pelas 17h. mas nos finais de semana devido a vida social termino mais tarde mas mantenho as 16 horas de jejum, você acha que isso interfere? Obrigada

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    1. Olá, Inês.

      Não posso afirmar se possui interferência ou não, porque não existem estudos que testaram isso. Mas eu diria que é bem possível que essa variação não faça diferença, desde que o tempo total no qual você permanece em jejum esteja pelo menos dentro dessas 16 horas/dia.

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  19. Caro João,

    Sou adepto do jejum e acredito no seu potencial de ajudar na redução de peso como também no bem estar fisico.

    Pratico musculação (não em jejum) e ultimamente tenho feito também exercicios cardio para dar uma secada.

    Lendo alguns artigos e publicações na internet sobre o treino aerobico em jejum vi que não existe um consenso sobre sua eficácia.

    Minha duvida é exatamente essa: Se durante o jejum a gordura fica mais disponivel para geração de energia, como podem dizer que não faz diferença para a perda de peso o treino em jejum? Não seria justamente esse o melhor período para praticar o AEJ? Para o corpo queimar gordura desde o inicio do treino? Gostaria de saber se você tem informações a respeito e se por acaso já obteve sucesso nesse tipo de protocolo.

    Desde já agradeço e parabenizo pelas publicações que venho lendo e são muito enriquecedoras.

    Antonio

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    1. Olá, Antonio.

      Até hoje, os poucos estudos que avaliaram diretamente o efeito do exercício aeróbio em jejum não mostraram efeitos significativos sobre o emagrecimento. E isso parece não fazer muito sentido, como você mesmo ressaltou, porque a princípio o corpo estaria no melhor momento para usar os estoques corporais de gordura como fonte de energia.

      Mas existem dois pontos importantes a serem considerados.

      Primeiro, o gasto energético total da maioria dos exercícios é relativamente baixo, sejam eles em jejum ou não. Assim, mesmo o corpo usando uma porcentagem maior de gordura como fonte de energia, a quantidade total de gordura corporal necessária para isso é baixa -- tanto porque o gasto energético da atividade não é tão alto, como porque, antes da gordura corporal ser usada como energia, existe também a gordura já presente dentro dos músculos e na circulação sanguínea.

      Em segundo lugar, devemos considerar a eficiência energética proporcionada por exercício aeróbios. À medida que o tempo passa, o corpo se adapta à atividade física. Uma das adaptações é justamente essa de se tornar mais eficiente do ponto de vista energético. Isso significa que o corpo se torna melhor em produzir e aproveitar as moléculas de ATP provenientes dos substratos energéticos, especialmente as gorduras no caso do exercício aeróbico. E isso muito possivelmente ainda é potencializado no caso do exercício em jejum.

      Para ilustrar esse segundo ponto, considere o seguinte: uma pessoa não treinada e outra pessoa praticante de exercício aeróbio. A cada 10 moléculas de ATP que a primeira poderia produzir nas vias metabólicas de produção de energia do corpo, vamos dizer que ela aproveita 7 ou 8 moléculas, enquanto 2 ou 3 são "perdidas" na forma de calor. Por outro lado, como a pessoa que pratica atividade aeróbia se torna mais eficiente do ponto de vista energético, ela passa a aproveitar 8 ou 9 dessas moléculas de ATP. Ou seja, para realizar o mesmo "esforço" físico, a pessoa treinada acaba usando menos moléculas de gordura, justamente porque seus músculos são mais eficientes em aproveitar a energia proveniente dos substratos energéticos. E como falei mais acima, é bem possível que o treinamento em jejum proporcione um aumento nessa eficiência.

      Mas isso é tudo teoria, com base no que sabemos da nossa fisiologia básica. O que faltam de verdade são estudos mais bem feitos e mais prolongados. Os estudos que temos até o momento possuem duração de no máximo algumas semanas, mas talvez sejam necessários vários meses para confirmarmos (ou não) que o exercício em jejum poderia auxiliar no emagrecimento.

      Enquanto isso, ficamos com o que temos: ainda não podemos afirmar que o exercício em jejum, comparado ao exercício no estado pós-alimentado, possui um efeito direto sobre a perda de gordura corporal.

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  20. Muito bom o texto !!

    Álcool fornece calorias, como proteínas, lipidios e carboidratos?

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    1. Olá.

      Sim, o valor padrão para o álcool é de 7 kcal/g. Mas, assim como para carboidratos, proteínas e gorduras, a forma como o corpo metaboliza e utiliza essas calorias pode variar de acordo com uma série de variáveis.

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  21. Quem começou com essa baboseira de jejum intermitent aqui no Brasil foi o fanfarrão Lair Ribeiro, em 2015.
    Agradeço as suas informações, mas sou da escola que entende que devemos comer quando está com fome.
    Nem jejum forçado, e nem de 3/3h.

    Abç.

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    1. Olá.

      Comer quando tem fome a princípio é o melhor a se fazer. Mas isso não quer dizer que outras estratégias, quando bem aplicadas, como o caso do jejum intermitente, não têm o seu valor em determinadas situações.

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    2. Eu sabia que um dia voltaria aqui, mas não imaginava vim tão cedo rsrs

      https://www.ese-hormones.org/publications/press-releases/could-intermittent-fasting-diets-increase-diabetes-risk/

      Quando eu digo que o criador dessa moda aqui no Brasil é umbusteiro é porque eu sei o que estou falando ! A repercussão chegou até na Europa!

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    3. Apenas três considerações iniciais:

      1) Esse é apenas um dos protocolos de jejum intermitente. Mesmo que resultados como esse viessem a aparecer em outros estudos que aplicam esse protocolo, não necessariamente se aplicaria aos demais.

      2) Você acha que um estudo mostrando possíveis efeitos negativos é suficiente para contrapor vários outros estudos que mostram resultados contrários a esse? Sugiro uma reflexão: você acha que é assim que se avalia as evidências científicas?

      3) O estudo em questão foi feito em ratos. Você acha mesmo que os resultados de um trabalho com animais, mostrando efeitos negativos, é mais relevante do que os resultados de vários trabalhos em humanos que mostram efeitos positivos? Sem contar que, até mesmo em ratos e camundongos, podemos encontrar diversos estudos que mostram efeitos positivos do jejum intermitente.

      Realmente não foi dessa vez.

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  22. Muito legal seu texto.
    Acha mesmo possível que eu faça o jejum sem um nutricionista acompanhando? mesmo não sendo o ideal, é possível ou ariscado?

    Minha irmã de 47 estava pré-diabética, a endocrino dela passou os remédios (glifage e mais 2 ) ela não tomou nenhum, fez o jejum intermitente e retornou 2 meses depois.
    Estava tudo controlado. É inacreditável, não tenho diabetes mas tenho acumulo de gordurinha. Quero fazer mas tenho muito medo de desmaiar no trabalho.
    Me de uma dica !!
    Obrigada

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    1. Olá.

      Sim, é possível praticar o jejum intermitente por conta própria. É sempre bom ter a orientação de alguém que realmente entende do assunto, embora isso nem sempre seja fácil de conseguir, mas praticar o jejum não é tão complicado.

      Para a maioria das pessoas, os riscos são tão pequenos que podemos até dizer que são inexistentes. O primeiro passo talvez seja começar devagar. Por exemplo, você pode fazer com que o almoço seja sua primeira refeição do dia, deixando a manhã como período de jejum. Ou você pode fazer a sua última refeição do dia às 16:00, deixando o resto da tarde e da noite como período de jejum. Depois, se sentir bem, pode ir aumentando aos poucos o tempo que fica sem se alimentar.

      Não existe uma fórmula pronta. Você pode ir experimentando de acordo com a forma como o seu corpo se adapta. E lembre-se que você não precisa ficar presa ao jejum. Você pode fazer algumas semanas em que você fica algumas horas diárias em jejum, e depois intercalar com semanas sem o jejum. A experimentação é a chave.

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  23. Respostas
    1. Olá, Gustavo.

      Até onde sei, não existem estudos avaliando como o consumo de stevia influencia o estado de jejum induzido pelo jejum intermitente. Mas o mais provável é que o impacto seja mínimo ou inexistente.

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  24. João, li diversos artigos. Cara parabéns pelo seu empenho e por sua dedicação. E, mais ainda, por você poder ajudar a tirar dúvidas das pessoas que ficam batendo cabeça na internet pra lá e pra cá, procurando todo tipo de socorro!
    Cara, muita sorte na sua vida, que você tenha ainda mais sucesso na sua carreira e que tudo de bom possa sempre lhe acompanhar.

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  25. João, você é sensacional! Quanto conhecimento cara! João veja bem, to afim de fazer um teste de uma semana para ver o resultado, mas tenho uma dúvida, caso eu faça o 16/8, por exemplo: Almoço 13:00, frutas às 16 horas, quando for das 18:00 às 19:00 eu faço uma caminhada de 01 hora (já faço todos os dias), e quando eu for jantar às 20:00, jantar em torno de 500 calorias. Daí vai a pergunta, esse jantar não implicaria no meu jejum, já que eu durmo tipo 40 minutos após o jantar?

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  26. João eu que fiz o comentário acima, não sei o porquê de não sair minhas informações :(

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    1. Olá, Jorge.

      O jantar às 20:00 ainda faz com que você esteja dentro do período de oito horas de alimentação, então está de acordo com o protocolo. Mas, se estiver dentro das possibilidades, você pode pensar em inverter o horário do jantar com o horário da caminhada.

      De qualquer forma, deixo duas observações:

      1) O número de horas em jejum não precisa ser tão exato. Dito isso, é melhor "pecar" por um pouco mais de tempo em jejum do que por menos tempo, caso o objetivo seja observar em você mesmo quais potenciais efeitos benéficos o jejum pode trazer.

      2) Uma semana com esse protocolo de jejum é um começo, principalmente se a pessoa não tem experiência. Mas não espere grandes resultados, principalmente no que diz respeito a composição corporal. No geral, pelo menos algumas semanas são necessárias para que os efeitos na composição corporal comecem a aparecer.

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  27. Caro João, vou inverter às ordens como você disse acima, e vou postando o resultado semana a semana, vou ser bem metódico e educado no propósito.
    Obrigado mais uma vez.

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  28. Bom dia
    O jejum é contra recomendado em gastrite ou é mito?
    Estou pensando em fazer por conta própria é arriscado?
    Grata

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    1. Olá.

      Uma pergunta muito parecida com a sua já foi feita anteriormente, por uma leitora chamada Beatriz, nos comentários de outro texto que escrevi sobre jejum intermitente. Então recomendo dar um Ctrl+F (Windows) ou Cmd+F (Mac) e procurar por "Beatriz". Lá você vai encontrar minha resposta:

      http://cienciadanutricao.blogspot.com/2014/12/jejum-intermitente-parte-2.html

      Se por acaso ainda tiver dúvidas, só perguntar de novo.

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    2. Obrigada. mas não está dando certo. Eu faço exatamente como manda e é evidenciado apenas a sua resposta, o nome "Beatriz"
      Não aparece mais em outro comentário.
      Mas obrigada.

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    3. Mas é justamente a minha resposta à pergunta da Beatriz, no outro texto, que serve à pergunta que você me fez aqui. Por isso não sei se entendi o que você quis dizer com "não está dando certo".

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    4. Não aparece o "Beatriz" da sua resposta.
      Apenas o "Beatriz" da minha pergunta, onde vc explica para pesquisar "Beatriz"...

      Ai eu fui procurar mesmo sem aparecer em negrito e não aparece essa Beatriz, talvez ela tenha apagado.

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    5. Acabei de tentar mais uma vez e aparece sim a resposta que dei à pergunta da leitora "Beatriz". A busca que sugeri tem que ser feita na sessão de comentários do link que disponibilizei mais acima (e não nos comentários desse texto).

      Segue o link novamente:

      http://cienciadanutricao.blogspot.com/2014/12/jejum-intermitente-parte-2.html

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  29. Que maravilha ter encontrado esse blog. Muita informação boa
    Meu problema é o seguinte, sou magro mas me sinto muito bem quando faço jejum, desde estudar até musculação . Pelo que li parece não influir tanto no ganho de peso mas devo compensar isso no almoço por exemplo? comer mais carbo ou é indiferente? além disso, suplementação de probióticos é melhor para distensão abdominal do que suplementar prebióticos?

    Obrigado !!

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    1. Olá.

      Minha recomendação inicial é você seguir o seu apetite. Se praticar o jejum, é possível que naturalmente compense com um pouco mais de calorias nos períodos em que não estiver em jejum. Desde que não esteja perdendo peso, pode manter o jejum sem problemas; se começar a perder o peso, o melhor é parar com o jejum ou fazer um esforço deliberado para aumentar a ingestão calórica no período de alimentação. Esse maior consumo de calorias pode ser na forma de carboidratos ou não, desde que o corpo esteja recebendo mais energia para compensar o jejum.

      Como regra, caso tenha efeito em você (o que nem sempre é garantido), a suplementação com probióticos é melhor do que a suplementação com prebióticos para casos gerais de distensão abdominal.

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    2. Boa tarde! Comentei no outro post.
      Estou fazendo uso de creatina (uma colher de chá menorzinha) e ganhei 7 kilos. Treino mas não fico forte, sou bem magrelo.
      Gostaria de saber se esse peso que ganhei é só água que reteu no meus musculos, se puder me de alguma dica para comer de manhã sem ser pão.
      To cansado de tapioca e ovo.
      Muito obrigado. Alex

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    3. Olá, Alex.

      Não posso dizer se o seu ganho de peso foi apenas água ou alguma alteração na composição corporal, pois para isso seria necessária uma avaliação física.

      E sinto dizer que não posso te ajudar diretamente com quais alimentos escolher, porque isso dependeria de uma avaliação da alimentação que só pode ser feita por meio de consulta.

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  30. João, boa noite. Na era paleolítica a dieta era cetogênica?

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    1. Olá.

      Ninguém realmente sabe, porque não estávamos lá. Mas certamente existia uma variedade de dietas diferentes, dependendo das regiões e das estações. Considerando a ampla variedade de vegetais que existe e sempre existiu para consumo, eu diria que é bem provável que a maioria das dietas, da maioria das populações e durante a maior parte do tempo, não era cetogênica.

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  31. Vê se eu entendi:
    jejum intermitente só emagrece de o individuo tiver resistência insulínica.
    Se não, só emagrece caso houver restrição calórica junto com o jejum.
    É isso?

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    1. Olá.

      Na verdade, o jejum intermitente pode levar ao emagrecimento em qualquer pessoa. E como explicado no texto, temos estudos mostrando que esse emagrecimento induzido pelo jejum intermitente tende a acontecer mesmo quando não ocorre restrição calórica. Inclusive, mais um estudo que corrobora esse fato foi recentemente publicado:

      https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/30569640

      O que acontece é que, assim como qualquer intervenção capaz de induzir o emagrecimento, o jejum intermitente tende a ser ainda mais eficaz na redução de peso e na melhora das complicações metabólicas que se observa em casos de obesidade, síndrome metabólica e resistência à insulina.

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  32. Comecei a fazer a jejum intermitente e to muito orgulhoso dos resultados... uma glicose que batia 110, a endocrino passou uma dieta vergonhosa de 1400 calorias que prefiro nem citar o que tinha na folha

    Agora com o jejum e com as dicas que tenho seguido incluindo nesse blog....

    ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

    GLICOSE SERICA:
    83

    mg/dL

    Material:
    Soro
    Método:
    Enzimático - Colorimétrico
    Vr:
    Desejável: 60 a 99 mg/dL


    ______________________________________________________________________________________________________________________________________________

    TRIGLICERIDES:
    62

    mg/dL

    Material:
    Soro
    Método:
    Enzimático - Colorimétrico
    Vr:
    Nível desejável: Menor que 150 mg/dl Sensibilidade: 1,6 mg/dl
    Nível limítrofe: de 150 a 199 mg/dl Linearidade : 600,0 mg/dl
    Nível alto.....: de 200 a 499 mg/dl
    Nível muito alto:Maior que 500 mg/dl

    Obrigado!

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  33. Opa, boa tarde.
    O jejum intermitente é melhor aproveitado quando num contexto lowcarb, ou fazer jejum e no resto do tempo comer alta carga glicêmica não influencia?
    Porque de tudo que eu sei, a hipoglicemia tem mais chance de ocorrer quando nas principais refeições tem muito carbo, o jejum no caso altera alguma coisa?

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    1. Olá.

      Primeiro, esclarecendo a questão da hipoglicemia: refeições com mais carboidratos ou com carboidratos de maior índice/carga glicêmica podem levar a flutuações maiores na glicemia (tanto no aumento como na queda), mas virtualmente nunca levam a quadros de hipoglicemia propriamente dita.

      Em relação ao que você pergunta sobre o jejum, a verdade é que ninguém realmente sabe. Não temos estudos avaliando o efeito do jejum intermitente em pessoas adaptadas a uma dieta low-carb. É possível que o efeito dessa prática seja diferente em pessoas com uma alimentação restrita em carboidratos, quando comparadas a pessoas que seguem dietas comuns. Mas não temos como dizer com muita certeza. Apesar disso, em qualquer um dos casos a prática do jejum intermitente invariavelmente traz benefícios.

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