Em 2014, escrevi um dos textos mais lidos aqui no blog:
“Sódio faz mal à saúde?”
Nele, eu apresentei dados que mostram de forma bastante direta que, diferentemente do que ouvimos falar de profissionais e da mídia, o “excesso” de sódio não faz mal à saúde. Além disso, afirmei que, de acordo com a literatura científica, consumir dietas hipossódicas não leva à redução no risco de eventos cardiovasculares, de morte cardiovascular ou de mortalidade total.
Porém, mesmo após a leitura do post, muitas pessoas ainda
perguntam:
“Mas e a quantidade de 12 g/dia de sal que o brasileiro, em
média, consome? Esse tanto de sal não vai fazer mal?”.
É um questionamento válido. E, considerando sua frequência,
me fez refletir sobre o fato de que as informações contidas no post anterior talvez não tenham sido apresentadas da forma mais clara possível.
Assim, o objetivo desse texto é reorganizar e atualizar as
informações discutidas no post anterior, para que a mensagem a
respeito da verdade sobre o sal seja mais claramente transmitida e, portanto, mais bem assimilada.
E como somos seres que dependem muito da visão, vamos usar imagens para melhor ilustrar o assunto.
E como somos seres que dependem muito da visão, vamos usar imagens para melhor ilustrar o assunto.
Recomendações de sal
e sódio
Relembrando, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o consumo de 5 g/dia de sal. E o Ministério da Saúde diz exatamente a mesma coisa*.
*A recomendação de sal de 5 g/dia era do Guia Alimentar Para a População Brasileira de 2008. A nova versão do Guia, de 2014, não determina mais uma quantidade específica para o
consumo de sal. Porém, o valor de 5 g/dia ainda é considerado como a
recomendação oficial e pode ser observado em materiais e documentos do
Ministério da Saúde.
Vale lembrar também que o sódio equivale a 40% do peso do sal. Ou
seja, 5 g (5000 mg) de sal é o mesmo que 2000 mg de sódio. Saber dessa
distinção, e prestar atenção nesse detalhe, é importante para que não haja
confusão com as informações a seguir.
Associação entre sal,
doenças cardiovasculares e mortalidade
Como sempre gosto de frisar, a associação entre duas
variáveis não significa que existe causa e efeito entre elas. Os estudos observacionais procuram apenas por associações, que depois podem ter sua
relação de causalidade testada diretamente por ensaios clínicos.
Devido à sua virtual incapacidade em determinar causa e efeito, vamos falar primeiro dos estudos observacionais.
Abaixo, foram escolhidos apenas estudos que utilizaram o método de excreção urinária de sódio de 24 horas para determinar a ingestão de sal pelos participantes. Essa metodologia é considerada como padrão-ouro para essa finalidade, e é mais precisa do que estimar a quantidade ingerida de sal a partir de perguntas — por recordatório alimentar, diário alimentar ou questionário de frequência alimentar — sobre os alimentos consumidos pelos participantes dos estudos. No caso, o valor obtido pela excreção urinária de sódio de 24 horas é praticamente o mesmo (~90%) em relação à quantidade ingerida desse nutriente durante o mesmo período.
Abaixo, foram escolhidos apenas estudos que utilizaram o método de excreção urinária de sódio de 24 horas para determinar a ingestão de sal pelos participantes. Essa metodologia é considerada como padrão-ouro para essa finalidade, e é mais precisa do que estimar a quantidade ingerida de sal a partir de perguntas — por recordatório alimentar, diário alimentar ou questionário de frequência alimentar — sobre os alimentos consumidos pelos participantes dos estudos. No caso, o valor obtido pela excreção urinária de sódio de 24 horas é praticamente o mesmo (~90%) em relação à quantidade ingerida desse nutriente durante o mesmo período.
Estudo 1. Há mais
de 20 anos, resultados "intrigantes" já haviam sido observados. Após
cerca de 4 anos de acompanhamento, com aproximadamente 3000 indivíduos, esse estudo de 1995 verificou que quanto menor era o consumo de sódio, maior
era o risco de infarto:
Estudo 2. Menor número de pessoas, maior tempo de acompanhamento: 638 indivíduos monitorados por 10 anos. Mesmos resultados: relação inversamente proporcional entre ingestão de sódio e mortalidade. Em outras palavras, quanto menor o consumo de sal, maior a mortalidade:
Estudo 3. Em uma população de cerca de 30 mil pessoas, com uma média de acompanhamento de 4 anos e meio, foi verificado que o menor risco de morte ou eventos cardiovasculares estava associado à ingestão de 10 a 15 g/dia de sal:
Estudo 4. Durante um período mediano de 8 anos, mais de 3500 indivíduos foram acompanhados. Mais uma vez foi observado que o menor consumo de sal estava diretamente relacionado ao maior risco de eventos e mortalidade por doenças cardiovasculares na população:
Estudo 5. Esse é provavelmente o maior estudo original já publicado a avaliar a relação entre sódio e saúde cardiovascular: mais de 100 mil pessoas, de 17 países diferentes, foram acompanhadas por um tempo médio de aproximadamente 4 anos. Ao final desse período, foi observado que as pessoas com ingestão de sódio entre 3000 e 6000 mg/dia (7,5 e 15 g/dia de sal) apresentavam o menor risco de mortalidade ou eventos cardiovasculares. Valores acima, e especialmente abaixo, desses foram associados com maior risco desses desfechos.
Apesar de terem sido exemplificados apenas estudos que mediram a ingestão de sal pelo método da excreção de sódio de 24 horas, os trabalhos que estimaram o consumo de sal por meio de dados das dietas dos participantes chegam à mesma conclusão: existe uma relação inversa entre consumo de sal e risco cardiovascular. Alguns exemplos aqui, aqui e aqui.
Estudo bônus. Em 2013, foi verificado que os níveis sanguíneos de cloreto também
parecem ter relação com a saúde. No caso, foi observado que, em 13 mil
indivíduos hipertensos, acompanhados por 35 anos, quanto menor era a concentração sérica de cloreto, maior era o risco de
mortalidade total e mortalidade cardiovascular. Para quem não se lembra, o
sal que consumimos é formado por sódio (40%) e cloreto (60%).
Esses são alguns exemplos de como a associação entre o consumo
de sal e o risco cardiovascular é bem diferente daquilo que nos contam.
Considerando a última meta-análise que avaliou todos os estudos de coorte,
incluindo os citados acima, é possível afirmar que, na verdade, a ingestão de 6 a 12 g/dia de sal, quando comparada
às recomendações de ≤ 5 g/dia (OMS e Ministério da Saúde), está associada a um menor risco de mortalidade e doenças cardiovasculares.
Ainda, vale lembrar que aproximadamente 90% da população mundial consome entre 6 e 12 g/dia de sal — e a maior parte dos 10% restantes provavelmente são pessoas (erroneamente?!) orientadas a consumir dietas hipossódicas. Por esse motivo, dá para imaginar que, no que diz respeito ao sal, a população em geral está segura, não é mesmo?
Podíamos parar por aqui, já que esses resultados são bem consistentes e já foram replicados em diversos estudos — em pessoas com ou sem hipertensão, com ou sem diabetes —, como os apresentados acima. Porém, vamos adiante para saber o que os ensaios clínicos têm a dizer sobre a relação de causalidade entre redução no consumo de sal e desfechos de saúde.
Ainda, vale lembrar que aproximadamente 90% da população mundial consome entre 6 e 12 g/dia de sal — e a maior parte dos 10% restantes provavelmente são pessoas (erroneamente?!) orientadas a consumir dietas hipossódicas. Por esse motivo, dá para imaginar que, no que diz respeito ao sal, a população em geral está segura, não é mesmo?
Podíamos parar por aqui, já que esses resultados são bem consistentes e já foram replicados em diversos estudos — em pessoas com ou sem hipertensão, com ou sem diabetes —, como os apresentados acima. Porém, vamos adiante para saber o que os ensaios clínicos têm a dizer sobre a relação de causalidade entre redução no consumo de sal e desfechos de saúde.
Dietas hipossódicas
trazem benefícios?
Para verificar isso, precisamos de apenas uma imagem. Esses
resultados são da última meta-análise que reuniu todos os estudos que
avaliaram o efeito de dietas com redução de sal sobre os desfechos eventos
cardiovasculares, mortalidade cardiovascular e mortalidade total:
Os valores que devem ser observados são aqueles que se encontram na última coluna (Effect size), como, por exemplo, o primeiro deles: “0.96 [0.83, 1.10]”. Toda vez que o valor “1.00” estiver incluído no intervalo dos números (marcados em vermelho) que se encontram dentro dos colchetes, isso significa que não houve nem redução e nem aumento no risco do desfecho avaliado.
E, como podemos perceber, todos os intervalos contemplam o valor 1.00, o que quer dizer que a ingestão de dietas com reduzido teor de sal (hipossódicas) não reduz o risco dos desfechos
mencionados acima, nem mesmo em indivíduos com hipertensão.
Nesse contexto, um estudo publicado em 2015 ajuda a explicar o porquê disso. Foi demonstrado que, apesar de a suplementação de sódio levar ao aumento da pressão arterial, a maior ingestão de sódio parece não exercer efeito algum sobre a função endotelial — que é basicamente a capacidade, das células endoteliais dos vasos sanguíneos, de relaxar ou contrair nos momentos certos. E isso é muito importante, uma vez que a função endotelial é um dos principais fatores envolvidos no desenvolvimento de complicações cardiovasculares.
Nesse contexto, um estudo publicado em 2015 ajuda a explicar o porquê disso. Foi demonstrado que, apesar de a suplementação de sódio levar ao aumento da pressão arterial, a maior ingestão de sódio parece não exercer efeito algum sobre a função endotelial — que é basicamente a capacidade, das células endoteliais dos vasos sanguíneos, de relaxar ou contrair nos momentos certos. E isso é muito importante, uma vez que a função endotelial é um dos principais fatores envolvidos no desenvolvimento de complicações cardiovasculares.
Existem muitas coisas com as quais podemos nos preocupar em nossa alimentação, mas o sal não é uma delas. Principalmente se você se alimenta com comida de verdade.
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- Sódio faz mal à saúde?
- Sal: o que nunca lhe contaram sobre ele
- A ilusão do sal rosa do Himalaia
Parabéns pelo artigo. Por gentileza, qual seria a quantidade permitida de sal visando a saúde renal? Muito grato. Sucesso!
ResponderExcluirObrigado!
ExcluirPor incrível que pareça, esse assunto é muito menos estudado do que provavelmente deveria. Infelizmente não temos boas evidências de ensaios clínicos, mas os estudos observacionais sugerem que quantidades acima de 12 g/dia de sal estão associadas à piora da função renal.
Em indivíduos que já possuem problemas nos rins, é possível que uma ingestão menor seja necessária, talvez por volta de 5 ou 6 g/dia (talvez um pouco mais, talvez um pouco menos). É difícil dizer, porque também não temos boas evidências para esses pacientes. Os estudos que avaliaram quantidades inferiores a esses valores mostraram, até o momento, resultados contraditórios e muito pouco conclusivos.
http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/24510182
Muito grato!
ExcluirInteressante a abordagem, mas o sal propagandeado(marinho ou grosso dá no mesmo em função do seu maior grau de minerais?)Agora pergunto, pq os médicos quererem nos fazem crer que o sal, e outras coisas seriam as responsáveis por isso e aquilo ou como já li, é a má formação mesmo que resulta em mau diagnóstico? Aliás falando nisso, médicos dão pitaco sobre nutrição, exercícios físicos, psicologia etc. A (questão do ato médico) rsrsrsrs
ResponderExcluirOlá, Míron.
ExcluirEm breve vou publicar um texto sobre os demais tipos de sal.
Não vejo problema nos médicos opinarem sobre assuntos que não são exatamente suas áreas, desde que tenham uma verdadeira segurança para falar sobre esses assuntos (o que muitas vezes não acontece). E que baseiem suas opiniões em evidências científicas (o que normalmente também não acontece).
O grande problema que vejo é que boa parte dos profissionais quer ser "bom" no que faz ou "melhor" que os demais profissionais de saúde. Porém, poucos se preocupam em simplesmente mostrar a "verdade".
João, mais um grande post que vai para a minha artilharia...rs
ExcluirPara o próximo post, você poderia descrever mais a relação do sal (sóio, cloretos) sobre a saúde dos rins, acredito ser um tópico muito importante.
Miron, quanto a quantidade e minerais de um ou outro sal, acho que quanto mais natural o alimento, incluindo o sal, melhor! Porém, creio que o mais importante é a DENSIDADE NUTRICIONAL: supondo que você consuma 10g de sal no dia, qual a diferença de nutrientes entre um ou outro tipo de sal? E a diferença de nutrientes compensa o valor $ investido? Muitas vezes pagamos uma fortuna por um nutriente que terá tantos ZEROS na frente que é possível "evaporar na panela".
Olá, Marcos.
ExcluirNão sei quando exatamente vou falar sobre esse tema de sódio e rins, mas a sugestão tá anotada. E em relação aos tipos de sal, não só compartilho da sua opinião como falarei exatamente sobre isso no próximo post!
Bom dia João
ResponderExcluirQuanto ao cloreto e ao sódio não há com o que se preocupar, mas e quanto aos aditivos que contem no sal?
Por exemplo, a marca que eu costumo consumir, possui a seguinte lista de ingredientes:
Sal Refinado Extra, Iodato de Potássio.
Antiumectantes:Ferrocianeto de Sódio e Dióxido de Silício.
Será que é seguro o consumo destes antiumectantes com frequência?
O fato de ser refinado também pode apresentar algum risco a saúde?
Obs.:Só utilizo sal na preparação de "comida de verdade"
Olá, Ulisses!
ExcluirFalarei com mais detalhes sobre esses aditivos no próximo texto. Mas, pra não passar em branco, te digo que a minha opinião é que eles não seriam problemáticos. Depois do próximo post você pode concordar, ou não, comigo!
Boa noite João
ExcluirBom saber, vou aguardar seu próximo post.
Mas, por curiosidade, entrei no site do fabricante do sal para ver se tinha alguma informação a respeito destes aditivos e encontrei uma opção de sal líquido com os seguintes ingredientes: Água mineral, sal refinado extra e iodato de potássio.
E na descrição do produto, fizeram questão de escrever "sem aditivos".
Talvez deva ser uma boa escolha a versão líquida.
Obrigado pela atenção e, como sempre, o post foi excelente!
http://www.salcisne.com.br/cisne-liquido.php?id=cisne-liquido
ExcluirMuito bom saber disso, porque mesmo que não possamos afirmar que os aditivos venham a realmente causar prejuízos, nunca podermos excluir 100% a possibilidade de alguém apresentar algum tipo de problema.
ExcluirPor outro lado, o "sem aditivos" poderia ser simplesmente pelo marketing também. Mas, nesse caso, talvez seja melhor prevenir do que remediar.
Obrigado pelo dica!
Um grande médico,Fernando Hoisel dizia que tem três assassinos brancos, o sal, o açúcar e a farinha refinada.
ExcluirEsclarecendo, sal refinado, açúcar refinado e a farinha branca.
Excluirquanto ao sódio, parece que ficou claro. Uma outra preocupação é com o potassio. A recomendação de 4700 mg/dia é correta ? Procurando na tabela de alimentos (TACO) vejo que a maioria dos vegetais (verduras e legumes ) está na faixa de 200 a 400 mg/100g. As carnes também estão nesta faixa. Então, se a media do que comermos tiver por ex 300 mg/100g , deveríamos ingerir mais de 1,5 Kg de comida por dia só para alcançar os níveis de potássio? Com alimentos na faixa de 200 mg/100g deveríamos ingerir 2,3 Kg de alimentos/dia. Outro problema é o magnésio, esse então, só suplementando para alcançar os valores em torno de 400 mg/dia.
ResponderExcluirO que você pode me dizer sobre isso, deveríamos nos empanturrar de tanta comida? Quem consegue fazer isso?
Olá, Nelson.
ExcluirEsse ponto sobre o potássio que você tocou é muito, muito pertinente. Faz tempo que tenho pretendido escrever sobre o assunto, mas ainda não foi possível...
A recomendação de 4700 mg/dia não só parece ser estranhamente elevada, mas também não possui o devido embasamento científico. Esse valor de 4700 mg é baseado EXCLUSIVAMENTE (não gosto de usar maiúsculas pra escrever, mas nesse caso é inevitável) em estudos que buscavam avaliar como a SUPLEMENTAÇÃO de potássio poderia atenuar o efeito da ingestão de sódio sobre a pressão arterial.
De fato, pelo menos no curto prazo, a maior ingestão de sódio leva a um aumento (modesto) na pressão arterial. Nesse caso, a suplementação de potássio é sim capaz de prevenir tal aumento. Tudo isso é muito bonito, mas irrelevante considerando que o leve aumento na pressão arterial pelo maior consumo de sódio normalmente não é algo que se mantém no longo prazo e, além disso, também não é um fator causal no desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Resumindo: é muito pouco provável que a ingestão de potássio necessária para a manutenção da saúde seja tão grande, principalmente porque o corpo regula muito bem as concentrações de sódio e potássio no organismo.
Em relação ao magnésio, eu sinceramente não tenho um conhecimento tão aprofundado sobre o embasamento científico utilizado na determinação do valor de 400 mg/dia.
Porém, atingir essa quantidade não é tão difícil assim. Os alimentos mais ricos nesse nutriente são as sementes e as oleaginosas: castanha de caju, nozes, amêndoas, macadâmia, chia, semente de abóbora, gergelim etc. Todas são boas ou excelentes fontes de magnésio. Alguns cereais, como a aveia, também são boas fontes.
E, no caso desses alimentos, porções relativamente pequenas, como as que podem ser consumidas no dia a dia com certa tranquilidade, são suficientes para garantir esse aporte de magnésio.
Muito grato por estas respostas. Só pra comentar, às vezes penso que estas recomendações deveriam ser em termos de mg/kg de peso corporal. Talvez estes valores foram elaborados para pessoas "grandes" (1,8 - 1,9 m de altura e 80 a 90 Kg). Pois, imagino, que uma pessoa menor p ex com 1,6m e 60 Kg vá necessitar menos quantidade de todos os nutrientes ?
ResponderExcluirÉ bem possível que recomendações em g/kg, mg/kg ou mcg/kg seriam mais interessantes. Porém, vale ressaltar que essas quantidades normalmente correspondem àquelas necessárias para suprir as necessidades daquelas pessoas com maior demanda total de nutrientes. Só que a maior demanda total não necessariamente é determinada apenas pelo peso corporal. Em alguns casos, pessoas menores -- devido a alterações genéticas ou, talvez, epigenéticas -- podem apresentar necessidades nutricionais até maiores, em valores absolutos (e, por isso, maiores também em valores relativos), do que indivíduos mais pesados.
ExcluirEntretanto, acredito que, de maneira geral, é bem possível sim que pessoas menores realmente precisam de quantidades um pouco menores de boa parte dos nutrientes. É por isso, por exemplo, que a necessidade de vários dos nutrientes é menor em mulheres do que em homens.
Olá, João, ótimo artigo! tem um vegano crudivoro (tem um canal no youtube chamado saúde frugal) ele disse que o sódio do sal é inorgânico (logo faz mal) ja o dos vegetais é o orgânico logo é bem assimilado pelo nosso organismo... tenho motivos para crer que estou em um comprometimento adrenal, depois que comecei a consumir mais sal tive uma melhora integral (mental, física, emocional) o Dr joel fuhrman defende em seu livro (super imunidade) que paremos de consumir sal, ele disse que o sodio em excesso pode causar problemas cardiacos mesmo não elevando a pressão arterial, disse que o sal pode causar câncer de estomago, eu tenho esse livro dele, é um livro bem sensato sem extremismos, que parece ser baseado em estudos randomizados... fico meio assim em relação ao consumo de sal... é difícil obter sódio em quantidade ideal apenas consumindo vegetais? abraço!
ResponderExcluirOlá, Renan.
ExcluirSe você tentar obter sódio apenas de alimentos de origem vegetal, sua ingestão será baixa. No mínimo será relativamente baixa, quando comparada à ingestão de sódio por pessoas que adicionam sal aos alimentos.
Mas isso não necessariamente significa que você terá problemas. Nem mesmo considerando que os estudos, como os destacados no texto, mostram que o baixo consumo de sódio também está relacionado ao aumento de mortalidade. O que vale sempre lembrar é que esses estudos são observacionais, e por isso não necessariamente querem dizer que o baixo consumo de sódio é a causa do aumento de mortalidade total ou cardiovascular. É bem provável que existam vários fatores de confundimento no meio dessa história.
Na minha opinião, não há evidências fortes os suficiente para acreditar que o baixo consumo de sódio é o que leva ao aumento de mortalidade ou problemas cardiovasculares. Com exceção de pessoas com insuficiência cardíaca, porque nesse caso temos evidências de ensaios clínicos mostrando que a baixa ingestão de sódio parece realmente ser prejudicial. No mais, acredito que pessoas saudáveis não precisam se preocupar muito com essa questão.
Agora, em relação a outros problemas de saúde, confesso que nunca estudei muito em detalhes. Mesmo assim, pelo conhecimento que tenho, evidências mais diretas de que o sódio poderia ser problemático são escassas. Teríamos que nos basear novamente em estudos observacionais. Nesse, caso, o problema é que as pessoas que consomem mais sódio normalmente possuem piores hábitos alimentares e de saúde. Daí fica a pergunta: uma associação positiva do consumo de sódio com qualquer doença realmente reflete um papel negativo do sódio?
Ok, obrigado por mais uma resposta sensata :)
ExcluirEu só tenho o ensino médio,mas eu vejo nisso tudo uma grande paranóia,consumo os dois tipos de sal,não sou adepto do naturalismo,mas também não sou anti naturalista.Eu acho que temos de ter as duas atividades,física e mental.Mas quando uma atividade for superior a outra ,aí ,a meu ver ,é preciso uma suplementação alimentar para evidenciar essa atividade.O ser humano é um animal evolutivo,quando ele é ativo e está sempre buscando o conhecimento positivo.A atividade mental,à priori,é superior à atividade física...
ResponderExcluirVale a pena pesquisar, Lugol e cloreto de magnésio PA
ExcluirTenho problema de calculo renal qual seria o sal ideal para mim
ResponderExcluirOlá.
ExcluirNenhum sal por si só a princípio é prejudicial em casos de cálculo renal. Então você pode consumir o sal refinado sem problemas. Ou pode optar por outras opções, desde que você obtenha iodo de outras fontes:
http://cienciadanutricao.blogspot.com.br/2016/02/a-ilusao-do-sal-rosa-do-himalaia.html
Olá. Boa noite
ResponderExcluirEstou usando o sal marinho integral, é melhor do que o refinado mesmo? Posso substituir o refinado em todas as preparações? Porque tem essa questão do iodo, embora o integral diz no rótulo que tem iodo.
Obrigada. Marta Campos
Olá, Marta.
ExcluirSe for um sal marinho com iodo, a princípio é simplesmente igual ao sal refinado comum. Nem melhor, nem pior.
Desde que comecei a usar sal integral do mar celto e do Himalaia minha pressão baixou.
ResponderExcluirNo seu texto de sal rosa vc critica.
Minha experiencia foi a melhor possível e vou continuar usando Sal rosa da SMART.
Porque profissionais como Dr Lair Ribeiro indicariam? de onde eles tiram essa informação se não fosse verdade? Acha mesmo que ele diz isso para vender sal integral?
Convenci todos a usar sal integral e vou continuar dissipando.
Olá.
ExcluirSinceramente não sei de onde as pessoas que defendem o sal rosa e outros sais não refinados tiram suas informações sobre os supostos benefícios. É por isso que eu sempre pergunto a essas pessoas de onde vêm essas informações, mas até hoje ninguém me mostrou referências científicas que poderiam embasar o uso desses sais.
Por que alguns profissionais indicam? Também não tenho certeza, mas acredito que seja porque são sais integrais e menos processados. E isso é verdade, mas ser menos processado ou integral não necessariamente significa que existem benefícios adicionais para a saúde a partir do consumo desses sais.
Como sempre falo, se um dia surgirem estudos falando sobre reais benefícios do sal rosa ou de outros sais integrais, daí não tem o que discutir (desde que sejam estudos de qualidade). Enquanto não houver, não podemos afirmar que existem benefícios.
Sobre o seu caso, não desacredito que sua pressão arterial tenha diminuído. Mas isso não quer dizer que foi um efeito direto dos sais integrais. Pode ter sido o simples efeito do tempo. Ou pode ter sido o efeito de outras mudanças na alimentação e de hábitos de saúde que você adotou junto ao consumo desses sais, assim como é caso de quase todo mundo que começa a consumir o sal rosa ou outros sais integrais. Quando as pessoas se deparam com problemas de saúde, elas costumam fazer uma série de mudanças simultâneas em seus estilos de vida.
Uma pergunta: quem bancaria um estudo para comparar sal refinado com sal integral?
ExcluirSó uma curiosidade mesmo, fico imaginando que linda coorte que seria, no mundo imaginário.
Se você se baseia em estudos de coorte, com amostragem grande e grupo heterogenio para exercer uma boa nutrição, acho muito difícil.
Como diz o nutricionista e pesquisador Pedro Bastos, quantos estudos e qual a amostra necessária para provar que pular de um avião com paraquedas é melhor o que sem paraquedas?
Nenhum, basta pensar na fisiologia, se pular sem vai morrer por anóxia ou trauma.
Minha referência: https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/14684649
( Leve na brincadeira viu? Ao contrário do comentário a baixo, eu não sou dono da verdade, apenas gosto de discutir e adquirir novas visões. )
Nem todo o investimento para estudos na área da saúde são da indústria. Na verdade, boa parte dos estudos de coorte são financiados pelos órgãos que fomentam pesquisa nos Estados Unidos e na Europa. Então, sim, existe uma boa possibilidade de estudos futuros comparando o sal refinado aos sais integrais, porque teoricamente poderia existir potencial para melhorar a saúde da população e reduzir gastos com custos "desnecessários" na saúde pública.
ExcluirPensar na fisiologia nem sempre é suficiente para entendermos como os nutrientes atuam no corpo e como podem interagir com outros componentes da alimentação. E existem muitos exemplos sobre isso, mas vou citar apenas um.
Virtualmente todos os estudos em animais e células (incluindo humanas) mostram que a vitamina E apresenta bom ou até excelente potencial no combate ao câncer de próstata. Do ponto de vista fisiológico, considerando os efeitos que ela tem no organismo, faz todo sentido. Quando a vitamina E foi finalmente testada em um ensaio clínico grande e de qualidade, a suplementação não apenas foi ineficaz no combate ao câncer de próstata como levou a um aumento no risco da doença.
Às vezes pensar na fisiologia pode ser suficiente, principalmente se a condução de estudos for algo difícil de realizar. Mas nenhum desses é o caso da comparação entre sal rosa, sais integrais e sal refinado. Talvez não seja possível realizar estudos "perfeitos", mas certamente seria possível avançar nessa área.
Muito bom. Já li este texto 2 vezes.
ResponderExcluirMuito ponderado e explicativo.
Eu sei que você não é a favor mas eu uso sal integral vai fazer 5 anos sem nenhum problema.
Renata
Olá, Renata.
ExcluirNão sou contra sais integrais. Só acho que devemos afirmar o que sabemos, e ter cuidado ao falar sobre o que não sabemos.
Especificamente sobre os sais integrais: não falar sobre benefícios que não temos certezas que são reais, e ter cautela com eventuais problemas que poderiam estar relacionados, como a possível insuficiência de iodo.
Mas o sal integral não tem iodo?
ExcluirQue eu saiba eles retiraram o iodo e mais vários nutrientes no processo de refinamento, e aí depois que viram a bobagem com a incidência de bócio, eles fizeram a iodação do sal como se fosse algo novo, mas sempre teve.
Aprendi isso lendo um livro do Mark Kurlansky.
Bem, de qualquer forma o meu tem. No rótulo está escrito que vem com 20mcg .
Olá.
ExcluirTodos os sais integrais provavelmente contêm iodo, mas a questão é o quanto de iodo está presente neles. O sal marinho, por exemplo, talvez seja o mais concentrado entre os sais integrais. Mesmo assim, a quantidade de iodo em sua composição é em média 10 vezes menor (ou até menos) do que o que é recomendo na fortificação de iodo no sal refinado.
E o que dizer sobre o sal rosa, que não temos estudos falando sobre sua composição mineral? Será que ele possui mais iodo do que o sal marinho? Se sim, seria uma quantidade suficiente, no longo prazo, para garantir as necessidades nutricionais de uma pessoa? Enquanto não houver análises confiáveis, não podemos dizer muito.
Esses 20 mcg de iodo no seu sal são referentes a que quantidade de sal? Pergunto isso porque, dependendo da porção que estiver referida na embalagem, é bem possível que essa quantidade não seja suficiente para suprir as necessidades nutricionais da maioria das pessoas.
Poderia me falar um pouco sobre o mineral magnésio
ResponderExcluirAs formas queladas e em sal faz diferença?
O magnésio dimalato pode de fato melhorar o status energético devido ao malato entrar no ciclo de krebs ou é viagem isso?
o magnésio glicina tem ação de relaxamento?
Olá.
ExcluirEsse é um assunto extremamente complexo para ser tratado em apenas um comentário. Sem contar que o pequeno número de estudos comparando diferentes formas de magnésio, nos mais diversos desfechos que poderiam ser avaliados, complica a discussão -- no sentido de os argumentos ficarem muito mais na teoria do que na prática.
O que eu posso dizer é o seguinte: na maioria dos casos, todas as formas de suplementos de magnésio vão ser minimamente eficazes em contornar quadros de insuficiência desse mineral. Em algumas situações específicas, as formas com maior biodisponibilidade, como as queladas, podem fazer diferença. Mas esses casos certamente não são a maioria, e precisam ser bem avaliados para saber se as formas com maior biodisponibilidade seriam realmente necessárias.
É curioso porque não tenho deficiencia de magnésio. Já medi no sangue.
ResponderExcluirMas passei a usar o cloreto de magnésio, e é impressionante como melhorou minha saúde. Eu tinha discretas dores na coluna, sou jovem ainda, mas eu tinha principalmente quando deitava a noite e relaxava, doia tudo... achei que fosse má postura. Depois que passei a tomar desapareceu 100% essa dor em específico...
Ai agora na loja de produtos naturais que eu comprava o cloreto agora estão vendendo da mesma marca o magnésio dimalato e eu vi na internet que ele auxilia na energia, achei duvidoso pela dosagem de 500 mg pouco se formos pensar em todas as celulas...Mas comprei já e to usando faz 2 dias...
Olá.
ExcluirEssa quantidade de 500 mg de magnésio não é pequena. É só lembrar que existem nutrientes que são ingeridos em microgramas. O número de células do corpo é muito grande, mas ele se vira com essas quantidades aparentemente pequenas.
Li tudo e não encontrei, nem nas respostas aos comentários, explicações que me tirassem as seguintes dúvidas: 1) O consumo de sal (qualquer um) acima dos limites orientados pela medicina, causa hipertensão? A hipertensão causa problemas de saúde?
ResponderExcluirOlá.
ResponderExcluirAs recomendações dos órgãos de saúde geralmente são de até 5-6 g/dia de sal. Como expliquei no texto, o consumo de quantidades de sal equivalentes a essas está associado a um maior risco de mortalidade e eventos cardiovasculares, quando comparadas a quantidades de 7-10 g/dia. Logo, podemos concluir que as recomendações atuais não são baseadas no que a ciência diz.
O efeito do sódio sobre a pressão arterial varia muito de pessoa para pessoa. Mas, na maioria dos casos, quantidades até 10 g/dia causam um efeito muito pequeno e que tende a normalizar com o passar do tempo.
Só que o mais importante é o seguinte: ninguém se torna hipertenso simplesmente por consumir quantidades “elevadas” de sal. A hipertensão, na verdade, é uma consequência da desregulação metabólica do organismo. E essa desregulação acontece quando ocorre ganho de peso ou acúmulo de gordura na região abdominal. Sim, a hipertensão por si só pode causar problemas. Mas o grande problema mesmo é o que está por trás da pressão arterial elevada: a disfunção metabólica. Essa é a raiz do problema.
TOMO LOSARTANA. PRECISO REDUZIR O SAL MAS COMPREI O SAL LIGHT COM MENOS SÓDIO. CONVÉM USAR? OBRIGADA
ResponderExcluirMARILDA. BELO HORIZONTE
Olá, Marilda.
ExcluirEu só poderia dar uma recomendação específica sobre esse assunto se eu tivesse mais informações sobre o seu caso, principalmente porque envolve medicamento além da alimentação. O que posso fazer é te orientar a procurar por profissionais que tenham confiança no que estão fazendo, para que possam cuidar da melhor forma possível do seu caso.