terça-feira, 4 de abril de 2017

E se comer salmão fosse mais barato que suplementar ômega-3?




Muito se discute sobre o melhor suplemento de ômega-3. Óleo de peixe ou o “novo” óleo de krill? Na forma de fosfolipídeos ou triglicerídeos? Qual é a dose ideal? E o melhor horário?

Antes mesmo dessas perguntas, poderíamos nos questionar: precisamos mesmo aumentar nosso consumo de ômega-3? Sei que muitas pessoas podem estranhar essa pergunta: “Como assim? É claro que precisamos comer mais ômega-3. Todo mundo sabe que o ômega-3 faz muito bem pra saúde”.

Por mais que quase não seja comentado, a verdade é que as evidências sobre os benefícios do ômega-3 na saúde humana são muito menos conclusivas do que a maioria das pessoas acha. O ômega-3 é sim um nutriente essencial; não há dúvidas disso. Só que os efeitos positivos da suplementação de ômega-3, ou até mesmo de uma maior ingestão desse nutriente na alimentação, são questionáveis.

Mas levanto esse primeiro ponto mais como curiosidade. Porque não vamos falar sobre isso hoje. Para esse texto, vamos considerar que a maior ingestão de ômega-3 — por alimentos ou suplementos — é sim algo importante.

Com isso mente, vamos tentar responder outra pergunta, que infelizmente quase nunca é feita: vale a pena suplementar ômega-3?

Na verdade, a pergunta é... Quem oferece o melhor custo-benefício para o ômega-3: alimentos ou suplementos?

Não é uma análise difícil de se fazer. Basta compararmos o custo dos suplementos em relação ao custo de alimentos ricos em ômega-3, levando em consideração a quantidade desse nutriente presente nos suplementos e nos alimentos.

E, além do preço, vamos falar também de algumas outras variáveis que devem entrar nessa avaliação. Mas vamos começar falando do preço mesmo.


Ômega-3: Suplementos x Alimentos

Para essas comparações, escolhi 5 marcas conhecidas que possuem suplementos de ômega-3: Vitafor, Performance, Max Titanium, Essential e Probiótica.

O primeiro passo é determinar o preço dos suplementos de ômega-3 de cada marca. Esses preços variam muito de site para site. Por isso, pesquisei em vários sites diferentes, desde grandes redes até lojas de suplementos, e calculei o preço médio dos suplementos de ômega-3 das marcas escolhidas.

Sempre que possível, optei pela versão dos suplementos que contêm o maior número de cápsulas, porque o preço proporcional (preço por cápsula) é menor. A exceção a essa regra foi quando o produto até tinha uma versão com mais cápsulas (120, por exemplo), mas a sua oferta no mercado era baixa — poucos sites vendendo o produto com mais cápsulas. Nesse caso, optei pela versão com menor número de cápsulas (90, por exemplo), justamente porque, devido a uma oferta bem maior no mercado, essa opção possui uma maior probabilidade de ser comprada por eventuais consumidores.

Em seguida, deve-se conhecer a quantidade total de ômega-3 que cada um desses produtos oferece. E isso precisa ser feito individualmente, porque os suplementos podem vir com um número diferente de cápsulas e podem conter quantidades diferentes de ômega-3 em cada cápsula. Por exemplo, enquanto o suplemento da Vitafor vem com 120 cápsulas e são necessárias 3 cápsulas para se obter 1 g de ômega-3, o suplemento da Essential vem com 60 cápsulas e são necessárias apenas 2 cápsulas para termos a mesma quantidade de ômega-3.

Depois de saber o preço e a quantidade total de ômega-3 presente nos suplementos, é possível calcular o custo de cada grama de ômega 3 (R$/g ômega-3). Esse é a nossa principal medida para nossa análise.

Para representar os alimentos, escolhi o salmão. Em Brasília, o preço atual do filé de salmão, sem pele, está por volta de R$ 70,00/kg. Como o custo da alimentação em Brasília é um dos maiores do Brasil, dificilmente outra cidade terá um salmão com preço mais elevado que esse.

Além do preço, precisamos conhecer também a concentração de ômega-3 no salmão. Esse número é variável, porque depende do tipo de salmão, do tamanho dos animais e da época em que eles são pescados.

No Brasil, a maior parte do salmão comercializado é de cativeiro. O salmão de cativeiro possui maior quantidade de gordura total, e valores absolutos superiores de ômega-3, do que o salmão selvagem. Mas, até mesmo entre animais do mesmo tipo (cativeiro x cativeiro, por exemplo), ainda sim a concentração de ômega-3 pode variar.

E é o que os estudos mostram. Devido a vários fatores capazes de influenciar a composição de gorduras do salmão, estudos diferentes obtêm resultados diferentes para a concentração de ômega-3 presente em cada kg de salmão, como 15,6 g/kg (Jensen et al., 2012), 33,8 g/kg (Hamilton et al., 2005) e 24,3 g/kg (Ikonomou et al., 2007).

Assim, vamos comparar aos suplementos cada um das concentrações de ômega-3 que os diferentes estudos verificaram para o salmão. No entanto, vamos dar um foco maior no valor de 24,3 g/kg (Ikonomou et al), que é basicamente igual ao valor médio — que seria de 24,6 g/kg — entre as três diferentes concentrações de ômega-3 citadas.

Abaixo, a tabela com o resumo das informações:




O menor custo entre os suplementos foi o da Max Titanium, com R$ 0,96/g de ômega-3. As demais marcas variaram entre R$ 1,07 (Performance), R$ 1,33 (Probiótica), R$ 1,55 (Vitafor) e R$ 3,30 (Essential).

A partir desses dados, não há dúvidas: o custo por cada grama de ômega-3 é consideravelmente menor nos suplementos. Com exceção do suplemento da Essential, o valor que seria pago por cada grama de ômega-3 nos salmões é consideravelmente maior. Nem mesmo o salmão com maior concentração de ômega se sai muito bem (R$ 1,78/g de ômega 3), principalmente se compararmos ele aos suplementos com melhor custo-benefício. E os salmões com menor concentração de ômega-3 não tem a menor chance — ficam bem mais caros mesmo (R$ 2,47 e R$ 3,85).

Ou será que não?


A biodisponibilidade muda tudo

Aqui está o diferencial dos alimentos em relação aos suplementos: a biodisponibilidade.

O que acontece é que a absorção e incorporação do ômega-3 total (EPA +DHA) proveniente dos alimentos, mais especificamente do salmão, é muito superior ao que acontece para o ômega-3 dos suplementos. Essa superioridade pode variar de 3,4x até 6,5x!

Se fizermos uma média entre esses dois números, temos que o ômega-3 do salmão é 5x mais bem absorvido e incorporado no corpo humano do que o ômega-3 dos suplementos. Assim, se dividirmos por 5 o custo de cada grama de ômega-3 no salmão (tabela acima), chegamos à conclusão que, na verdade, é muito mais barato obter o ômega-3 por meio da ingestão de salmão do que por suplementos:

  • Salmão 1 (concentração de ômega-3 = 15,6 g/kg) — R$ 0,77
  • Salmão 2 (concentração de ômega-3 = 24,3 g/kg) — R$ 0,49
  • Salmão 3 (concentração de ômega-3 = 33,7 g/kg) — R$ 0,36


Outras vantagens do salmão

Vamos considerar o mesmo exemplo acima: concentração média de ômega-3 de 24,3 g/kg de salmão, e uma biodisponibilidade média 5x maior em relação aos suplementos. Uma pessoa que ingere 1 g/dia de ômega-3 na forma de suplementos, ou 7 g/semana, a princípio precisaria consumir cerca de 60 g de salmão por semana para ter uma ingestão equivalente desse nutriente. Apenas 60 g/semana!

E então alguém pode dizer: “Ah, eu não vou comprar só 60 g de salmão. Até porque o salmão normalmente é vendido já embalado, em quantidades maiores”. Tudo bem, você não precisa comprar só 60 g. Você pode, por exemplo, comprar uma quantidade maior e congelar o que não for consumir de imediato.

Mas as vantagens não estão relacionadas apenas ao menor preço que se paga pela mesma quantidade de ômega-3. O salmão, ao ser consumido, costuma substituir outros alimentos — normalmente outros peixes ou carnes. Por isso, se você opta por ingerir ômega-3 proveniente do salmão em vez de suplementos, seu gasto total com alimentos ainda se reduz um pouco mais, já que o total de outras carnes (ou outros alimentos) que você vai consumir será um pouco menor.

Um exemplo:

Vamos considerar uma carne de baixo custo que praticamente não precisa ter partes removidas antes do consumo, como a carne moída. Em Brasília, referencial que eu usei para o custo do salmão, você paga cerca R$16,00/kg pelos cortes mais baratos de carne moída.

Se você consumir, por semana, 60 g de salmão, o valor pago será de R$ 4,20 (considerando o preço de R$ 70,00/kg). Mas, considerando a concentração média de ômega-3 de 24,3 g/kg de salmão, podemos dizer que R$ 3,50 desse valor total (R$ 4,20) que pagamos pelos 60 g de salmão corresponde apenas ao ômega-3 que estaria sendo consumido (~1, 5 g de ômega-3 do salmão, equivalentes a ~7 g de ômega-3 dos suplementos).

Mas, ao consumir 60 g de salmão em uma refeição, você a princípio deixa de consumir 60 g de outro alimento, como a carne moída citada acima. Enquanto 60 g dessa carne moída custam aproximadamente R$ 1,00, o “resto” dos 60 g do salmão — tirando o valor que estaríamos pagando pelo ômega-3 (R$ 3,50), por não estarmos ingerindo suplementos — custam apenas R$ 0,70 [R$ 4,20 (preço total dos 60 g de salmão) subtraído de R$ 3,50 (valor pago pelos 1,4-1,5 g de ômega-3 dessa mesma porção)].

Assim, se o salmão for consumido em uma porção que fornece o equivalente a ingerir 1 g/dia (7 g/semana) de ômega-3 na forma de suplementos, e se ele estiver substituindo um alimento semelhante (uma carne), você não paga mais por estar consumindo o salmão. Na verdade, considerando uma pessoa que usa suplementos de ômega-3, a inclusão do salmão na dieta pode levar a uma redução no custo da alimentação — uma redução que não é tão grande assim, porque a porção de salmão é pequena, mas que já vale a pena pelo simples fato de não aumentar o custo com a alimentação.

Mas a parte mais importante é: o salmão é um alimento nutricionalmente muito rico. A quantidade de 60 g de salmão*, equivalente a 7 g de ômega-3 na forma de suplementos, possui em sua composição (em % das nossas necessidades diárias):

  • Vitamina B3: 24% 
  • Vitamina B6: 24% 
  • Vitamina B12: 56% 
  • Vitamina D: 233% 
  • Selênio: 36% 


*60 g de salmão cru provavelmente possui um peso 20% menor após a cocção, normalmente grelhado ou assado. Isso equivaleria a ~48 g de salmão pronto (a não ser que seja sushi; nesse caso, 60 g de salmão cru são 60 g de salmão pronto). Os valores acima são referentes a uma porção de 48 g de salmão pós-cocção.


Além disso, essa porção de salmão possui quantidades razoáveis de vários outros nutrientes, como vitamina B1 (14%), vitamina B5 (14%) e vitamina E (10%). Sem contar a proteína de alto valor biológico (10,6 g).


Considerações finais

Vale mencionar que os estudos que compararam a biodisponibilidade de ômega-3 entre alimentos e suplementos foram feitos com o salmão como alimento de referência. Por isso escolhi o salmão para fazer as comparações desse texto. Desconheço estudos que usaram outros tipos de peixe ricos em ômega-3, como a sardinha, para comparar a biodisponibilidade do ômega-3 desses outros alimentos à biodisponibilidade do ômega-3 dos suplementos.

Por isso, o que já foi observado para o salmão a princípio não pode ser extrapolado para outros peixes (ou outros alimentos que contêm ômega-3, como os frutos do mar). Mesmo assim, se eu fosse “adivinhar”, diria que a biodisponibilidade do ômega-3 em outros alimentos ricos nesse nutriente também é maior do que a observada para os suplementos — e quem sabe não seria maior do que a própria biodisponibilidade do ômega-3 do salmão?

Outro ponto importante é a questão da qualidade do ômega-3. De vez em quando surgem análises independentes, e alguns estudos publicados na literatura científica, que encontram lipídeos oxidados — ômega-3 e outras gorduras — presentes nos suplementos. A chance de isso acontecer com a gordura dos alimentos é muito menor, porque ela está lá, protegida e relativamente intacta, até que o alimento seja manipulado e consumido.

Por fim, vale também lembrar: várias linhas de evidência sugerem que os nutrientes presentes nos alimentos podem atuar em sinergia. É claro que cada um deles possui papéis específicos a desempenhar, como o ferro compondo a hemoglobina e a vitamina B3 compondo as moléculas de NADH. Mas não podemos subestimar a “mágica” dos nutrientes atuarem em conjunto, entre eles, para nos proporcionarem saúde.

Esses potenciais benefícios podem ser obtidos com alimentos como o salmão, mas não com suplementos de ômega-3.



144 comentários:

  1. Maravilhosa analise ! nunca pare de produzir conhecimento de fácil entendimento moço! obrigada

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  2. Interessante a comparação econômica entre o alimento e o suplemento! Entretanto, discordo quando a RDA, o fato de ter 233% não diz muito, basta fazer uma dieta rica nesse salmão e acompanhar os níveis plasmáticos de 25(OH)D. Além disso, tem muito salmão de R$ 60,00/Kg no país criado em cativeiro, não só salmão mas a truta e o atum também que seriam peixes riquíssimos em omega 3 mas que na prática não porque se alimentam de farelo e não de plâncton.

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    1. Olá.

      Sim, as DRIs de vitamina D podem não ser o melhor referencial de todos, mas 233% é sim bastante coisa, considerando nossa população que consome pouca vitamina D e pouco se expõe ao sol.

      Além disso, muito cuidado deve ser tomado ao se criticar os peixes criados em cativeiros. É bem possível que eles não sejam, no todo, nutricionalmente tão ricos quanto os selvagens, mas isso não significa que eles não saudáveis.

      Inclusive, como mencionei no texto, o salmão de cativeiro possui uma quantidade total de ômega-3 superior à do salmão selvagem. Existe um mito que circula dizendo que o salmão de cativeiro possui pouca quantidade de ômega-3. Isso não é verdade.

      Sem contar que, em muitas das análises (na maioria, se não me engano), o grau de contaminação, com contaminantes orgânicos e metais pesados, do salmão de cativeiro é inferior ao do salmão selvagem.

      E tudo isso tem grande chance de ser verdade também para outros peixes criados em cativeiros. Então precisamos ter mais cuidado ao falar sobre esses animais.

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    2. Interessante! Poderia disponibilizar a fonte bibliográfica sobre a relação W3 de salmão criado em cativeiro e o selvagem?
      Obrigado!

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    3. Olá.

      Os artigos que eu citei para falar sobre a concentração de ômega-3 nos salmões de cativeiro também mostram a concentração de ômega-3 nos salmões selvagens.

      Então é só olhar neles. Se eles não estiverem disponíveis gratuitamente, pode entrar em contato comigo por e-mail que eu envio pra você.

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  3. Muito bom artigo!

    Você poderia nos dar uma dica de outros bons sites/blogs como o seu? Pode ser em inglês.

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    1. Olá! Aqui estão alguns bons sites:

      https://chrismasterjohnphd.com/

      http://www.marksdailyapple.com/

      https://chriskresser.com/

      http://www.stephanguyenet.com/

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  4. Qual a relação do Omega 3 com prostaglandinas e eicosanoides?
    O 6 atua na contramão da antiinflamação?

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    1. Olá.

      Os ácidos graxos ômega-3, especialmente o EPA, são precursores de eicosanoides (as prostaglandinas são um dos tipos de eicosanoides). Os ômega-6, especialmente o ácido araquidônico (ARA), também são precursores de eicosanoides. Ácidos graxos de cadeia um pouco mais curta levam à formação de EPA e ARA no corpo: o ômega-3 ácido linolênico é convertido em EPA, e o ômega-6 ácido linoleico é convertido em ARA.

      Mas cada um desses tipo de gorduras, EPA e ARA, geram eicosanoides diferentes. No geral, considera-se que o EPA é “bom” e que o ARA é “ruim”, porque o EPA geraria eicosanoides anti-inflamatórios e o ARA geraria eicosanoides pró-inflamatórios. Mas essa é uma conceituação limitada. Até porque inflamação não é algo ruim; a inflamação faz parte da fisiologia natural do corpo humano.

      O problema não é a inflamação, e sim a inflamação descontrolada. Com as evidências que temos até o momento, pode-se dizer que as quantidades de EPA e ARA na alimentação basicamente não influenciam um estado mais anti-inflamatório ou pró-inflamatório. O que muda esse balanço é algum fator que desencadeia uma doença, por exemplo. Quando algo dá "errado", esse "erro" vai continuar estimulando a inflamação, de forma descontrolada.

      Ao contrário do que é normalmente falado, não é o "excesso" de ômega-6 na alimentação que leva a um estado de inflamação no corpo. Isso já foi claramente verificado em ensaios clínicos. O problema é sempre uma causa mais básica.

      Vou usar a obesidade como exemplo. Quando existe um excesso de acúmulo de gordura corporal, algumas células do corpo percebem que algo não está certo, e então o organismo sinaliza para corrigir o problema. A sinalização é justamente a inflamação. Ou seja, os ácidos graxos ômega-3 e ômega-6 que participam desse processo de inflamação são apenas substratos utilizados no meio da sinalização; eles não são a causa da inflamação.

      No caso da obesidade, uma das causas da inflamação, por exemplo, é o excesso de acúmulo de energia (na forma de gordura) dentro dos adipócitos (células que armazenam gordura). Os adipócitos servem justamente para isso: armazenar energia na forma de gordura. Mas é como se existisse um "limite". Quando esse "limite" é ultrapassado, o corpo percebe que existe um problema a ser corrigido, e a inflamação é uma das formas de sinalizar esse problema.

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  5. Oi, João!
    Parabéns pela paciência...
    E parabéns por tanta "biodisponibilidade" de lógica. Um texto claro, útil e reflexivo.
    abç
    Cristina

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  6. E ai João, blza?

    Meu nome é Iuri, já trocamos e-mails sobre outras partes do seu blog, porém agora tenho outra duvida...

    Assim como eu gosto de ler seu blog, eu gosto de ver videos do Dr Lair Ribeiro e me lembro que em um certo momento ele diz: O salmão de cativeiro come ração e o que faz ele ter o omega 3 é o plancton e apesar de ser leigo eu tenho quase certeza que não deve ter plancton nesses cativeiros, diz também que a cor alaranjada do salmão é devido ao plancton que ele come, já no cativeiro é usado um produto para colorir a carne do peixe ja que sem o plancton ela fica mais clara.

    Queria deixar claro que tenho a mente aberta e gosto de discutir o assunto, ñ sou nenhum fanatico por Dr Lair ou outra pessoa, admiro o trabalho dele e de pessoas como você que se da ao trabalho de estudar e pesquisar tanto pra poder passar um pouco de conhecimento que concerteza podemos usar pra melhorarmos nossa saude e bem estar, enfim...

    Como posso ter certeza ou quase certeza que seja, que se eu comprar um salmão de cativeiro ele vai conter omega 3, e vejo alguns peixes ficando muito tempo expostos no supermercado, isso ñ faria oxidar o oléo dele?

    E no caso da absorção, o omega 3 por ser uma gordura ele deve ser ingerido com outras fontes de gordura boa pra ser melhor absorvido ou apenas comendo o salmão isoladamente ou se optar pelo suplemento e tomar logo de manhã em jejum a absorção seria quase a mesma?

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    1. Olá, Iuri.

      A maior parte da dieta da maioria dos salmões consiste de pequenos peixes, crustáceos e zooplâncton. E todos esses, direta ou indiretamente, contêm nutrientes derivados de fitoplânctons, que estão na base dessa cadeia alimentar. Logo, o salmão selvagem também vai conter esses nutrientes, incluindo o ômega-3.

      O salmão de cativeiro, por outro lado, consome sim "ração". Mas essa ração é predominantemente composta por peixes, similares aos que os salmões consomem no mar. É por isso que, como mencionei no texto, o salmão de cativeiro não apenas contém ômega-3 -- ele possui mais ômega-3, em números absolutos, que o salmão selvagem.

      O método de cultivo do salmão de cativeiro é essencialmente o mesmo em qualquer parte do mundo. Se os estudos mostram que esse salmão tem ômega-3 no país X ou Y, isso significa que o salmão de cativeiro de qualquer lugar do mundo também vai ter. Pode ficar tranquilo.

      Como comentei no texto, o ômega-3 do salmão está praticamente todo protegido enquanto a carne do peixe não for submetida à cocção. Porque o ômega-3 não está na superfície do peixe; ele está armazenado na forma de triglicerídeos e fosfolipídeos, incorporados às células do animal.

      O salmão isoladamente já contém outras gorduras em quantidades suficientes para garantir uma boa absorção do ômega-3. Costumamos falar do ômega-3 como o grande diferencial do salmão e de outros alimentos ricos nesse tipo de gordura. Mas todos esses alimentos, assim como os alimentos de origem animal de maneira geral, são mais ricos em outros tipos de gorduras (monoinsaturadas e saturadas, principalmente) do que em ômega-3.

      Algumas evidências nos levam a crer que, para que a absorção dos suplementos de ômega-3 seja otimizada, o melhor a ser feito é ingerir as cápsulas logo antes, logo depois ou junto de uma refeição que contém gordura. Não precisa ser uma quantidade tão grande de gordura. Uma refeição com uma porção de carne ou uma colher de sopa de azeite, por exemplo, provavelmente já é suficiente. Se tiver mais que isso também não será um problema no que diz respeito à absorção do ômega-3.

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  7. Intendi João, então pra cada 48g de salmão grelhado eu tenho 3 gramas de omega 3.

    Você conhece algum estudo que diz algo que se a pessoa consumir uma quantidade X de omega 3 durante um certo periodo ela pode ter algum efeito colateral tipo aumento do colesterol ou das placas de gordura nas artérias ou qualquer outro efeito colateral?

    E sobre a conserva do peixe, se quando eu comprar eu descongelar ele e fatiar ele em pedaços de 60g e colocar todos esses pedaços pra congelar depois, assim eu descongelaria apenas o que fosse fazer no dia, você acha que teria algum problema? E quantos dias no maximo pode deixar ele congelado sem perder a qualidade da carne?

    Uma ultima duvida:

    Se eu comer ele cru corro o risco de ser contaminado por alguma bacteria ou algum tipo de parasita?

    No caso se ele for grelhado, o peso dele diminui como vc disse, porem os nutrientes dele também diminui ou só diminui no caso da fritura excessiva?

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    1. Olá.

      Alguns estudos mostram que o consumo de ômega-3 pode levar ao aumento nos três principais marcadores de colesterol que são habitualmente aferidos: colesterol total, LDLc e HDLc. Mas, mesmo que essas alterações aconteçam, pode ficar tranquilo porque nenhuma delas é problemática.

      Se você comprar, fatiar e congelar o salmão do jeito que você comentou, provavelmente não teria nenhum problema. Não sei exatamente por quanto tempo o salmão pode ficar congelado, mas com certeza dura por pelo menos alguns meses.

      No geral, o risco de infecção bacteriana ou parasitária é pequeno. Desde que, não muito depois de tirado da geladeira e manipulado (desembalado, cortado etc), o salmão seja logo consumido.

      A perda de nutrientes, no geral, não é grande. Os 60 g de salmão cru possuem basicamente os mesmos nutrientes que 48 g de salmão grelhado. O que diferencia é a perda de água inerente a esse método de cocção. O ato de fritar ou grelhar "excessivamente" também não leva a perdas muito maiores nos nutrientes.

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  8. O Dr. Lair Ribeiro afirma que o problema não é excesso de omega 6 na dieta, ele diz que a gente carece até de omega 6 porque o que nós ingerimos é altamente danificado e oxidado. Ou seja, estamos deficientes de omega 3 e 6??

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    1. E ele diz que se for comprar suplemento tem que verificar se possui selo IFOS. Vc confia nesse selo?

      Apenas cheirar o pote ou colocar no congelador pra ve se congela é confiante?

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    2. Olá.

      A princípio eu confio sim no selo IFOS. Enquanto não houver indícios de que há problemas nessa certificação, é uma forma interessante, mesmo que talvez não seja perfeita, de verificarmos a qualidade dos suplementos de ômega-3.

      Colocar as cápsulas no congelador é uma estratégia interessante para avaliar adulteração; se congelar, é muito grande a chance de não ser 100% óleo de peixe. Mas, se o óleo não congelar, isso também não quer dizer que não há adulteração (se, por exemplo, óleos ricos em gorduras poli-insaturadas forem adicionados, como soja ou canola, o suplemento provavelmente não ficaria sólido no congelador). E, mesmo assim, colocar no congelador não diz nada sobre o grau de oxidação do óleo de peixe -- diz apenas sobre a composição dos tipos de gorduras presentes no suplemento.

      Não concordo com essa opinião do Lair Ribeiro de que estaríamos deficientes em ômega-6. Mesmo que muita gente consuma óleos que possuem um certo grau de oxidação de suas gorduras, ainda sim boa parte das moléculas de gorduras presentes nesses óleos estarão intactas. Isso garante uma ingestão suficiente de ômega-6 para suprir nossas necessidades, já as necessidades desse nutriente são relativamente baixas.

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  9. João, Iuri aqui novamente...

    Senti confiança nas suas palavras e estou trocando os comprimidos pelo próprio peixe.

    Esqueci de perguntar:

    Por ser lipossoluvél, o omega 3 fica armazenado no corpo, qual a quantidade mais indicada pra gente comer em gramas de omega 3 por semana ou pode comer 60g de salmão todo dia sem problema nenhum?

    Obrigado por toda a atenção e sabedoria, continue com esse trabalho fantastico que muda sempre pra melhor a vida das pessoas.

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    1. Iuri, os 60 g de salmão (cru) por SEMANA, sugeridos no texto, provavelmente são suficientes para proporcionar um bom nível corporal desse nutriente. Um pouco mais de repente é até melhor (é muito difícil determinar a quantidade "ideal"), mas com certeza não precisa ser 60 g por dia.

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  10. Interpretei mal, kkkkkk

    É 60g por semana? Beleza então.

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  11. Bom noite. Interessante as temáticas abordadas no seu site "ciência da nutrição"
    Gostaria de sua opinião sobre o uso de omega 3 sublingual, recentemente estive fora do país e comprei para meus filhos sublingual porque era específico para criança, não conheço a farmacocinética do veículo sublingual para omega 3.

    Obrigado

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    1. Olá.

      A vantagem da suplementação sublingual costuma ser na velocidade de absorção. Mesmo exista esse benefício para o ômega-3 sublingual, isso acaba não sendo uma grande vantagem, porque a rapidez com que o ômega-3 aparece na circulação sanguínea a princípio não faz diferença.

      O mais importante mesmo é a quantidade total que é absorvida e aproveitada pelo organismo. Se for semelhante ao observado para o ômega-3 do salmão, ótimo. Se for parecida com o que acontece para os suplementos convencionais, existe uma certa desvantagem em relação ao ômega-3 do salmão, mas ainda é razoável.

      Só que conhecer a biodisponibilidade desses suplementos é difícil. Porque são relativamente comuns estudos sobre absorção e incorporação do ômega-3 contido nos suplementos convencionais, mas não sobre suplementos administrados via sublingual (e outras vias não tão tradicionais). Fazendo uma busca rápida, não encontrei nenhum trabalho científico nesse sentido.

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  12. Boa noite João
    Rita de Castro, 54 anos, Belo Horizonte, MG.
    Uso Crestor há 3 anos, minha nutricionista mandou tomar coenzima K10
    uso em capsula pra engolir ou mando manipular em baixo da lingua?
    50 miligrama 2 vezes ao dia

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    1. Olá, Rita.

      O profissional de saúde que faz o seu acompanhamento, e que te fez essa prescrição, é quem deve te orientar a forma de suplementar. Porque é essa pessoa que conhece o seu contexto de saúde.

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  13. João Gabriel Marques desvendando "mitos". Você é sensacional meu amigo!

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  14. Ótimo artigo (como sempre) :) João tem algum nutriente que vc sugere a suplementação? dizem que nosso solo está pobre em minerais... pretendo suplementar certos nutrientes. é interessante esse artigo referente a suplementação de óleo de peixe https://chriskresser.com/should-you-really-be-taking-fish-oil/

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    1. Olá, Renan.

      Eu só recomendo a suplementação de nutrientes específicos quando eu conheço o caso da pessoa e sei que, baseado no que eu posso avaliar, ela pode estar precisando.

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    2. Parabéns por todos esses materiais disponibilizados.

      Muito bem embasados pela literatura, e interpretados e disponibilizados com excelente didádita, permitindo a interpretação do texto por todos que tenham a sorte de ler.

      Obrigado pelo trabalho.

      Abraços.

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  15. Muito bom análise, mas me surgiu uma dúvida. Como se discute essa questão de biodisponibilidade quando estamos falando de de Óleo de peixe?, já que alguns produtos se vendem como óleo de peixe e outros como Omega 3. E se está escrito que o óleo é "de peixe", pq a biodisponibilidade acaba n sendo a de comer um peixe? E sobre comer enlatados como sardinha, alguma sugestão?

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    1. Olá, Leandro.

      Todos os suplementos de ômega-3, a princípio, são óleo de alguma coisa. A maioria é óleo de peixe mesmo. Se não estiver claramente escrito no rótulo, na frente da embalagem, essa informação provavelmente estará na lista de ingredientes ou em algum lugar na parte de trás da embalagem

      Em outros casos, como óleo de krill ou óleo de fígado de bacalhau, o nome provavelmente vai estar bem claro na parte da frente do rótulo. Porque, nesses exemplos, pode-se dizer que deixar claro que é um óleo de krill ou de fígado de bacalhau é um "diferencial" do ponto de vista comercial.

      Todas as análises que eu fiz no texto são referentes a algum tipo de óleo, e não ao ômega-3 "isolado" (porque, a princípio, não temos suplementos de ômega-3 "isolado" no mercado). Ou seja, isso significa que a biodisponibilidade de se consumir o ômega-3 do peixe é maior do que do ômega-3 dos suplementos de óleo do peixe. Não se sabe ao certo exatamente o porquê disso, mas muito possivelmente tem a ver com a presença de outros nutrientes no peixe, que de alguma forma favoreceriam um melhor aproveitamento do ômega-3.

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  16. Bom dia João,

    Conheci este blog recentemente e, como adepto das verdades ciêntificas gostei bastante do que li por aqui.

    Em relação ao artigo : 60 gramas de salmão cru equivale a 7 gramas de omega-3 ( suplemento ).

    Essas 60 gramas de salmão por semana chegam para nutrir o nosso organismo do omega-3 necessário ?

    Grande abraço e continuação do bom trabalho !

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    1. Olá, Tiago.

      Essa é uma pergunta difícil de responder porque ninguém sabe exatamente o quanto que nós, como seres humanos, precisamos de ômega-3. A quantidade mínima para manutenção da saúde é bem pequena, e por isso a maioria das pessoas a princípio nem precisa suplementar ou consumir alimentos ricos nesse nutriente para estar relativamente bem de saúde.

      Mas o ótimo é diferente do mínimo. Só porque a quantidade mínima para a maioria das pessoas pode ser obtida a partir de uma dieta variada (principalmente ser for uma dieta onívora), isso não significa que um pouco mais de ômega-3 -- proveniente de suplementos ou alimentos ricos nesse nutriente -- não podem nos proporcionar uma saúde ainda melhor.

      Para sua pergunta não ficar sem resposta, eu responderia um “sim”: eu acredito que essa quantidade por semana é suficiente para garantir uma quantidade de ômega-3 compatível com o que seria o nível "ótimo" para o ser humano. Mas vale lembrar: eu estou extrapolando as poucas evidências que temos para determinar o que seria "ideal" para nós, porque ainda não temos evidências suficientes para isso.

      Qualquer pessoa que quiser ter uma “garantia” maior, e tiver acesso e condições de consumir suplementos ou alimentos ricos em ômega-3, pode optar por ingerir quantidades um pouco maiores também.

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  17. Ótimo artigo! Uma coisa que eu sempre acho errado nas pessoas é ter uma expectativa muito grande do omega 3, até mesmo como sendo algo milagroso. Parece também que alguns testes controlados em humanos falharam em encontrar relação entre consumo de capsulas de omega 3 e uma redução em doenças do coração. Tenho a impressão que essa idéia de que o omega 3 poderia previnir doenças do coração partiu do fato de que gorduras poli-insaturadas tendem a reduzir o colesterol, mas isso não vale como comprovação cientifica de beneficios para coração, na minha opinião.
    Eu tenho uma dúvida: você saberia me informar se a biodisponibilidade do omega 3 é reduzida quando o salmão é aquecido a altas temperaturas? Por se tratar de uma gordura quimicamente muito instavel, tenho receio de que isso possa oxidar o omega 3.

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    1. Olá!

      "Parece também que alguns testes controlados em humanos falharam em encontrar relação entre consumo de capsulas de omega 3 e uma redução em doenças do coração". Sim, isso é verdade. Quando os principais estudos do tipo ensaio clínico são considerados, ainda não foram vistos efeitos benéficos da suplementação de ômega-3 no risco cardiovascular. Esse foi, inclusive, o principal motivo para eu ter falado no texto que “a verdade é que as evidências sobre os benefícios do ômega-3 na saúde humana são muito menos conclusivas do que a maioria das pessoas acha”.

      "Tenho a impressão que essa idéia de que o omega 3 poderia previnir doenças do coração partiu do fato de que gorduras poli-insaturadas tendem a reduzir o colesterol, mas isso não vale como comprovação cientifica de beneficios para coração, na minha opinião". Sim, tudo isso também é verdade. Além da questão do efeito das gorduras poli-insaturadas sobre os níveis de colesterol sanguíneo, o ômega-3 de fato reduz os níveis de triglicerídeos. Como os triglicerídeos são considerados como marcadores de risco cardiovascular, é mais um "ponto" para o ômega-3. Mas, enquanto não houver estudos de fato demonstrando o efeito no desfecho que importa (eventos ou mortalidade cardiovascular), não interessa muito o que o ômega-3 faz com os simples marcadores.

      A disponibilidade em si, de cada molécula de ômega-3, a princípio não seria alterada por elevadas temperaturas. Mas o número de moléculas "disponíveis", ou não danificadas, poderia ser reduzido. Mas, como mencionei no texto, a maior parte do ômega-3 está no interior da carne, e por isso a princípio está protegida de danos oxidativos. Pode até haver uma certa perda por causa da exposição da parte externa do peixe, mas imagino que no final não vai fazer muita diferença.

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    2. O calor que cozinha o salmão não oxida o ômega 3? Tem uma temperatura x que leva a maior oxidação? O que você quis dizer é que somente o omega 3 da superfície do salmão ficaria oxidada no cozimento porque essa superfície é a que recebe mais calor?

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    3. Olá.

      O calor da cocção de um salmão grelhado ou assado vai fazer com que parte das moléculas de gordura poli-insaturadas, especialmente na superfície do alimento, se tornem oxidadas. Não podemos falar muito sobre as moléculas de gordura na parte interna do salmão, porque desconheço estudos que já avaliaram essa questão. Mas não acredito que haveria alterações significativas.

      Os estudos que avaliam o efeito do consumo de salmão sobre os níveis corporais de ômega-3 exemplificam bem como a cocção em geral não é tão importante no sentido de prejudicar o ômega-3 contido nos alimentos. Se a magnitude de oxidação fosse muito grande, o consumo de salmão não levaria ao aumento tão significativo nos níveis corporais de ômega-3 como vemos nos estudos. Justamente porque, caso a oxidação fosse muito grande, as moléculas oxidadas de ômega-3 não seriam incorporadas às nossas células.

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  18. É possível afirmar que o abacate é o alimento que mais tem glutationa?

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    1. Olá.

      Conheço apenas um estudo em que os pesquisadores mediram os níveis de glutationa nos alimentos. A média, entre os alimentos de origem vegetal, foi de 4,7 mg/100 g para glutationa total e 6,5 mg/100 g para glutationa dissulfeto. Os alimentos de maior destaque foram abóbora cozida (11,0 e 11,7 mg, glutationa total e glutationa dissulfeto, respectivamente), espinafre cru (11,4 e 12,2 mg), batata cozida com a pele (11,0 e 13,6 mg), aspargo cozido (21,8 e 28,3 mg), abacate (20,6 e 27,7 mg), quiabo cozido (11,3 e 12,0 mg), nozes (3,7 e 15,1 mg).

      Assim, entre os alimentos de origem vegetal que foram avaliados, o abacate foi o mais rico em glutationa total e glutationa dissulfeto. Mas vários alimentos de origem animal, especialmente as carnes, apresentaram concentrações iguais ou superiores de glutationa.

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  19. Boa tarde João, é o Raphael de novo. Queria sua opinião sobre um assunto não referente ao post.
    Como você disse em outro post, algumas prescrições não são baseadas em evidencias científica. Se tratando de um aminoácido, ou alguma vitamina, na teoria mesmo que não tenha efeito nenhum, muito mal não faz. Entretanto, quando se trata de uma substancia também natural como ácido alfa lipóico, mas que não se enquadra em vitamina, quais são os riscos de, além de não ter efeito benéfico ter um efeito deletério? Como vc mesmo já viu, gente tomando coenzima q10, glutationa, teanina, taurina.... Mesmo que não seja baseada em evidência, por não ter estudo científico, também não podemos dizer que são inofensivas principalmente a longo prazo, certo? Então estariam esses profissionais cometendo uma negligência?

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    1. Olá, Raphael.

      Se a segurança da substância não foi testada, realmente não ter como ter certeza sobre a ausência de efeitos prejudiciais, ainda mais no longo prazo. Mas grande parte dessas substâncias tem sim estudos sobre doses seguras de serem ingeridas (mesmo que o profissional que prescreve não saiba).

      Ao mesmo tempo, poucos profissionais prescrevem doses "excessivas", porque a maioria deles só "copia" a conduta de outros profissionais. Normalmente alguém que sabe o que está fazendo começa, e a maioria, mesmo não sabendo tão bem, simplesmente faz igual. Isso acaba sendo bom se pensarmos na questão da segurança, porque daí o risco de cada um querer prescrever doses quaisquer diminui.

      No entanto, toda vez que um profissional prescrever uma substância que nunca foi testada em relação a sua segurança, podemos dizer que ele está sim sendo negligente com a saúde do paciente.

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  20. Bom dia, João! Ontem, por acaso, descobri seu blog e estou maravilhada, fazendo uma maratona para ler todos os posts! Vim parar aqui pesquisando sobre a influência da alimentação na Rosácea. Você pode me falar algo a respeito disso?

    Lucia PR



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    1. Olá, Lucia.

      Alimentos com alto potencial anti-inflamatório agudo, como as frutas e hortaliças roxas e vermelhas, assim como o próprio ômega-3, poderiam ajudar a controlar os sintomas quando eles surgem. Só que, nesse caso, não estaríamos trabalhando com a causa do problema.

      Não se sabe exatamente quais são os fatores que desencadeiam a rosácea, até porque existem diferentes "tipos" desse problema. Mas algumas evidências sugerem que o intestino é um lugar interessante de ser avaliado.

      Desconheço de estudos que já testaram diretamente o efeito de algum nutriente ou alimento específico sobre a rosácea. Porém, considerando o que eu falei sobre o intestino, eu faria duas sugestões. E recomendaria que, mesmo que você queira testá-las juntas, seria até melhor experimentá-las separadamente primeiro (durante algumas semanas, ou até muitas semanas, dependendo de como e quando a rosácea se manifesta em você).

      1) Alimentos probióticos: iogurte, kefir e vegetais fermentados.

      2) Dieta low-carb. Parece existir uma relação entre rosácea e SIBO. Você pode ler mais sobre SIBO nos textos que escrevi sobre refluxo:

      http://cienciadanutricao.blogspot.com.br/2014/10/refluxo-sua-relacao-com-alimentacao_6.html

      http://cienciadanutricao.blogspot.com.br/2014/11/refluxo-sua-relacao-com-alimentacao.html

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    2. Fiquei super otimista com sua resposta, João! Li vários posts seus hoje. Entre eles, os dois que falam sobre refluxo muito me interessou pois comecei com sintomas de gastrite e refluxo há dois anos. Pela endoscopia descobri H.Pylori e hérnia de hiato. Tomei os remédios receitados pelo médico, até melhorei por um período mas estou com sintomas de novo. Então minha opção será, inicialmente, pela dieta low-carb. Quero ver a reação do meu organismo tanto em relação à Rosácea quanto ao refluxo. Voltarei futuramente para relatar.
      Muito obrigada!

      Lucia PR

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  21. Lúcia PR.

    Rosácea é causada por um problema gástrico.
    Deficiência de ácido clorídrico.

    Meu marido melhorou uns 80% usando Cloridrato de betaína (2 vezes por dia antes das principais refeições ) Glutamina 400mg, pancreatina 400 mg, bromelina 60mg, e papaverina 90mg (2 vezes por dia)

    Isso não é remédio, é nutraceutico.
    Faz isso durante 2 meses e depois comente aqui o que achou, pra ele foi milagre!

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  22. João, Dizem que o peixe que vem de longe também não resolve porque ele acaba oxidando e o omega 3 perde sua função, além disse alguns médicos como Lair Ribeiro afirmam que o peixe em si não produz omega 3, ele ingere plancton quando vive em mares profundos e frios. E o peixe de cativeiro se alimenta de ração pobre em ácidos graxos. O que vc acha disso?

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    1. Olá!

      As suas perguntas são as mesmas de outros leitores, que já respondi em comentários mais acima. Use o Ctrl+F (busca do navegador) e procure por "lair ribeiro" que você vai encontrar os comentários. Se algo não ficar claro, é só dizer.

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    2. Nossa, que interessante! Não sabia dessa ferramente. Achei Obrigada

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    3. Como usar essa ferramenta no Android?

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    4. No Android eu não sei. Mas talvez seja igual no iOS. Você pode tentar o seguinte, pra ver se funciona:

      Digite o que quiser buscar na barra de endereço do navegador (aplicativo) que você usa para a internet. Depois, veja se aparece algo como "resultados nessa página".

      Se não der certo, o Google talvez possa te ajudar.

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  23. Sensacional, como sempre!

    Seria interessante se fizesse algo similar com o Whey Protein.
    Não conhecia essa questão da biodisponibilidade. Fiquei curioso pra saber se o mesmo é válido para o whey.
    Obrigado!

    P.S se já tiver algo relacionado ao whey e puder me enviar por email, agradeço.

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  24. Olá, João.

    Você quis dizer se a biodisponibilidade das proteínas dos alimentos seria maior que a biodisponibilidade das proteínas do whey? Tudo indica que são muito semelhantes. E isso significa que, no geral, os suplementos de proteínas têm um custo proporcional consideravelmente maior, e sem proporcionar outros nutrientes que os alimentos oferecem.

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  25. Boa tarde.
    Poderia me explicar rapidamente (ou não rs) bioquimicamente porque algumas gorduras (monoinsaturadas por exemplo) tem a capacidade de abaixar o colesterol e outras ( possivelmente saturadas) aumentam? sendo que o HDL leva pro fígado e o LDL leva para o sangue. Tudo é gordura, tudo era pra aumentar essas lipoproteínas.

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    1. Olá!

      Vou explicar brevemente, mas com alguns detalhes (em duas parte, porque excedeu o limite de caracteres).

      LDL e HDL são lipoproteínas. Elas são partículas relativamente grandes que carregam várias moléculas diferentes em seu interior. O colesterol é uma dessas essas moléculas.

      Grande parte do colesterol é produzida no fígado. Além disso, o colesterol que é absorvido da dieta também é transportado para o fígado. De forma semelhante, parte das gorduras que vem da dieta também vai diretamente para o fígado após a absorção.

      E é justamente o próprio fígado que regula a produção de colesterol. Uma das principais formas que ele faz isso é pelo monitoramento dos níveis de colesterol no interior de suas próprias células.

      Por exemplo, se a pessoa consome menos colesterol na dieta, menos colesterol é absorvido e menos colesterol é direcionado para o fígado. Quando a concentração de colesterol no interior das células hepáticas diminui, elas aumentam a captação de partículas de LDL da corrente sanguínea. Por quê? Porque essas são as principais partículas a carregar colesterol pelo corpo. Ao captar mais LDL, as células do fígado degradam essas partículas para aproveitar o colesterol contido no interior delas, restabelecendo assim sua concentração normal de colesterol. O efeito no curto prazo é uma diminuição do colesterol sanguíneo, simplesmente porque houve uma redução na concentração sanguínea das principais partículas que carregam colesterol (as partículas de LDL).

      As gorduras da alimentação, ao chegarem até o fígado, também influenciam a concentração de colesterol no interior das células hepáticas. Elas fazem isso de acordo com sua capacidade de se ligar ao colesterol livre contido nas células do fígado. As gorduras poli-insaturadas possuem uma capacidade relativamente alta de se ligarem ao colesterol livre, em relação às gorduras saturadas. De forma semelhante ao que acontece no exemplo acima, de redução na ingestão alimentar de colesterol, o maior consumo de gorduras poli-insaturadas também leva a uma menor concentração de colesterol no interior das células hepáticas, justamente porque elas se ligam a esse colesterol. E daí a resposta é a mesma: o fígado capta partículas de LDL no sangue, para aproveitar o conteúdo de colesterol dessas lipoproteínas e restabelecer a concentração normal de colesterol no interior das células.

      Além disso, alguns tipos de gorduras saturadas atuam sobre uma proteína celular chamada “receptor de LDL”, que é justamente o responsável por captar as partículas de LDL no processo mencionado acima. A ação dessas gorduras saturadas sobre o receptor de LDL é no sentido de diminuir a atividade dessa proteína. A menor captação de partículas de LDL no sangue, devido à menor atividade dos receptores de LDL, naturalmente leva a uma maior concentração de partículas de LDL no sangue. Como são elas que carregam a maior parte do colesterol pelo corpo, é comum que os exames de colesterol total e colesterol LDL (representado pela sigla “LDLc” ou “LDL-c”, que mede o colesterol carregado apenas pelas partículas de LDL no sangue) apresentem valores aumentados.

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    2. Mas dois pontos nessa história são importantes.

      O primeiro é que pessoas diferentes apresentam respostas diferentes em relação ao consumo de diversos nutrientes. Por exemplo, uma pessoa que passa a consumir menos colesterol não necessariamente vai apresentar redução nos níveis de colesterol total, colesterol LDL (LDLc) ou colesterol HDL (HDLc). Assim como uma pessoa que passa a consumir mais gordura saturada não necessariamente vai apresentar aumento nesses parâmetros.

      E o segundo ponto é que, mesmo que essas alterações ocorram, elas parecem ter pouca ou nenhuma importância, pelo menos considerando o que as evidências científicas mais relevantes mostram. Simplesmente porque essas modificações no colesterol sanguíneo estão sendo reguladas por nutrientes, e não por outros processos. Quando o colesterol sanguíneo está sendo modulado apenas pela alimentação, os estudos sugerem que essas alterações não são prejudiciais, e sim apenas respostas fisiológicas normais.

      As alterações nos níveis de colesterol sanguíneo são problemáticas quando elas são uma consequência de outros problemas, como resistência à insulina, síndrome metabólica e diabetes. O colesterol LDL (LDLc) aumentado, por exemplo, é simplesmente um resultado de um estado metabolicamente perturbado. Várias vias metabólicas começam a funcionar de maneira “errada” quando esses problemas metabólicos se desenvolvem, e isso impacta, entre outros exames, nos níveis de colesterol sanguíneo. Mas o problema não está no colesterol em si; o problema está no que o aumento do colesterol representa: um desarranjo metabólico no organismo.

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  26. QUERO SABER SE OMEGA 3 DE FATO É BOM PRA PACIENTES COM ALZHEIMER, O QUE A NUTRIÇÃO TEM A DIZER? A MEDICINA NÃO ACHOU AINDA A CONCLUSÃO POR TANTO NÃO PRESCREVO. VI VIDEOS DO DR. LAIR RIBEIRO (NUTRÓLOGO MEIO SUSPEITO) NO YOUTUBE E ELE DIZ QUE O DHA É FUNDAMENTAL NA ETIOPATOLOGIA DO ALZHEIMER.

    OBRIGADA, ANA CHARTUNI (CRM: 20404-MG)

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    1. Olá, Ana.

      É exatamente isso que você falou: ainda não existem evidências conclusivas de que o ômega-3 é benéfico no Alzheimer. Pra falar a verdade, a ciência está longe de mostrar isso.

      E a ciência ainda não está perto disso em parte porque os estudos que seriam necessários para confirmar a hipótese de efeitos positivos não estão sendo conduzidos. Provavelmente porque não há muito interesse comercial; a indústria farmacêutica investe, obviamente, em medicamentos, porque pode trazer o retorno financeiro esperado por elas.

      Do ponto de vista nutricional, os agentes mais promissores são os corpos cetônicos. Sejam eles endógenos ou exógenos. Mesmo assim, os resultados positivos ainda são preliminares, e por isso conclusões mais abrangentes também não podem ser feitas.

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  27. Boa noite. Minha nutricionista indicou um chocolate que contém SERENZO na manipulação. Na internet só vi empresas vendendo. Sabe se existe artigo que mostre que funcione??

    Obrigada

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    1. Olá.

      Esse produto é o nome comercial que uma empresa do ramo de suplementos deu para o extrato de Citrus sinensis. No link abaixo, eles afirmam existir estudos que mostram "efeito na redução dos sintomas e mudanças de humor induzidos pelo estresse":

      http://www.galena.com.br/fichas/2831

      Ao fazer a busca, não encontrei o artigo. Mesmo que o estudo exista, e deve existir, as evidências ainda seriam bem preliminares. Um único trabalho científico normalmente não quer dizer quase nada, ainda mais quando o estudo é relativamente curto e com número pequeno de participantes (como informa o link do produto).

      Além disso, é claro que o ideal seria ter mais detalhes sobre o estudo para saber se o desenho experimental foi minimamente bom para que os resultados aparentemente positivos, referidos no link, sejam válidos. E, ainda, se não houve nenhuma distorção dos resultados por parte da empresa que comercializa o produto (o que não deixa de ser uma possibilidade, devido ao conflito de interesses).

      O produto pode realmente ajudar? É possível que sim. O tempo pode dizer melhor, caso você esteja disposta a experimentar. Mas é bom ter em mente que o efeito pode não aparecer, ou pode ser relativamente pequeno. Quanto menos conhecimento temos sobre um produto, menos podemos afirmar sobre o seu efeito no corpo humano.

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    2. E a substancia for possivelmente cancerigena?
      é permitido lançar esse suplemento sem dados cientificos de segurança? to pasma

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    3. Calma, ainda não tinha falado nada sobre segurança.

      Citrus sinensis é uma denominação muito genérica; vários alimentos diferentes poderiam estar incluídos nessa categoria. Por isso, não tem como saber exatamente qual(is) fruta(s) eles usam nesse suplemento.

      Mesmo assim, diferentes espécies do gênero Citrus já foram demonstradas como seguras (no curto prazo). O risco de esse suplemento ser cancerígeno, ou levar a consequências crônicas de longo prazo, é basicamente a mesma de qualquer outro alimento natural. Porque esse suplemento é simplesmente o extrato de um alimento.

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  28. É verdade que não faz diferença pra saúde usar sal refinado ou sal integral???

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    1. Olá.

      Eu falo sobre isso nesse texto:

      http://cienciadanutricao.blogspot.com.br/2016/02/a-ilusao-do-sal-rosa-do-himalaia.html

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  29. Olá João! Parabéns pelo excelente artigo! Você poderia comentar um pouco mais sobre o Omega-6? Alguns estudos recentes, inclusive revisões de estudos publicados previamente sobre os oleos vegetais, indicam que o seu uso, apesar de diminuir o colesterol, aumenta a mortalidade e desfecho de doenças cardiovasculares. A teoria é que o omega-6 em excesso nesses oleos vegetais seja pro-inflamatório, e dai o grande problema. O que você acha disso? Obrigado!

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    1. Olá.

      Sim, quando juntamos todos os ensaios clínicos que já foram publicados, com substituição de gorduras saturadas por poli-insaturadas (no caso, com a adição de óleos ricos em ômega-6), observa-se um risco maior de mortalidade total -- e uma tendência de aumento na mortalidade cardiovascular.

      Existe essa hipótese de que o problema seria uma maior atividade pró-inflamatória das gorduras do tipo ômega-6. Mas existe um problema com essa hipótese: as evidências científicas não dão sustentação a ela.

      Apesar de quase todo mundo falar que o ômega-6 é pró-inflamatório (ao contrário do ômega-3, que seria anti-inflamatório), não é isso que a literatura científica mostra. Os estudos já verificaram de maneira bem consistente que um maior consumo de ômega-6 não leva ao aumento de marcadores inflamatórios em seres humanos:

      https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/22889633

      Então essa hipótese da inflamação pode ser considerada como virtualmente descartada.

      O que os pesquisadores mais argumentam para explicar o porquê do consumo de ômega-6 possivelmente levar a um maior risco cardiovascular é a questão do estresse oxidativo. Por serem "frágeis" e instáveis, as gorduras do tipo ômega-6 se oxidam com facilidade. Nessa hipótese, o ômega-6 presente em partículas de LDL que circulam pelo sangue, por exemplo, seriam mais facilmente captadas pelas células do vaso sanguíneo, dando início e continuidade ao processo de formação das placas de aterosclerose, justamente porque as gorduras ômega-6 que compõem as partículas de LDL estariam “danificadas”.

      Mas essa hipótese, na minha forma de enxergar, também está incorreta. Ou, no máximo, apenas parcialmente certa. A questão do estresse oxidativo pode até fazer parte da história, mas até onde o meu entendimento vai não é algo realmente relevante. Porque as partículas de LDL, apesar do que todo mundo fala sobre elas, não são tão importantes como causas das doenças cardiovasculares -- a princípio, elas são apenas marcadores. Falei sobre isso em um comentário mais acima (sugiro a leitura para melhor compreensão).

      O maior risco de mortalidade total, que parece ser mais claro do que o risco aumentado de mortalidade por doenças cardiovasculares, provavelmente se explica por uma maior incidência de câncer em pessoas que consomem um "excesso" de ômega-6. Falei um pouco sobre isso em um dos últimos comentários desse texto:

      http://cienciadanutricao.blogspot.com.br/2016/09/a-dieta-ocidental-e-rica-em-gordura.html

      Então, mesmo que o "excesso" de ômega-6 não leve diretamente a problemas cardiovasculares, é bem possível que leve a outros problemas, como o câncer. Mas, mesmo nesse caso, não sabemos exatamente o mecanismo que explicaria o maior risco de câncer.

      Pode ser pela inflamação? Provavelmente não, por causa do que eu falei mais acima sobre ômega-6 e inflamação em seres humanos. Pode ser pelo aumento do estresse oxidativo, do qual a oxidação de moléculas de ômega-6 distribuídas pelas células do corpo participaria? É uma possibilidade.

      Pode não ter nada a ver com o ômega-6, mas sim com os óleos vegetais e os componentes potencialmente tóxicos que existem em sua composição -- como os resíduos de solventes orgânicos e os aldeídos oxidados, resultantes do processo intensivo de extração desses óleos? De forma alguma eu descartaria essa possibilidade.

      Mas a verdade é que o mecanismo em si não faz muita diferença. Se a análise dos ensaios clínicos mostra um maior risco de mortalidade total, e uma tendência de maior risco de mortalidade cardiovascular, com a incorporação de óleos vegetais na alimentação, isso já é suficiente para evitarmos o consumo desses produtos.

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  30. Primeiramente, o salmão de cativeiro não tem omega 3
    segundamente, a maioria come peixe FRITO O OMEGA 3 OXIDA E PREJUDICA.
    terceiramente, a maioria dos suplemento não vale nada porque não tem omega 3 de qualidade. tem gorduta saturada misturado

    CAIU A FICHA AGORA GALERA?

    Se alimente de frutos do mar pequenos e frescos ( pequeno porque cadeia alimentar evitra intoxicação ). ESSA É A SAÍDA


    Fonte DR. LAIR RIBERO

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    1. Olá.

      Os estudos citados no texto claramente mostram que o salmão de cativeiro contém ômega-3 em sua composição. E não só isso: em números absolutos, possui mais ômega-3 do que o salmão selvagem.

      Não adianta dizer que a sua fonte é o Lair Ribeiro. Na verdade, isso é ruim para quem defende ele como um comunicador em saúde. Porque esse é mais uma demonstração (como as histórias de pH sanguíneo e leite, por exemplo) de como o Lair Ribeiro transmite algumas informações equivocadas.

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  31. Vc conhece o exame Mineralograma?
    o que acha

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    1. Olá.

      Alguns dos minerais medidos em um mineralograma podem ser úteis para a compreensão do estado nutricional de um paciente. Mas a interpretação dos resultados depende do conhecimento de todo o contexto da pessoa, assim como requer um bom nível de conhecimento do profissional.

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  32. Ola. Nutrólogos e nutricionistas como Lair Ribeiro falam que devemos melhorar nossa alimentação e que ingerir glúten a longo prazo pode atrapalhar nosso processo de envelhecimento saudável.

    Recentemente as sociedades médicas falaram que não há com o que se preocupar, e que glúten não deve ser retirado devido a carência de fibras. Quais seriam os melhores alimentos para consumir, quando retiramos trigo? Fiz o teste: 2 meses sem trigo, centeio e cevada a melhora foi absurda. Obrigada João adoro seus posts.

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    1. Olá.

      Esse medo das instituições de saúde é porque muitas pessoas, que não têm o mínimo de orientação, substituem os alimentos que contêm glúten por versões sem glúten dos mesmos alimentos. Mas muitos desses produtos "gluten free" são feitos com farinhas refinadas de outros tipos, como amido de milho ou farinha de arroz.

      A substituição tem que ser feita por alimentos de verdade. Qualquer alimento de origem vegetal, não processado ou refinado, vai ter uma quantidade de fibras suficiente para garantir os benefícios desse nutriente.

      São praticamente infinitas as opções de hortaliças, raízes, tubérculos, oleaginosas, leguminosas e até outros cereais que podem ser consumidas.

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  33. João Gabriel Bom dia me ajude por favor?

    Meu nome é Claudia Gomes. Fui ao nutrólogo/alergista e ele me fez um exame "Prick Test" que é um teste cutâneo e deu positivo (++) para Camarão, porco e peixe. Minha dúvida é: qual peixe?

    Perguntei tudo isso a ele e ele não me respondeu direito, disse que deveria me afastar desses alimentos pois meu IGE estava 200 e provavelmente era por conta dessas alergias. Ele é do meu plano de saúde e me atendeu super rápido não consegui questionar muito, ele me passou uma lista de alimentos com as calorias ( não entendi pra que ) e na própria lista tinha camarão, entre outros "alimentos" que não deveriam entrar numa dieta saudável, como balas, barra de chocolate, quindim, pão branco e sorvete. Acredite se quiser....

    Minha pergunta é quanto a esse teste, será que confio ou mediante esse atendimento deveria descartar?

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    1. Olá, Claudia.

      O prick test cutâneo é para respostas alérgicas imediatas. Se você consome esses alimentos e não apresenta sinais e sintomas mais claros, logo após ingeri-los, é bem possível que o resultado positivo para esses alimentos tenha sido, na verdade, um falso-positivo.

      Os testes de alergia que temos disponíveis atualmente não possuem sensibilidade e especificidade tão altas. Isso significa que resultados do tipo falso-positivo, assim como falso-negativo, são relativamente comuns.

      Esse nível de IgE acima de 200 foi para algum alérgeno específico (por exemplo, IgE-camarão)? Ou foi para a concentração de IgE total no sangue?

      Se for o segundo caso, uma possibilidade que poderia explicar a elevada concentração de IgE total seria alergias a fatores ambientes, como pólen ou ácaros. Principalmente se, como eu mencionei acima, você já consumiu esses alimentos (camarão, porco e peixes) anteriormente e nunca manifestou sintomas imediatos.

      Sem sintomas, a princípio eu diria que esses alimentos provavelmente não são a causa dos níveis elevados de IgE. Eu recomendaria procurar um bom médico da área para descobrir o que está acontecendo e esclarecer a situação (até porque eu não sou especialista nessa área). Se o profissional que te atendeu não lhe deu a devida atenção, é possível que não esteja preparado o suficiente para te explicar o seu caso.

      Boa sorte.

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    2. Gratidão pela resposta!
      Respondendo sua pergunta: o exame que havia feito foi o IgE total sim, e de fato eu já havia sido diagnosticada com rinite alérgica há anos atrás, pode ser essa reação né?

      Sobre a reação imediata, eu lembro que ele comentou que não necessariamente. Eu poderia comer camarão por exemplo a vida toda e um belo dia eu ter uma crise alérgica e ir a óbito. Fiquei assustada e disse que nunca mais comeria aqueles alimento, e ele disse que era o melhor a fazer.

      Deu a entender que, era uma alergia ainda não manifestada, que qualquer dia meu organismo reagiria a essa substância....

      Boa noite!!

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    3. Só para complementar: se a alergia existe, ela já está manifesta. Alergia necessariamente significa sinais ou sintomas a um alérgeno.

      Como falei, não sou especialista na área. É possível que níveis elevados de IgE total, junto a resultados positivos para alguns alimentos no prick test cutâneo, signifiquem um potencial alérgico a tais alimentos lá na frente? Eu não descartaria essa possibilidade (porque não entendendo tão profundamente do assunto para afirmar com mais certeza)... Mas seria bom ter pelo menos mais um opinião nesse caso, de preferência de profissionais que realmente passem confiança.

      Até porque, como você mesma comentou, a concentração elevada de IgE total pode ser simplesmente um reflexo da sua rinite alérgica. Na minha opinião, essa é a possibilidade mais plausível.

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  34. Você conhece suplemento sulbutiamina?
    Pra que serve? quais os riscos?
    Meu psiquiatra passou

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    1. Olá.

      Praticamente não existem estudos clínicos com sulbutiamina, mas algumas evidências sugerem melhorias na fadiga.

      Parece que não existem muitos riscos, principalmente nas doses usadas na prática clínica. Mas isso deve ser visto com certa cautela, porque os estudos não são muitos (e talvez nunca sejam, porque a indústria farmacêutica não deve enxergar um grande potencial comercial).

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  35. Ola Joao Gabriel,muito bom seus textos,gostaria de saber sua opiniao sobre a agua e seu Ph,qual a melhor agua pra beber? obrigado

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  36. Olá.

    Resumindo: não existem evidências de que o pH da água é capaz de influenciar a saúde humana. E possível que influencie? Sim, mas não podemos afirmar quase nada se não existem estudos.

    Além disso, já foi visto que dietas potencialmente "acidificantes" a princípio não levam aos problemas de saúde supostamente causados por elas. Então qualquer influência que alimentação, incluindo a ingestão de água, poderia ter sobre o pH dos fluidos corporais talvez não seja algo muito relevante.

    Falei sobre esses assuntos nos textos abaixo. Inclusive, acabei respondendo várias perguntas relacionadas a isso na seção de comentários desses textos. Você pode conferir por conta própria:

    http://bit.ly/2smRH43

    http://bit.ly/2rUwkud

    http://bit.ly/2sejeFn

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  37. Boa tarde, O Victor Sorrentino disse que praticamente não tem salmão no Brasil... o que é vendido aqui é truta salmonada, com corante e aditivos prejudiciais... omega 3 tem que suplementar, ou comer de outras fontes.

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    1. Olá.

      Seria bom saber a fonte dessas informações. Se realmente houver fontes confiáveis que afirmam isso, é possível abrir uma discussão sobre o assunto. Enquanto não tiver, temos que acreditar que salmão é salmão.

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  38. Pq a batata frita é mundialmente conhecida como alimento ruim?
    sendo que até um bife é frito diariamente em casas de família e ninguém critica ele....

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    1. Olá.

      O "fritar" que a maioria das pessoas faz com as carnes é, na verdade, o processo de grelhar. As diferenças são duas: a quantidade de óleo utilizada e o tempo de cocção. As duas coisas são inferiores no processo de grelhar quando comparado ao fritar.

      A batata frita (e outros alimentos fritos) sofrem de duas maneiras. A primeira é uma questão subjetiva: existe uma percepção geral de que as gorduras são prejudiciais à saúde. Assim, o simples fato de ser um alimento frito, e que por isso possui grande quantidade de gordura, já faz com que as pessoas achem que a batata frita seja intrinsecamente ruim. Esse primeiro ponto é, antes de tudo, apenas uma percepção. O "excesso" de gordura por si só não necessariamente é prejudicial.

      O grande problema da batata frita existe por causa do processo de fritura. Os óleos refinados utilizados na fritura são prejudiciais. Além de já possuírem resíduos químicos (por causa do processo de extração industrial), eles ainda são danificados e formam compostos potencialmente tóxicos. Portanto, a batata que é exposta a esses óleos, durante a fritura, se torna um alimento com grande chance de ser prejudicial.

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    2. Ainda não entendi, porque se for pelo óleos, aqui em casa mesmo minha mãe usa óleo vegetal refinado .. mas na batata frita ela fala que faz mal.. pra cozinhar o resto coisa já não faz. Hipocrisia... a batata que é algo natural vinda da terra sofre preconceito, quando na verdade é o óleo usado livremente em outros alimentos

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    3. Não é hipocrisia. As pessoas em geral não sabem que óleos vegetais refinados são potencialmente prejudiciais. Na verdade, elas até acham que eles são mais saudáveis do que outras opções, devido há anos de recomendações incorretas nesse sentido.

      Ao mesmo tempo, ela deve achar que batata frita faz mal justamente pelo que eu expliquei acima: é um alimento rico em gordura. Independentemente do tipo de gordura, o conhecimento popular diz que "gordura faz mal". Se a gordura estiver em "excesso", como no caso da batata frita, pior ainda.

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  39. Boa noite
    Como salmão com uma certa freqûencia. 1 a 2 vezes por semana, acho que pra um brasileiro estou na média alta.

    Tenho acne grau 1, resistente a tratamento. Buscando alternativas ao uso de antibióticos( uma vez que já tomei, resolvia por uns dias, e logo voltava ) acabei encontrando entrevistas de nutricionistas dizendo que Omega 3 ajudaria, bem como probióticos e uma alimentação com índice glicemico melhor.

    O probiótico já comprei o Simbioflora, gostaria de saber uma boa marca de OMEGA 3 ( rico em EPA ) já que na minha opinião essa quantidade de salmão que como não está resolvendo o problema.

    Aproveitando a oportunidade, gostaria de saber se há algum exame que mede direta ou indiretamente os níveis de EPA e DHA no organismo.

    Obrigado! Alberto Gomes

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    1. Olá, Alberto.

      A orientação de que ômega-3 é eficaz no tratamento de acne não é baseada em evidências científicas. Não estou dizendo que não pode ajudar, mas não há estudos para podermos afirmar que existem benefícios.

      Além disso, se você consome salmão 1 ou 2 vezes por semana, essa quantidade teoricamente é mais do que suficiente para que os efeitos positivos do ômega-3 apareçam. Se o seu problema persiste, as chances de algum suplemento de ômega-3 ajudar é muito (muito) pequena. Se mesmo assim você quiser tentar, qualquer uma das marcas citadas no texto a princípio são de qualidade.

      Podem até existir, mas não conheço exames realizados por laboratórios comuns para se medir os níveis de EPA e DHA no organismo.

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  40. Boa noite, pode me ajudar por favor?
    Me prescreveram Metilcobalamina 1mg sublingual (uma nutricionista esportiva, preventiva )

    Só que acabei passando na ginecologista e me pediu tudo que eu havia tomado, e disse que essa dose é superfisiológica , e que era um absurdo porque não era vitamina b12, era uma forma mais forte de vitamina que ela até olhou no google e me mostrou, e precisa ser absorvida sendo engolida não pela mucosa.

    Mandei manipular o outro frasco e não sei o que faço. Pode dar um palpite no meu caso? 1mg é tanto assim? sublingual é absorvida?
    quais os riscos da Vitamina B12 na forma de Metilcobalamina?

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    1. Olá.

      A metilcobalamina é sim vitamina B12. Inclusive, é uma das formas que circulam pelo corpo. Até por isso, a metilcobalamina por si só não é problemática.

      Mas aí entra a questão da dose. A vitamina B12 é um nutriente, entre outros, que não possui uma dose "máxima" estabelecida. Porque, na época em que as principais recomendações foram estabelecidas, não havia estudos suficientes para determinar esse valor.

      A quantidade "ideal" a ser ingerida é aproximadamente 400 vezes menor (2,4 ug) que essa dose de 1 mg. Como não sabemos qual seria o limite superior que o corpo tolera, é sempre bom trabalharmos com precaução. Por esse motivo, é possível que, pelo menos para algumas pessoas, 1 mg seja uma dose elevada.

      Mas não tem como saber de antemão. Alguns estudos, com participantes que apresentam deficiência relativa de vitamina B12, já usaram doses de 1 mg (e até mais) sem mostrar efeitos adversos. Isso por um lado é bom, mas ainda assim não é uma garantia de que algumas pessoas não poderiam vir a ter problemas, já que é uma dose de B12 bem superior às nossas necessidades básicas.

      A questão de ser sublingual não é um problema. Vários estudos que comparam diferentes vias de administração já mostraram que essas diferentes formas de vitamina B12 produzem efeitos semelhantes. Ou seja, a vitamina B12 não precisa ser administrada por via oral para ser absorvida (pelo intestino).

      A minha sugestão seria conversar melhor com as duas profissionais. Principalmente com a sua nutricionista, para saber o motivo exato da suplementação e se existe evidências de que essa suplementação, nessa dose, é realmente eficaz para o objetivo em mente.

      Se não for essencial ou não houver evidências concretas, eu diria que seria mais prudente trabalhar com uma dose menor. Talvez até 0,4 ou 0,5 mg, mas pode ser numa quantidade menor também. Esse limite que estou sugerindo já foi usado muito mais vezes em estudos, e por isso a princípio são quantidades mais seguras.

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    2. Muitíssima obrigada! Nem sei como te agradecer, me ajudou muito.
      Na verdade me queixei de muitos sintomas, déficit de memória, cansaço e muita sonolência, talvez por isso ela se baseou nessa necessidade de B12. Já mandei mensagem pra minha nutricionista e ela me respondendo dizendo que essa dosagem seria indicada pelo meu exame de sangue ( Vitamina B12 = 420 ) segundo ela, deveria estar pelo menos 600. Além disso, ela explicou que de fato essa dosagem é alta, mas ela não está usando como nutracêutico, e que isso seria uma dosagem de ataca. Após 3 mêses ela reajustaria a dosagem... Enfim, acho que ela está agindo certo né?

      Poderia listar alguns fatores de risco para caso esteja excessiva a B12 para eu possa ficar em alerta?

      Obrigada mais uma vez!

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    3. Acredito que é válida a abordagem da sua nutricionista.

      No curto prazo, praticamente não existem efeitos adversos da suplementação de vitamina B12. Reações alérgicas ou imunológicas podem acontecer, mas são bem raras.

      O principal problema da suplementação com doses elevadas seria no longo prazo. E não porque conhecemos os possíveis efeitos adversos, mas porque não existem dados sobre eles. Como falei, seria uma questão de precaução mesmo.

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  41. Infelizmente, a criação de salmões em cativeiro tem trazido malefícios ao meio-ambiente, como vemos nesta matéria: http://g1.globo.com/economia/agronegocios/noticia/2015/05/veja-como-e-feita-engorda-do-salmao-e-o-impacto-da-criacao.html

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    1. Olá.

      Infelizmente. Mas vale lembrar que a produção do óleo de peixe também depende, entre outras fontes, dos salmões de cativeiro.

      Considerando que a biodisponibilidade do ômega-3 é maior no salmão do que nos suplementos, podemos fazer o seguinte raciocínio: menos animais são necessários para que as pessoas consumam quantidades adequadas desse nutriente. Com menos animais, a princípio menor seria a degradação ambiental.

      E não podemos esquecer que os problemas ao meio-ambiente não vêm só da produção do salmão de cativeiro, mas também de várias outras criações animais e cultivos vegetais. Devemos olhar para todos os lados. Até porque isso é algo mais importante do que falar sobre ômega-3.

      Obrigado por levantar essa questão por aqui.

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  42. Já ouviu falar em dieta cetogenica pra ajudar no câncer? falaram que ele ta comendo salmão nessa dieta

    http://www.purepeople.com.br/noticia/marcelo-rezende-com-cancer-inicia-dieta-sem-carboidratos-apos-desistir-de-quimioterapia_a180634/1

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    Respostas
    1. Olá.

      Recentemente falei sobre o uso de dietas cetogênicas no tratamento de câncer na seção de comentários desse texto:

      http://bit.ly/2rUwkud

      Você pode usar o Ctrl+F (Cmd+F, no Mac) e buscar pela palavra "cetogênica" para encontrar com mais facilidade.

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  43. Obrigado pelo texto, João Gabriel. Venho há tempos procurando estudar mais a fundo temas relacionados à nutrição. Creio que encontrei aqui um ponto de partida confiável.

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  44. Esquentar o salmão perde omega 3?
    Obrigado

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    1. Olá.

      Parte do ômega-3, assim como de qualquer gordura poli-insaturada, pode se modificar com o calor. E isso pode significar um menor aproveitamento pelo corpo.

      Mas, no geral, a influência do calor parece ser pequena. Porque o salmão consumido nos estudos geralmente passa por processos de cocção, e mesmo assim seu consumo leva a aumentos consideráveis nos níveis corporais de ômega-3. Se o calor fosse um problema, isso não aconteceria.

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  45. Se vc tivesse uma fração de ejeção de 49%
    Usaria coenzima q10?

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    1. Olá.

      É bem possível que eu aumentasse a ingestão de coenzima Q10. Não necessariamente por suplementos, porque também existem alimentos ricos nessa substância.

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  46. Se o omega 3 é uma gordura, ele também pode ser usado como fonte de energia? como acido graxos para formar acetil coa?

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    1. Olá. Sim, exatamente por serem gorduras, os ácidos graxos ômega-3 podem ser usados como fonte de energia pelo corpo.

      E o mecanismo é esse mesmo, assim como para outros ácidos graxos: formação de acetil-CoA, direcionado para reações de óxido-redução no ciclo de Krebs e na cadeia de transporte de elétrons. A diferença, em relação aos principais ácidos graxos usados como fonte de energia, é que as gorduras do tipo ômega-3 precisam perder as duplas-ligações antes de passarem pela beta-oxidação e gerarem moléculas de acetil-CoA.

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  47. O colesterol é um lipídio, e os trigliceridios, também são?
    Estava estudando isso mais cedo, e os TGC são estrutura de estoque de energia, então é certo dizer que os niveis de TGC estão inversamente associados ao nivel de glicemia?

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    1. Olá.

      Sim, o colesterol é um lipídeo, assim como os triglicerídeos também são lipídeos. Ambas são estruturas hidrofóbicas.

      Os triglicerídeos são compostos por três moléculas de ácidos graxos (por isso o "tri") e uma molécula de glicerol. A parte realmente importante de estoque de energia são os ácidos graxos, que são convertidos em acetil-CoA e depois podem ser usados para a produção de energia nas células.

      Mas as concentrações de triglicerídeos e glicose no sangue não funcionam em proporcionalidade inversa. Vou dar alguns exemplos:

      1) Quando ingerimos uma refeição com carboidratos, tanto os níveis de glicose e como os níveis de triglicerídeos aumentam no sangue. Porque essas duas estruturas sinalizam e fornecem energia para o corpo. Então faz sentido que as duas aumentem quando substratos energéticos são ingeridos.

      2) Quando uma pessoa apresenta resistência à insulina, síndrome metabólica ou diabetes tipo 2, os níveis de triglicerídeos e glicose encontram-se aumentados simultaneamente. Os dois representam um “excesso energético” no corpo.

      3) Se as concentrações fossem inversamente proporcionais, intervenções que reduzem triglicerídeos levariam a um aumento na glicemia, e vice-versa. Mas não é isso que acontece; normalmente as duas coisas aumentam ou diminuem juntas.

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  48. Faz sentido uma pessoa falar que leite faz mal
    e ela mesma comer queijo meia cura ou mussarela de búfala?
    Sigo meu nutricionista no instagram e hoje ele postou esses queijos mas não deixa eu comer

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    1. Olá.

      Pode fazer sentido sim. Depende de como avaliamos a situação.

      Por exemplo, laticínios fermentados, curados, maturados etc. muitas vezes são considerados como exceções, mesmo por pessoas que acreditam que leite e derivados em geral fazem mal. Por quê? Porque esses processos modificam os laticínios e seus nutrientes; as proteínas, por exemplo, normalmente se tornam mais facilmente digeríveis.

      Além disso, a mussarela de búfala, como o nome diz, é um alimento que vem de um animal diferente daquele que fornece a matéria-prima para a maioria dos laticínios que consumimos. Muita gente que considera os laticínios como alimentos prejudiciais são contra o leite de vaca (e talvez de alguns outros animais), mas não necessariamente contra o leite e os derivados de todas as espécies.

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    2. Bom dia, João. Já postei aqui outra vez, mas não lembro em qual post.
      Sou bem magro, tenho 58 quilos e 1 metro e 80cm, malho desde 2014 e nos últimos meses venho treinado com mais frequência e depois da sua ideia aumentei meu consumo de carboidrato, porém minha circunferência abdominal vem aumentando, e minha massa muscular não se beneficia tanto, como não tenho personal ás vezes acho que eu treino pouco, fico no máximo 1h na academia, mas faço a ficha toda, e vou embora não enrolo. Será que tem algo na dieta errado? Como posso reverter esse acúmulo de gordura na barriga, sendo que exercício aeróbico é complicado fazer mais de 2x por semana porque eu amregreço muito, na semana que faço 3x por semana por exemplo, já teve vez de eu perdeu 1,5 quilo, sem mudar nada na dieta. Já fiz exames e não tenho hipertireoidismo. Não sei o que fazer para engordar através de massa magra. Durmo bem, como bem(até bastante carboidrato), e treino (moderadamente) e ainda assim devo ter uns 25cm de braço ( sem forçar )

      Teria como me ajudar por ai? dificil né kkk meu destino é ser magrelo mesmo, tenso.

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    3. Olá.

      Não posso falar muita coisa, porque eu precisaria conhecer o seu caso para poder te ajudar de maneira mais específica e direcionada. E para isso seria necessária uma consulta presencial.

      O que eu posso te dizer é que, se você aumentou a ingestão de carboidratos e isso levou ao ganho de gordura na parte abdominal, reduza esse nutriente e veja o que acontece. Você pode até voltar à sua alimentação anterior. É bem possível que isso por si só já faça com que você volte a seu estado "normal" em relação à parte abdominal.

      Além disso, se você relata ter aumentado o consumo de carboidratos (e, consequentemente, também de calorias) e não apresentou ganho de massa muscular, mas apresentou acúmulo de gordura, provavelmente não é a sua alimentação que precisa ser modificada. É mais provável que o seu treino precise ser praticado com mais intensidade. Com intensidade máxima, de preferência; quanto mais dificuldade uma pessoa tem de ganhar massa magra, mais intenso deve ser o treino.

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    4. O meu exame de creatinofosfoquinase está 400. Pode aumentar mais de boa?

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    5. Provavelmente sim. Mas talvez nem aumente, porque existe um limite para o aumento de creatina fosfoquinase (CPK) no sangue. De qualquer maneira, valores elevados de CPK são normais em pessoas que praticam atividades físicas de alta intensidade.

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  49. Boa noite.
    Meu marido tem um colesterol total de 240. O médico ortomolecular retirou-lhe a estatina ( liptor ) e prescreveu-lhe Hexanicotinato de Inositol no café da manhã, diariamente "ad infinitum", exceto a outra fórmula com ácido pantotênico.

    Gostaria da sua opinião nutricional, já que se trata de uma forma de uma vitamina, quais seriam os efeitos a longo prazo, toxicidade etc.
    Grata, Maria Angélia Abdalla.

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    1. Olá, Maria.

      Pelo visto, a prescrição do nicotinato de inositol foi feita como medida para reduzir o colesterol. E, nesse caso, a redução do colesterol teria como objetivo diminuir o risco de complicações cardiovasculares futuras.

      Desconheço estudos que testaram o efeito dessa substância sobre o colesterol sanguíneo. Mesmo que tais estudos existam, e mesmo que sejam estudos em número e qualidade suficientes, o que deve ser levado em consideração é o seguinte: independentemente do efeito que o nicotinato de inositol tenha sobre os níveis de colesterol, o importante é saber como essa substância afeta o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Não o efeito sobre um marcador (colesterol sanguíneo), mas sim sobre um desfecho real (infarto ou derrame, por exemplo).

      E o que eu posso te dizer é que nunca foram realizados estudos testando diretamente o efeito do nicotinato de inositol sobre o risco cardiovascular. Sem estudos, não tem como saber se a suplementação seria eficaz em prevenir qualquer complicação cardiovascular futura.

      Digamos que o nicotinato de inositol seja capaz de reduzir o colesterol total e o colesterol LDL, ou até mesmo de aumentar o colesterol HDL. Mesmo nesse caso, não seria correto presumir que alterações em simples marcadores realmente vão se traduzir em resultados clinicamente importantes. O mais importante é sempre saber como medicamentos e suplementos afetam o risco de desenvolver as doenças propriamente ditas (infarto ou derrame, por exemplo), e não somente como eles afetam simples marcadores (colesterol sanguíneo, por exemplo). Sem estudos para isso, não sabemos exatamente o efeito do nicotinato de inositol.

      E digo isso porque o que não faltam são exemplos de medicamentos que reduzem o colesterol total e o colesterol LDL, mas que não diminuem o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares. Na verdade, a única droga que já foi realmente testada e mostrada como eficaz em reduzir o risco cardiovascular propriamente dito é a estatina. Todas os outros medicamentos similares, inclusive aqueles que aumentam o colesterol HDL além de diminuir colesterol LDL, falharam em produzir efeitos positivos até hoje.

      Isso não quer dizer que sou a favor do uso de estatinas, porque não sou a favor na maioria dos casos. Mas fiz todas essas observações para vocês terem uma noção melhor de como esse tipo de situação não é simples. As pessoas pensam que qualquer coisa que reduz o colesterol, principalmente o colesterol LDL, necessariamente significa que reduz o risco cardiovascular. Mas a verdade é que essa é a exceção (estatinas), não a regra.

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  50. Bom dia, neste vídeo, no minuto: 47:54 ele afirma que tem falsificação desse adoçante, isso é possível? Meu pai é diabético e foi recomendado usar apenas aspartame, faz 1 ano que ele usa estévia e agora soube disso...

    https://drive.google.com/file/d/0BydKxqtxHL7ULUkyaWZzVUw4OEU/view

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    Respostas
    1. Olá.

      Esse é o tipo de informação que, se a internet não tiver a resposta, provavelmente não saberemos a resposta.

      A minha sugestão, no caso de preocupação, é eliminar o uso de adoçantes em geral, sejam eles artificiais ou naturais. Além de ser algo totalmente possível, certamente não vai comprometer a saúde (e pode até melhorar).

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  51. Boa tarde
    Comprei um filtro de água Lorenzetti que garante retirar o excesso de cloro, odores, além de incluir sais minerais como cálcio e potássio.
    Lendo o livrinho que vem dentro, vi os processos de filtragem mas não achei a quantidade real que é acrescentada de potássio por exemplo, quais os riscos de beber água demais e me causar um problema? Além disso pergunto, o fato de ter carvão ativado com prata coloidal, pode ser benéfico na retirada de metais prejudiciais e micro-organismos?

    Muito obrigada!

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    Respostas
    1. Olá.

      Não tenho muito conhecimento sobre o processo de filtração desses equipamentos. Não sei nem se as alegações que eles afirmam, tanto sobre a filtragem como sobre os supostos benefícios da filtragem, possuem um verdadeiro embasamento.

      O que eu posso dizer é que provavelmente não há nada com que se preocupar. A chance de haver efeitos adversos a partir do consumo dessas águas deve ser virtualmente zero.

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  52. Só consigo ver os resumos dos estudos sobre a diferença de biodisponibilidade entre suplementos e salmão.

    Então fiquei com a dúvida se os suplementos foram administrados com alimento, ou somente os suplementos.

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    1. Olá.

      No estudo de Visioli, houve orientação para consumir os suplementos junto com as refeições principais. No estudo de Elvevoll, essa informação não foi especificada.

      Seguem dois links para baixar os estudos na íntegra. Se preferir, pode entrar em contato comigo que eu posso te passar os artigos.

      http://bit.ly/2u0pJ3o

      http://bit.ly/2uV0HQm

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  53. Como alguns dizem, nada como o tempo na ciência...

    http://www.medscape.com/viewarticle/883743?src=soc_fb_170809_mscpedt_news_mdscp_mdscp_ketone

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  54. Excelente post! Obrigado por gastar seu tempo em fazer essas pesquisa e nos trazer tudo mastigado! Gratidão
    Aproveito para perguntar, uma pessoa magra, que quer ganhar peso, acha errado comer só ovos pela manhã? Não encontro boas fontes de carboidrato para comer na correria da manhã. Acabo deixando para comer mais carboidrato no almoço e na tarde. Será que isso prejudica o metabolismo?

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    1. Olá.

      Não é "errado" comer apenas ovos pela manhã. Se, ao longo do resto do dia, o seu consumo de carboidratos, proteínas e calorias (principalmente os dois últimos) estiver suficiente para o seu objetivo, o ganho de peso provavelmente vai acontecer.

      Mas vale sempre lembrar: tão ou até mais importante do que a alimentação é a prática de exercícios que contribuem para o ganho de massa muscular, caso o objetivo não seja o ganho de peso na forma de gordura corporal.

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  55. Boa noite!
    Muito bom o seu blog.
    Li algumas matérias indicando que o nível elevado de ômega 3 estaria associado ao aumento da probabilidade de câncer de próstata.
    Teria alguma fundamentação?

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    Respostas
    1. Olá.

      Com os estudos que temos até o momento, podemos dizer que essa associação entre ingestão de ômega-3 e risco aumentado de câncer de próstata não existe. Essa ideia surgiu a partir de uma observação incorreta do que a literatura científica como um todo realmente mostra sobre o assunto (e não apenas os resultados de um ou outro estudo).

      Aqui está o resumo de um trabalho científico que juntou todos os estudos, até 2015, que avaliaram a relação entre consumo de ômega-3 e risco de câncer de próstata:

      https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/25826711

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  56. Boa tarde.
    Toda vez que como beterraba minhas fezes saem vermelhas. Estou preocupada porque comi na terça e até hoje está saindo bem vermelho, pode ser sangue? É normal sair vermelho ou eu não estou metabolizando a beterraba?

    Obrigada

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    Respostas
    1. Olá.

      É relativamente comum a cor das fezes se alterar com o consumo de beterraba, principalmente se for em grande quantidade. Mas quando isso acontece costuma durar poucos dias.

      No seu caso, como a alteração está presente há um bom tempo (caso ainda esteja acontecendo), é possível que seja outro problema, como a presença de sangue. Se persistir, é bom investigar mais afundo.

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  57. "...No Brasil, a maior parte do salmão comercializado é de cativeiro. O salmão de cativeiro possui maior quantidade de gordura total, e valores absolutos superiores de ômega-3, do que o salmão selvagem...."

    Não seria valores absolutos menores do que os selvagens?

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    1. Olá.

      Não, são valores absolutos mesmo. Por exemplo, se uma quantidade de 100 g de salmão selvagem tiver 10 g de gordura total e 1,0 g de ômega-3, o salmão de cativeiro vai ter 16 g de gordura total e 1,3 g de ômega-3 (esse valores são fictícios).

      Eu usei o termo "absolutos" para enfatizar que a quantidade total de ômega-3 é maior no salmão de cativeiro, enquanto que a quantidade proporcional de ômega-3, em relação ao total de gordura, costuma ser maior no salmão selvagem. Usando o mesmo exemplo acima: 10% das gorduras do salmão selvagem seriam do tipo ômega-3, contra 8% do salmão de cativeiro.

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  58. João Gabriel, boa noite!

    Estou tomando ciprofibrato para diminuir meu triglicérides. Chegou a 240. Sempre é assim, reduz e aumenta com a retirada do ciprofibrato. Pode ser algo ligado a uma herança genética?

    O uso de ômega 3 pode ajudar nesta redução do triglicérides?

    Quais outros alimentos podem me ajudar a reduzir o triglicerídeos?

    Farinhas como aveia, farinha de maracuja, de farinha de banana verde podem reduzir o triglicérides?

    Meu colesterol né normal, levemente alto.
    Minha glicemia normal. Todos os outros exames normais. Entende-se como síndrome metabólica, mesmo com outros índices normais?
    Tenho tomado ômega 3 com índice de DHA maior da vitafort, pois um ortomolecular me disse que seria bom para o cérebro e para memória. Verdade?

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    1. Olá, André.

      Pode existir um componente genético sim, mas é bem provável que o seu estado metabólico esteja, de alguma forma, cronicamente desregulado. É importante lembrar que a questão não é reduzir os triglicerídeos só por reduzir. Porque os triglicerídeos aumentados não são um problema por si só; eles são apenas indicadores de como o corpo está lidando com a energia e com outros componentes que circulam e sinalizam pelo corpo.

      Assim como os fibratos, o ômega-3 também pode ajudar na diminuição dos níveis sanguíneos de triglicerídeos. Mas, nos dois casos, você está combatendo o "sintoma" do problema, não a causa. De forma semelhante, as farinhas citadas também podem ajudar na redução dos triglicerídeos. A vantagem delas é que, além de modularem os triglicerídeos num nível mais "superficial", assim como os fibratos e o ômega-3, elas também trabalham em mecanismos um pouco mais "profundos": de certa forma ajudam, um pouco, na redução dos triglicerídeos a partir da causa do problema (ou seja, melhorando eventuais disfunções metabólicas presentes no organismo).

      Mas a grande questão é estado metabólico como um todo. Especificamente no seu caso, a partir do que você relata, é possível sim que você apresente um princípio de síndrome metabólica (ou resistência à insulina), mesmo sem outras alterações aparentemente significativas em outros marcadores. Tecnicamente falando, a princípio não seria um diagnóstico fechado de síndrome metabólica; mas isso é o de menos, porque o mais importante é saber se existe alguma disfunção metabólica ou não (o nome que damos ao quadro é secundário). Não posso ser muito específico nesse ponto porque não tenho acesso a outros detalhes sobre o seu caso.

      Devido à aparente normalidade que você relata em outros marcadores, aumento um pouco a chance dos seus níveis elevados de triglicerídeos serem explicados por componentes genéticos. Se esse for o caso, é bem provável que ter triglicerídeos um pouco mais elevados não seria um problema para você. Por outro lado, dificilmente fatores genéticos seriam capazes de levar, sozinhos, a níveis de triglicerídeos de 240 mg/dL. Por isso ainda acho que alterações no seu estado metabólico são, no mínimo, parte da explicação.

      Como eu costumo ressaltar, o emagrecimento é sempre a parte mais importante. Especialmente a redução da gordura abdominal. O acúmulo de gordura corporal nessa região é um dos principais indicativos, senão o principal, de que o estado metabólico de uma pessoa não está 100%. Em algumas pessoas isso não necessariamente é acompanhado de um aumento tão significativo nos triglicerídeos ou da alteração de outros marcadores, mas em outras pessoas é.

      Em relação à saúde cerebral e cognitiva, existem sim algumas evidências de que o ômega-3 pode contribuir nesse sentido. Mas a importância desses ácidos graxos é muito maior no desenvolvimento das crianças até a fase adulta; muita gente extrapola esse fato e afirma que o ômega-3 possui a mesma relevância para os adultos. Eles são sim importantes, mas sabemos muito pouco sobre o verdadeiro papel do ômega-3 na saúde neurológica e cognitiva para afirmarmos muita coisa. A chance de trazer problemas é muito baixar, então a suplementação dificilmente vai ser prejudicial.

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  59. Obrigado. Me foi muito útil essa sugestão.
    Continuarei tomando até terminar a capsula, depois me atendo a incluir mais salmão em minha dieta.
    Abç

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  60. Olá. Acabei de conhecer o blog e estou gostando bastante. Consumo 1kg de sardinha por semana, acredito que esteja bem suprido de ômega 3

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  61. Oi João
    Consumo salmão 2x por semana , mas é nítida a diferença nos meus exames e nas melhora que eu tenho quando suplemento óleo de peixe.
    Não acredito que de fato o peixe que nós consumimos tenha essa quantidade referida de Omega 3.

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  62. Oi João, interessante essa questão do salmão de cativeiro ter mais ômega 3 que o salmão selvagem, sempre ouvi que era o contrário, inclusive que quando criado em cativeiro o salmão nem tinha ômega 3, lendas urbanas rs

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    1. Pois é, Bruno.

      É o que sabemos sobre a questão de concentração de ômega-3 em salmão de cativeiro. Pode ser que esse cenário seja diferente dependendo de qual lugar do mundo estamos falando, e de como a criação do salmão de cativeiro acontece em cada lugar? Sim, é claro. Mas, enquanto mais informações confiáveis não surgem, devemos estar sempre alertas ao que ouvimos sobre esse assunto.

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  63. Excelente texto!!!
    Onde eu encontro as referências desse texto?

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    1. Olá.

      As referências estão todas em links ao longo do texto. Mas vou colocá-las aqui embaixo na ordem em que aparecem no texto:

      https://onlinelibrary.wiley.com/doi/abs/10.1111/j.1467-3010.2011.01941.x
      https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/16323755
      http://www.dfo-mpo.gc.ca/Library/337789.pdf
      https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/17269556
      https://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/12848287

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